Caravana da Fraternidade

Caravana da Fraternidade
Francisco Spinelli

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Estudo de uma Doutrina



Acrescentemos que o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado. Não sabemos como dar esses qualificativos aos que julgam a priori, levianamente, sem tudo ter visto; que não imprimem a seus estudos a continuidade, aregularidade e o recolhimento indispensáveis. Ainda menos saberíamos dá-los a alguns que,para não decaírem da reputação de homens de espírito, se afadigam por achar um ladoburlesco nas coisas mais verdadeiras, ou tidas como tais por pessoas cujo saber, caráter e convicções lhes dão direito à consideração de quem quer que se preze de bem-educado.
Abstenham-se, portanto, os que entendem não serem dignos de sua atenção os fatos.

Ninguém pensa em lhes violentar a crença; concordem, pois, em respeitar a dos outros.

O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá. Será de admirar que muitas vezes não se obtenha nenhuma resposta sensata a questões de si mesmas graves,quando propostas ao acaso e à queima-roupa, em meio de uma aluvião de outras extravagantes? Demais, sucede freqüentemente que, por complexa, uma questão, para ser elucidada, exige a solução de outras preliminares ou complementares. Quem deseje tornar-se versado numa ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das idéias. Que adiantará aquele que,
ao acaso, dirigir a um sábio perguntas acerca de uma ciência cujas primeiras palavras ignore? Poderá o próprio sábio, por maior que seja a sua boa-vontade, dar-lhe resposta satisfatória? A resposta isolada, que der, será forçosamente incompleta e quase sempre por isso mesmo, ininteligível, ou parecerá absurda e contraditória. O mesmo ocorre em nossas relações com os Espíritos. Quem quiser com eles instruir-se tem que com eles fazer um curso; mas, exatamente como se procede entre nós deverá escolher seus professores e trabalhar com assiduidade.

Dissemos que os Espíritos superiores somente às sessões sérias acorrem, sobretudo às em que reina perfeita comunhão de pensamentos e de sentimentos para o bem. A
leviandade e as questões ociosas os afastam, como, entre os homens, afastam as pessoas criteriosas; o campo fica, então, livre à turba dos Espíritos mentirosos e frívolos, sempre à espreita de ocasiões propícias para zombarem de nós e se divertirem à nossa custa. Que é o que se dará com uma questão grave em reuniões de tal ordem? Será respondida; mas, por quem?

Acontece como se a um bando de levianos, que estejam a divertir-se, propusésseis estas questões: Que é a alma? Que é a morte? e outras tão recreativas quanto essas. Se quereis
respostas sisudas, haveis de comportar-vos com toda a sisudeza, na mais ampla acepção do termo, e de preencher todas as condições reclamadas. Só assim obtereis grandes coisas.

Sede, além do mais, laboriosos e perseverantes nos vossos estudos, sem o que os Espíritos superiores vos abandonarão, como faz um professor com os discípulos negligentes.
 
 
INTRODUÇÃO Livro dos Espíritos itemVIII

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O progresso


O mal já não é uma fatalidade inelutável de que não nos poderíamos libertar; ele aparece como um aguilhão, como uma necessidade destinada a compelir o homem para a estrada do progresso. Apesar dos sofismas dos retóricos, o progresso não é uma utopia. A existência do homem, na época quaternária, errante através das florestas ou vivendo nas cavernas, não é comparável à do mais miserável camponês de nossos modernos países.
À medida que penetramos no mecanismo da Natureza, vamos podendo utilizar-nos da Ciência para melhorar nossa situação física; foi o que sucedeu no correr das idades, pela transformação gradual das plantas, que são úteis à nossa alimentação, pelo saneamento das regiões insalubres, pela dragagem e regularização dos cursos d’água, que suprimem as inundações; assim, também, os flagelos naturais como a cólera, a peste, a difteria, a raiva, diminuem dia a dia de intensidade, graças aos imortais descobrimentos de Pasteur e seus discípulos. Temos o direito de esperar que, pelos progressos da ciência, a tuberculose e outras doenças epidêmicas, que dizimam, ainda, a Humanidade, não serão mais, daqui a alguns anos, que um mau sonho, dissipado pela luz da Ciência.
A Civilização dá ao homem uma segurança que seus precursores não conheciam; a agricultura e a indústria lhe têm proporcionado um bem-estar, que os antepassados nunca teriam ousado sonhar. As comunicações rápidas fizeram desaparecer as fomes periódicas, esse flagelo da Antigüidade e da Idade Média, assim como a higiene diminuiu as epidemias.
No ponto de vista moral, o progresso tem sido mais lento; a luta pela existência é ainda cruel, mas quem compararia o proletariado atual com a escravidão antiga? Se as guerras não parecem desaparecer, já não se arrancam as populações dos seus lares para serem vendidas em leilão, e os soberanos não gastam os seus ócios, como os da Assíria ou do Egito, furando os olhos dos prisioneiros ou elevando pirâmides com seus membros mutilados.
O sentimento da solidariedade afirma-se hoje pela multiplicação dos hospitais, pelas pensões aos velhos, pelo auxílio aos enfermos, pelas associações contra os riscos da doença e do desemprego.
Sente-se que um novo estado de coisas está em via de elaboração; se ainda se acha rudimentar e defeituoso em muitos pontos, é de crer que vá tomando vôo. A evolução para melhor surge como conseqüência da elevação intelectual da massa social, que a instrução, liberalmente distribuída, começa a fazer sair do seu torpor. Não se espera mais a felicidade por uma intervenção sobrenatural. Compreende-se que ela será o resultado do esforço coletivo. É preciso deixar aos amadores os paradoxos fáceis da negação do progresso, porque este aparece como a lei espiritual que rege o Universo inteiro.
Daí resulta que somos criadores de um determinismo ulterior, que será a conseqüência de nossas ações passadas; possuímos a possibilidade de modificar nossas existências futuras, no mais favorável sentido, conforme o grau de liberdade moral e intelectual, em relação com o ponto de evolução a que tenhamos chegado.

Gabriel Delanne
 A Reencarnação
Traduzido do Francês
Documents pour servir à l'étude de la réincarnation Paris, Vermet, 1885

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Fluidos / Perispírito


Fluidos / Perispírito


Há um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os corpos. Esse fluido é o éter ou matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e dos seres. O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma. Já vimos que também o corpo carnal tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm pois origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes.


A constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo já não se dá com o corpo carnal, que, como foi demonstrado, se forma dos mesmos elementos, qualquer que seja a superioridade ou a inferioridade do Espírito. Por isso, em todos, são os mesmos os efeitos que o corpo produz, semelhantes as necessidades, ao passo que diferem em tudo o que respeita ao perispírito.


Curas / Magnetismo 


Como se há visto, o fluido universal é o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples transformações dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo; o Espírito, encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância do seu envoltório fluídico. A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada; mas, depende também da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou Espírito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura são quais substâncias medicamentosas alteradas.


São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado, como no magnetismo ordinário; doutras vezes é rápida, como uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder, que operam curas instantâneas nalguns doentes, por meio apenas da imposição das mãos, ou, até, exclusivamente por ato da vontade. Entre os dois pólos extremos dessa faculdade, há infinitos matizes. Todas as curas desse gênero são variedades do magnetismo e só diferem pela intensidade e pela rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: o fluido, a desempenhar o papel de agente terapêutico e cujo efeito se acha subordinado à sua qualidade e a circunstâncias especiais.


A ação magnética pode produzir-se de muitas maneiras:


1º) Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobretudo, à qualidade do fluido;


2º) Pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito;


3º) Pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.


Do livro 'A Gênese' – Allan Kardec

Materialização de Espíritos


(Espírito materializado Katie King, junto ao cientista Sir William Crookes)
Fenômeno mediúnico de efeitos físicos

As ações desenvolvidas pelos efeitos dessa mediunidade afetam o ambiente material e, por isso, são denominados de efeitos físicos. Os fenômenos de efeitos físicos resultam da ação dos espíritos sobre os fluidos até chegar a produzir resultados perceptíveis no mundo material. Os efeitos dessa mediunidade são percebidos por qualquer pessoa que os possa presenciar.

O efeito físico é o resultado da combinação dos fluidos do espírito, do o ectoplasma do médium e os fluidos do ambiente. Com esses três elementos o espírito gera o fenômeno, o anima e controla pelo pensamento.

Fluidos

André Luiz, no livro Domínios da Mediunidade, afirma que o fluido é um material leve e plástico, necessário para a materialização. Podemos dividi-lo em três elementos essenciais: fluidos A, representando as forças superiores e sutis da esfera espiritual (são, geralmente, os mais puros); fluidos B, nascidos da atuação dos companheiros encarnados e, muito notadamente, do médium; e fluidos C, constituindo energias tomadas à Natureza terrestre (são os mais dóceis).

Os Espíritos agem sobre os fluidos, intencionalmente ou não, conforme o esclarecimento e a evolução.

As formações fluídicas são geradas pelo pensamento e dependem da capacidade de cada um ter mais ou menos potencialidade de criar formas através da manipulação de fluidos.

Podem aglomerar, dirigir, modificar e até combinar entre si para obter resultados ou conferir-lhes propriedades.

É assim que, no campo espiritual, as “coisas” são plasmadas (formadas).


Materialização (ou Ectoplasmia)

Fenômeno pelo qual os espíritos constroem algo material (objeto ou corpo) a partir da manipulação do ectoplasma, em combinação com os fluidos do ambiente e do espírito.

Para que o fenômeno de materialização de espíritos aconteça, é necessário a presença do médium de efeitos físicos e a presença de um componente especial denominado de ectoplasma.

Chama-se de médium de efeito físico aquele que tem a faculdade que permite ceder ectoplasma em quantidade suficiente para possibilitar aos espíritos o seu uso em combinação com outros fluidos (os do espírito e do ambiente), visando produzir ações e resultados sobre o mundo material.

O Ectoplasma

O ectoplasma é uma substância que se acredita que seja força nervosa e tem propriedades de interagir com o mundo físico. É um elemento amorfo, mas de grande potência e vitalidade, servindo de alavanca para interagir os planos físicos e espiritual. Infinitamente plástico, dá forma parcial ou total às entidades que se fazem visíveis.

É uma substância delicadíssima, que se situa entre o perispírito e o corpo físico, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo, e é recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da Natureza.

Pode ser usado pelo ser humano para liberá-lo, produzindo vários fenômenos. É de difícil manipulação, exige treinamento e técnicas para que os espíritos possam se utilizar desse fluido.

O médium em transe fornece o ectoplasma necessário para o fenômeno. O ectoplasma flui para fora do corpo do médium pelos orifícios naturais do organismo humano. Os espíritos combinam este ectoplasma com os fluidos retirados do ambiente (plantas, animais etc) e moldam as formas e os corpos desejados.

No processo de materialização, o corpo físico do médium, prostrado, sob o domínio dos técnicos do plano espiritual, expele o ectoplasma, qual pasta flexível, à maneira de uma geléia viscosa e semiliquida, através de todos os poros e, com mais abundância, pelos orifícios naturais - particularmente da boca, das narinas e dos ouvidos - com elevada percentagem a exteriorizar-se igualmente do tórax e das extremidades dos dedos.

Durante o fenômeno o médium apresenta sensível perda de peso (matéria) e sensações de frio. É desgastante e requer muito cuidado para que a experiência não afete a saúde do médium. Deve ser realizado em um ambiente escuro (a luz afeta o ectoplasma) e tranquilo, e não deve-se tocar no médium durante o transe.

Ao final da manifestação o corpo ou objeto materializado se dissolve e os seus elementos retornam aos corpos de origem.

Sugestão de livros que tratam sobre ectoplasma e materialização:

  • Análise das Coisas - Paul Gibier
  • A alma é Imortal- Gabriel Delane
  • Mediunidade - J. Herculano Pires
  • Libertação - André Luiz / Chico Xavier
  • Pensamento e Vontade - Ernesto Bozzano
  • Parapsicologia Hoje e Amanhã - J. Herculano Pires
  • Curso Dinâmico de Espiritismo - J. Herculano Pires
  • Domínios da Mediunidade - André Luiz / Chico Xavier
  • Evolução em Dois Mundos - André Luiz / Chico Xavier
  • Espirito, Perispírito e Alma - Hernani Guimarães Andrade

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(Materialização de Meimei)

Uma noite sentimos um delicioso perfume. Intimamente, achei que era o mesmo que Meimei costumava usar. Surpreendi-me quando subitamente percebi que o corredor ia se iluminando aos poucos, como se alguém caminhasse por ele portando uma lanterna. Subitamente a luminosidade extinguiu-se. Momentos depois a sala iluminou-se novamente. No centro dela havia como que uma estátua luminescente. Um véu cobria-lhe o rosto. Ergueu ambos os braços, e elegantemente, etereamente, o retirou, passando as mãos pela cabeça, fazendo cair uma linda cascata de cabelos pretos até a cintura. Era Meimei. Olhou-me, cumprimentou-me e dirigiu-se até onde eu estava sentado. Sua roupagem era de um tecido leve e transparente. Estava linda e donairosa. Levantei-me para abraçá-la e senti bater o seu coração espiritual. Beijamo-nos fraternalmente e ela acariciou meu rosto e brincou com minhas orelhas, como não podia deixar de ser. Ao elogiar sua beleza, a fragrância que emanava, a elegância dos trajes e sua tênue feminilidade, disse-me: “Ora, Meu Meimei, aqui também nos preocupamos com nossa apresentação pessoal. A ajuda aos nossos semelhantes, o trabalho fraterno faze-nos mais belos, e afinal de contas, eu sou sua mulher. Preparei-me para você, seu moço. Não iria gostar de uma Meimei feia!”

Texto de Arnaldo Rocha (viúvo de Meimei)
Trecho do livro “Chico Xavier - Mandato de Amor” (União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992)

ECTOPLASMA



O ectoplasma, termo que surgiu nos meados do século XIX, após os fenômenos de Hydesville, é uma substância mais ou menos visível (quase transparente, com reflexos leitosos) que se exterioriza de certos médiuns.
Mas a substância em si já era conhecida muito possivelmente na Idade Média, pois Thomas Vaugham, no “Lumen de Lúmine”, faz uma descrição que parece referir-se ao ectoplasma. Diz ele:
Tendo apanhado um pouco desse licor para estudar que estranha substância era essa, reconheci que se desfazia como a neve. Quando a tinha nas mãos, não era água comum, mas uma espécie de óleo, cuja consistência viscosa, graxa, mineral, brilhante como a pérola, me pareceu transparente como o cristal. Examinando-a ainda, pareceu-me que tinha certa aparência espermática e, em verdade, era ainda mais obscena ao tato que à vista”.
Dizem os pesquisadores que é pesada, úmida, viscosa e fria e tem vida e movimentação própria, saindo e reentrando no corpo do médium, evoluindo, passeando, formando hastes móveis, como cobras, plasmando mãos, rostos, braços etc.
O engenheiro E. K. Muller, no dia 11 de novembro de 1931, conseguiu colocar algumas gotas de ectoplasma num vidro, tapado com rolha de vidro esmerilhado. Pareciam pequenas gotas de água. Essas gotas modificavam-se constantemente, movendo-se. O odor era ácido. Foi parafinado o invólucro, mas apesar disso a aparência da substância se modificava, tomando as mais diferentes formas. Ao microscópio, mostra uma rede de filamentos complicados, de cor escura, mas sem estabilidade, mesmo muitos anos após.
O Dr. Juliano Ochorovicz e o Prof. W. J. Crawford, de Belfast, chegaram a fotografar o ectoplasma sob forma de projeções flexíveis, saindo do corpo do médium pelas aberturas naturais, sobretudo dos órgãos genitais e boca. Pode alongar-se, levantar mesas, erguer objetos, funcionar como alavanca, bater etc.
Crawford descreve a substância como fios muito finos, provenientes do corpo do médium, praticamente invisíveis; fios frios e úmidos, desagradáveis ao toque. Considera a substância como “intimamente ligada ao sistema nervoso do organismo humano”.
O Dr. Scherenck Notzing diz que é uma “substância de emanações das energias vitais do corpo do médium, sendo capaz de fosforescência animal, como as propriedades fotogênicas de certos peixes”. Concorda com Crawford e com o Dr. Gustavo Geley.
O engenheiro Bourg de Bozas diz que o ectoplasma é uma irradiação de substância orgânica, condutora de sensibilidade nervosa. Sai e reentra no médium sob efeito de comoções nervosas ou sob efeito da luz; é uma “substância-energia, ora mole como a gelatina, ora rígida nas extremidades como o aço”. Diz mais: “sua penetração energética é mais poderosa que os raios X e os raios gamma do rádium”.
O Dr. Geley, na obra “Do Inconsciente ao Consciente”, chama a atenção sobre as sensações que repercutem no médium, quando o ectoplasma é tocado, podendo ser mesmo dolorosas: “Sai de todo o corpo do médium, mas especialmente dos orifícios naturais e das extremidades do corpo (do alto da cabeça e das pontas dos dedos), sendo mais frequente da boca (palato, gengivas e bochechas). A substância é extremamente sensível, confundindo-se suas sensibilidade com a do médium hiperestesiado. Parece ser altamente desconfiada, como um animal tímido, que só pode defender-se reentrando no corpo do médium. Evita todos os contatos, retraindo-se e reabsorvendo-se.
O ectoplasma pode assumir qualquer forma, mas permanece sempre ligado ao médium por fino fio semelhante ao cordão umbilical. Parece que se trata do próprio duplo etérico ou do corpo astral do médium, parcialmente exteriorizado.
Raoul de Montandon (“Formas Materializadas”, donde extraímos este resumo) escreve que o ectoplasma é o corpo etérico ou substractum da matéria organizada (pág. 286). Diz ele: “é energia vital materializada, já que, nas formas organizadas, o corpo etérico é o detentor da vida”.
No entanto, ponderamos que o “duplo” ou também chamado “corpo” etérico, que de perto vivifica o corpo físico denso, é representado no físico pelo elemento sanguíneo, como se lê desde o Deuteronômio: “o sangue é a vida dos seres animais” (Deut. 12:23).

Do livro “Técnica da Mediunidade” - Carlos Torres Pastorino
OBS.: O livro acima não é mais publicado, estando disponível para download no site 'Autores Espíritas Clássicos'.

Mensagem de Allan Kardec sobre Jan Huss


Mensagem de Allan Kardec sobre Jan Huss
(Paris, 17 de agosto de 1869) Revue Spirite

Analisando através das eras a história da Humanidade, o filósofo e o pensador logo reconhecem, na origem e no desenvolvimento das civilizações, uma gradação insensível e contínua. – De um conjunto homogêneo e bárbaro surge, em primeiro lugar, uma inteligência isolada, desconhecida e perseguida, mas que, não obstante, faz época e serve de baliza, de ponto de referência para o futuro. – A tribo, ou se quiserdes, a nação, o Universo avançam em idade e as balizas se multiplicam, semeando aqui e ali os princípios de verdade e de justiça que serão a partilha das gerações que chegam. Essas balizas esparsas são os precursores; eles semeiam uma idéia, desenvolvem-na durante sua vida terrena, vigiam-na e a protegem no estado de Espírito, e voltam periodicamente através dos séculos para trazerem seu concurso e sua atividade ao seu desenvolvimento.

Tal foi João Huss e tantos outros precursores da filosofia espírita.
Semearam, laboraram e fizeram a primeira colheita; depois voltaram para semear ainda, esperando que o futuro e a intervenção providencial viessem fecundar sua obra.
Feliz aquele que, do alto do espaço, pode contemplar as diversas etapas percorridas e os trabalhos realizados por amor à verdade e à justiça; o passado não lhe dá senão satisfação, e se suas tentativas foram incompletas e improdutivas no presente, se a perseguição e a ingratidão por vezes ainda vêm perturbar a sua  tranqüilidade, ele pressente as alegrias que lhe reserva o futuro.
Glória na Terra e nos espaços a todos os que consagraram a existência inteira ao desenvolvimento do espírito humano. Os séculos futuros os veneram e os mundos superiores lhes reservam a recompensa devida aos benfeitores da Humanidade.
João Huss encontrou no Espiritismo uma crença mais completa, mais satisfatória que suas doutrinas e o aceitou sem restrição. – Como ele, eu disse aos meus adversários e contraditores: “Fazei algo de melhor e me reunirei a vós.”
O progresso é a eterna lei dos mundos, mas jamais seremos ultrapassados por ele, porque, do mesmo modo que João Huss, sempre aceitaremos como nossos os princípios novos, lógicos e verdadeiros que cabe ao futuro nos revelar. 

Allan Kardec

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mensagem de Allan Kardec aos Espiritas.

 

O Exemplo é o mais poderoso agente de propagação

Revista Espírita, junho de 1869
(SOCIEDADE DE PARIS, SESSÃO DE 30 DE ABRIL DE 1869)
Venho esta noite, meus amigos, falar-vos por alguns instantes. Na ultima sessão não respondi; estava ocupado alhures. Nossos trabalhos como Espíritos são muito mais extensos do que podeis supor e os instrumentos de nossos pensamentos nem sempre estão disponíveis. Tenho ainda alguns conselhos a dar-vos sobre a marcha que deveis seguir perante o publico, com o fito de fazer progredir a obra a que devotei minha vida corporal, e cujo aperfeiçoamento acompanho na erraticidade.
O que vos aconselho antes de mais nada e sobretudo, e a tolerância, a afeição, a simpatia de uns para com os outros e também para com os incrédulos.
Quando vedes um cego na rua, vosso primeiro sentimento e a compaixão. Que assim seja também para os vossos irmãos cujos olhos estão fechados e velados pelas trevas da ignorância ou da incredulidade. Lamentai-os, em vez de os censurar. Por vossa doçura, mostrai vossa resignação para suportar os males desta vida, vossa humildade em meio as satisfações, vantagens e alegrias que Deus vos envia; mostrai que há em vos um principio superior, uma alma obediente a lei, a uma verdade também superior: o Espiritismo.
As brochuras, os jornais, os livros, as publicações de toda a espécie são meios poderosos de introduzir a luz por toda a parte, mas o mais seguro, o mais intimo e o mais accessível a todos e o exemplo da caridade, a doçura e o amor.
Agradeço a Sociedade por ajudar aos verdadeiros infortúnios que lhe são indicados. Eis o bom Espiritismo, eis a verdadeira fraternidade. Ser irmãos: e ter os mesmos interesses, os mesmos pensamentos, o mesmo coração!
Espíritas, sois todos irmãos na mais santa acepção do termo. Pedindo que vos ameis uns aos outros, limito-me a lembrar a divina palavra daquele que, há mil e oitocentos anos, pela primeira vez trouxe a Terra o germe da igualdade. Segui a sua lei: ela e a vossa. Nada mais fiz do que tornar mais palpáveis alguns de seus ensinamentos. Obscuro operário daquele mestre, daquele Espírito superior emanado da fonte de luz, refleti essa luz como o verme luzidio reflete a claridade de uma estrela. Mas a estrela brilha nos céus e o verme luzidio brilha na terra, nas trevas. Tal e a diferença.
Continuai as tradições que vos deixei ao partir.
Que o mais perfeito acordo, a maior simpatia, a mais sincera abnegação reinem no seio da Comissão. Espero que ela saiba cumprir com honra, fidelidade e consciência o mandato que lhe e confiado.
Ah ! quando todos os homens compreenderem tudo o que encerram as palavras amor e caridade, na Terra não haverá mais soldados nem inimigos; só haverá irmãos; não haverá mais olhares torvos e irritados; só haverá frontes inclinadas para Deus!
Ate logo, caros amigos, e ainda obrigado, em nome daquele que não esquece o copo d'água e o óbolo da viúva.
Allan Kardec
(Transcrito da Revista Espirita de 1869, publicada pela EDICEL, traducao de Julio Abreu Filho)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Em Busca da Qualidade no Trabalho do ESDE


Em Busca da Qualidade no Trabalho do ESDE
1. Conceito de Qualidade
Qualidade é a palavra de ordem que vigora, hoje, em todos os segmentos da sociedade, em virtude das mudanças profundas que estão ocorrendo nas relações entre as pessoas. Este fato é percebido em todos os ramos da atividade econômica, social, cultural, onde somente a Qualidade dos produtos e serviço oferecidos garante a sobrevivência das organizações e, sobretudo, abre novas portas para o sucesso e a sua perenidade.
Ao se definir qualidade é muito tentador aceitar uma concisa frase descritiva, para um conceito tão amplo. Não devemos cair em armadilhas. Desta forma, para deixarmos claro o conceito de qualidade, este será apresentado sob diversos aspectos.
Qualidade, no sentido mais atual, é a propriedade de um produto ou serviço satisfazer plenamente o cliente, ou seja, adequação de uso. A qualidade é um grau de satisfação do cliente. Temos então:
Uma posição subjetiva: para trabalhar com qualidade, a organização deve descobrir quais são as necessidades dos clientes que ela atende, planejando as atividades de forma que isto seja obtido.
Por exemplo: A Casa Espírita irá estruturar o seu trabalho de estudo sistematizado da Doutrina Espírita, tendo como clientela os freqüentadores da Casa. A fim de identificar o melhor dia e horário, após um levantamento com os monitores, oferece algumas alternativas de dias e horários, para que sejam escolhidos pelos futuros alunos.
Uma posição objetiva: a qualidade tem que ser buscada na eliminação dos fatores que desagradam aos clientes, o que ela descobre através de observações e informações diretas dos clientes, como também buscando antecipar as necessidades que as pessoas têm ou virão a apresentar.
Segundo Kaoru Ishikawa (um líder mundial em Gestão da Qualidade), possui qualidade um produto que realmente satisfaz os clientes. Ao pensar-se agora, sob o ponto de vista do cliente, vê-se que este só se sentirá totalmente satisfeito se receber um produto “adequado ao uso”, sendo bem atendido, quer seja na hora que recebe o produto, quer seja depois, com informações e orientações, que venha a demandar.
Complementando os conceitos acima, podemos afirmar que Qualidade é:
  • o despertar de todos para o aperfeiçoamento e o crescimento;
  • a satisfação das pessoas representada pelo envolvimento de todos na busca de novas formas de pensar, agir e sentir;
  • mudança de atitudes e comportamentos das pessoas, através da educação e do treinamento;
  • uma filosofia de Gestão Participativa que direciona todas as ações da organização para o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes.
Ainda, tratando-se de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita não podemos esquecer o conceito de Educação que, conforme nos alerta Kardec na Questão 685 a de O Livro dos Espíritos: “(...) Há um elemento que não se costuma considerar, sem o qual a ciência econômica torna-se apenas uma teoria: é a educação. Não a educação intelectual, mas a educação moral; não ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar o caráter, que dá os hábitos: porque educação é o conjunto dos hábitos adquiridos (...). Quando essa arte for conhecida e praticada, o homem trará hábitos de ordem e de previdência para si e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos angustiado os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que uma educação bem conduzida pode curar; aí está o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, a garantia da segurança de todos”.
Esse é o conceito de educação com qualidade que o ESDE deve buscar.


Parte do Material usado no  Encontro Estadual de Coordenadores do ESDE.
Gilnei Teixeira


Os Precursores da Doutrina Espírita


Os fatos atinentes às revelações dos Espíritos ou fenômenos mediúnicos, remontam à mais recuada antiguidade, sendo tão velhos quanto nosso mundo;  e sempre ocorreram em todos os tempos e entre todos os povos.  A história, a este propósito, está pontilhada desses fenômenos de intercomunicação espiritual.
As evocações dos Espíritos não se situaram apenas entre os povos do Ocidente, ocorrendo com larga freqüência no Oriente, como se observa dos relatos do Código dos Vedas e do Código de Manu.  Esclarece-nos Louis Jacolliot que desde os tempos imemoriais, os padres iniciados nos mosteiros preparavam os faquires para a evocação dos mortos, com a obtenção dos mais notáveis fenômenos (Lê Spiritisme dans lê Monde).  O missionário Huc, refere-se a grande número de experiências de comunicações com os mortos registradas na China. Paulo, o apóstolo, em suas epístolas, reconhecia a prática dessas manifestações entre os cristãos primitivos ao recomendar: “Segui o amor e procurai com o zelo os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis”.  “Não apagueis o Espírito; não desprezais profecias;  julgai todas as coisas, retende o que é bom”.
O apóstolo João também se referia a manifestações espirituais, alertando-nos igualmente quanto à procedência dessas comunicações.
Na idade média, destaca-se a figura admirável de Joana D”Arc, grande médium, recusando-se renegar as vozes espirituais.
Numa época mais moderna é que podemos melhor situar a fase precursora do Espiritismo, a Terceira Revelação, conhecida como O Consolador Prometido por Jesus à Humanidade.  A diferença entre os fatos desta fase e os fenômenos da Pré-História, como bem acentua Sir Arthur Conan Doyle, está em que estes últimos episódios eram esporádicos, ou diríamos melhor, sem uma seqüência metódica, enquanto aqueles têm a característica de uma invasão organizada.  É nesta época mais moderna e precursora que vamos encontrar alguns notáveis antecessores, como o famoso vidente sueco, Emmanuel Swedenborg, engenheiro militar, insigne teólogo de valioso patrimônio cultural e dotado de largo potencial de forças psíquicas.
Desde a sua infância, tiveram início as suas visões numa continuidade que se prolonga até sua morte; mas as suas forças latentes eclodiram com mais intensidade a partir de abril de 1744, em Londres.  Desde então, afirma Swedenborg, “(...) O Senhor abria os olhos de meu Espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e Espíritos (...)”.
Um outro notável precursor, digno de menção, foi Franz Anton Mesmer, médico descobridor do magnetismo curador.  Em 1775, Mesmer reconhece o poder de cura mediante a aplicação das mãos, ou seja, através da fluidoterapia. Acredita que, por nossos corpos, transitam fluidos curadores, preparando o caminho para o hipnotismo do Marquês de Puységur.
Fatos precursores dignos de registro ocorreram com Andrew Jackson Davis, magnífico sensitivo que viveu entre 1826 a 1910, sendo considerado por Sir Arthur Conan Doyle como o profeta da Nova Revelação. Os poderes psíquicos de Davis começaram nos últimos anos da infância, ouvindo vozes de Espíritos que lhe davam conselhos. À clarividência seguiu-se a clariaudiência.  Na tarde de 6 de março de 1844, Davis foi tomado por uma força que o fez voar, em Espírito, da pequena cidade onde residia, e fazer uma viagem até as Montanhas de Catskill, cerca de 40 milhas de casa.  Swedenborg foi um dos mentores espirituais de Davis.
O surgimento do Espiritismo foi predito por Davis no livro “Princípios da Natureza”.
“Para nós, comenta Conan Doyle, o que é importante é o papel representado por Davis no começo da revelação espírita. Ele começou a preparar o terreno, antes que se iniciasse a revelação.  Estava claramente fadado a associar-se intimamente com ela, de vez que conhecia a demonstração de Hydesville (...) 

Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
Baseado em Publicação da FEB O Mensageiro


Nos Estados Unidos, outro precursor da Terceira Revelação foi Andrew Jackson Davis ( 1826 — 1910). Tal como Swedenborg, escreveu livros sobre o mundo espiritual e foi-lhe dado ver e entender a sua organização, coisa que antes não era habitual nos médiuns. Escreveu, entre outras obras, The Principles of Nature, Her Divine Revelations e Voice to Mankind.

Davis era uma pessoa simples, frágil de saúde e com pouca instrução. Em estado alterado de consciência (também chamado transe), escrevia e discursava com eloquência sobre os mais diversos temas, diagnosticava e tratava doenças.

Faziam sucesso na época as teorias do médico austríaco Franz Anton Mesmer. O mesmerismo, ou magnetismo, que haveria de transpor as portas das universidades sob o respeitável nome de hipnose, já então era meio para tratamento de diversas doenças. Foi a partir do interesse pelo "magnetismo animal" de Mesmer e pelos estados alterados de consciência, que Jackson Davis se descobriu médium, palavra que, para quem não sabe, significa medianeiro entre dois mundos...
Este médium e valoroso missionário foi alvo de muitos ataques, que acolheu sempre com serenidade e compreensão, próprias da sua condição de ser moralmente evoluído.

No dia da sua morte, Davis anotou no seu caderno:

"Esta madrugada, um sopro quente passou pela minha face e ouvi uma voz, suave e forte, que me disse:
'Irmão, um bom trabalho foi começado. Olha!, surgiu uma demonstração vivente.' "

Nessa noite iniciavam-se em Hydesville, Estado de Nova Iorque, os fenómenos que envolveram a família Fox e que haviam de atrair as atenções gerais para o novo movimento de renovação da Humanidade a que Davis dera mais um impulso.


GT

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Responsabilidade Mediúnica*


Responsabilidade Mediúnica*
Manoel Philomeno de Miranda

Uma reunião mediúnica séria, à luz do Espiritismo, é constituída por um conjunto operacional de alta qualidade, em face dos objetivos superiores que se deseja alcançar.
Tratando-se de um empreendimento que se desenvolve no campo da energia, requisitos graves são exigidos, de forma que sejam conseguidas as realizações, passo a passo, até a etapa final.
Não se trata de uma atividade com características meramente transcendentais, mas de um labor que se fundamenta na ação da caridade, tendo-se em vista os Espíritos aos quais é direcionado.
Formada por um grupamento de pessoas responsáveis e conscientes do que deverão realizar, receberam preparação anterior, de modo a corresponderem aos misteres a que todos são convocados para exercer, no santificado lugar em que se programa a sua execução.
Deve compor-se de conhecedores da Doutrina Espírita e que exerçam a prática da caridade sob qualquer aspecto possível, de maneira a conduzirem créditos morais perante os Soberanos Códigos da Vida, assim atraindo as Entidades respeitáveis e preocupadas com o bem da Humanidade.
Resultado de dois aglomerados de servidores lúcidos – desencarnados e reencarnados – que têm como responsabilidade primordial manter a harmonia de propósitos e de princípios, a fim de que os labores que programam sejam executados em perfeito equilíbrio.
Para ser alcançada essa sincronia, ambos os segmentos comprometem-se a atender os compromissos específicos que devem ser executados.
Aos Espíritos orientadores compete a organização do programa, desenhando as responsabilidades para os cooperadores reencarnados, ao tempo em que se encarregam de produzir a defesa do recinto, a seleção daqueles que se deverão comunicar, providenciando mecanismos de socorro para antes e depois dos atendimentos.
Confiando na equipe humana que assumiu a responsabilidade pela participação no trabalho de graves conseqüências, movimentam-se, desde às vésperas, estabelecendo os primeiros contatos psíquicos daqueles que se comunicarão com os médiuns que lhes servirão de instrumento, desenvolvendo afinidades vibratórias compatíveis com o grau de necessidade de que se encontram possuídos.
Encarregam-se de orientar aqueles que se comunicarão, auxiliando-os no entendimento do mecanismo mediúnico, para evitar choques e danos à aparelhagem delicada da mediunidade, tanto no que diz respeito às comunicações psicofônicas atormentadas quanto às psicográficas de conforto moral e de orientação.
Cuidam de vigiar os comunicantes, poupando os componentes da reunião de agressões e de distúrbios defluentes da agitação dos enfermos mentais e morais, bem como das distonias emocionais dos perversos que também são conduzidos ao atendimento.
Encarregam-se de orientar o critério das comunicações, estabelecendo de maneira prudente a sua ordem, para evitar tumulto durante o ministério de atendimento, assim como impedindo que o tempo seja malbaratado por inconseqüência do padecente desencarnado.
Nunca improvisam, porquanto todos os detalhes do labor são devidamente examinados antes, e quando algo ocorre que não estava previsto, existem alternativas providenciais que impedem os desequilíbrios no grupo.
Equipamentos especializados são distribuídos no recinto para utilização oportuna, enquanto preservam o pensamento elevado ao Altíssimo...
Concomitantemente, cabem aos membros reencarnados as responsabilidades e ações bem definidas, para que o conjunto se movimente em harmonia e as comunicações fluam com facilidade e equilíbrio. Todo o conjunto é resultado de interdependência, de um como do outro segmento, formando um todo harmônico.
Aos médiuns é imprescindível a serenidade interior, a fim de poderem captar os conteúdos das comunicações e as emoções dos convidados espirituais ao tratamento de que necessitam.
A mente equilibrada, as emoções sob controle, o silêncio íntimo, facultam o perfeito registro das mensagens de que são portadores, contribuindo eficazmente para a catarse das aflições dos seus agentes.
O médium sabe que a faculdade é orgânica, mantendo-se em clima de paz sempre que possível, não apenas nos dias e nas horas reservadas para as tarefas especiais de natureza socorrista, porquanto Espíritos ociosos, vingadores, insensatos que envolvem o planeta encontram-se de plantão para gerar dificuldades e estabelecer conflitos entre as criaturas invigilantes.
Por outro lado, o exercício da caridade no comportamento normal, o estudo contínuo da Doutrina e a serenidade moral, são-lhe de grande valia, porque atraem os Espíritos nobres que anelam por criar uma nova mentalidade entre as criaturas terrestres, superando as perturbações ora vigentes no planeta.
Não é, porém, responsável somente o medianeiro, embora grande parte dos resultados dependam da sua atuação dignificadora, o que lhe constituirá sempre motivo de bem-estar e de felicidade, por descobrir-se como instrumento do amor a serviço de Jesus entre os seus irmãos.
Aos psicoterapeutas dos desencarnados é impositivo fundamental o equilíbrio pessoal, a fim de que as suas palavras não sejam vãs, e estejam cimentadas pelo exemplo de retidão e de trabalho a que se afervoram.
O seu verbo será mantido em clima coloquial e sereno, dialogando com ternura e compaixão, sem o verbalismo inútil ou a presunção salvacionista, como se fosse portador de uma elevação irretocável.
Os sentimentos de amor e de misericórdia igualmente devem ser acompanhados pelos compromissos de disciplina, evitando diálogos demorados e insensatos feitos de debates inconseqüentes, tendo em vista que a oportunidade é de socorro e não de exibicionismo intelectual.
O objetivo da psicoterapia pela palavra e pelas emanações mentais e emocionais de bondade não é o de convencer o comunicante, mas o de despertá-lo para o estado em que se encontra, predispondo-o à renovação e ao equilíbrio, nele se iniciando o despertamento para a vida espiritual.
Conduzir-se com disciplina moral, no dia-a-dia da existência, é um item exigível a todos os membros da grei, a fim de que a amizade, o respeito e o apoio dos Benfeitores auxiliem-nos na conquista de si mesmos.
Numa reunião mediúnica séria, não há lugar para dissimulações, ressentimentos, antipatias, censuras, porque todos os elementos que a constituem têm caráter vibratório, dando lugar a sintonias compatíveis com a carga emocional de cada onda mental emitida.
Desse modo, não há porque alguém preocupar-se em enganar o outro, porquanto, se o fizer, a problemática somente a ele próprio perturbará.
À equipe de apoio se reservam as responsabilidades da concentração, da oração, da simpatia aos comunicantes, acompanhando os diálogos com interesse e vibrando em favor do enfermo espiritual, a fim de que possa assimilar os conteúdos saudáveis que lhe são oferecidos.
Nunca permitir-se adormecer durante a reunião, sob qualquer justificativa em que o fenômeno se lhe apresente, porque esse comportamento gera dificuldades para o conjunto, sendo lamentável essa autopermissão...
Aos médiuns passistas cabem os cuidados para se manterem receptivos às energias saudáveis que provêm do Mundo Maior, canalizando-as para os transeuntes de ambos os planos no momento adequado.
Todo o movimento entre as duas esferas de ação deve acontecer suavemente, como num centro cirúrgico, que o é, de modo a refletir-se na segurança do atendimento que se opera.
Os círculos mediúnicos sérios, que atraem os Espíritos nobres e que encaminham para os seus serviços aqueles desencarnados que lhes são confiados, não podem ser resultado de improvisações, mas de superior programação.
Os membros que os constituem estarão sempre atentos aos compromissos assumidos, de forma que possam cooperar com os Mentores em qualquer momento que se faça necessário, mesmo fora do dia e horário estabelecidos.
Pontualidade de todos na freqüência, cometimento de conduta no ambiente, unção durante os trabalhos e alegria por encontrar--se a serviço de Jesus, são requisitos indispensáveis para os resultados felizes de uma reunião mediúnica séria à luz do Espiritismo.

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*Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 28 de agosto de 2007, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Publicada em Reformador. Rio de Janeiro: FEB. Ano125. Nº 2.144. Novembro 2007, p. 414-416.

O ESTUDO SISTEMATIZADO DA DOUTRINA ESPÍRITA


Embora o MOVIMENTO ESPÍRITA estivesse bem servido de obras e com amplo trabalho de difusão e prática doutrinárias, sentiu-se a conveniência de que o estudo da Doutrina fosse realizado de FORMA SISTEMATIZADA. Aliás, algumas mensagens mediúnicas alertaram para essa necessidade. Outras, mais diretas, sugerindo uma CAMPANHA DE ESTUDO SISTEMATIZADO, assim como realizar a tarefa.
O Espírito ANGEL AGUAROD, nascido na Espanha e emigrado para o Brasil em sua última experiência encarnatória, onde revelou-se dedicado trabalhador espiritista, enviou mensagens, nos anos de 1976 e 1978, nesse sentido.
Disse-nos ele:
"Cabe, pois, aos espíritas, responsáveis pelo Movimento Espírita, uma ampla tarefa de divulgação das obras básicas da Doutrina, promovendo um estudo sistemático, com chamada de atenção para os aspectos que estão colocados à margem, com graves prejuízos para a assimilação correta dos princípios e bases do Espiritismo e de sua missão.
Recomendaríamos, portanto, o estudo de um plano amplo no sentido de esclarecer os mais responsáveis pela dinamização do Movimento Espírita, da importância do estudo, da interpretação e da vivência do Espiritismo".
E aduz, ainda, na mensagem editada em 1978:
"Não é possível erigir um monumento doutrinário, como é o da Revelação Espírita, deixando-nos, levar, a cada dia, por idéias que sopram de todos os lados, sem direção, qual vendaval que tudo derruba na sua passagem.
Estamos sendo alertados do plano Mais Alto sobre esse aspecto do nosso Movimento, pois dizem nossos superiores, se não nos fizermos vigilantes nesse sentido, em pouco tempo o Movimento Espírita, embora conservando o nome, nada terá de Espiritismo.
Reiterando despretensiosa sugestão, recomendaríamos uma GRANDE CAMPANHA, para usar nomenclatura moderna, em torno da importância do estudo das obras básicas da Doutrina Espírita."
(Angel Aguarod)


Histórico
1977
Mensagem Mediúnica – Estímulo à criação de uma “Grande Campanha” em torno

 da Importância do Estudo das Obras Básicas da Doutrina Espírita.
Angel Aguarod – FERGS.
1978
Campanha do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita –

Em nível local. FERGS – Federação Espírita do Rio Grande do Sul.
1983
Campanha do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita –

Em nível Nacional. FEB – Federação Espírita Brasileira.
1993
I Encontro Nacional de Coordenadores do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita -

 Em nível Nacional. Sediado pela Federação Espírita do Estado de Goiás -
FEEGO. FEB - Federação Espírita Brasileira.
2003
II Encontro Nacional de Coordenadores do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita -

Em nível Nacional. FEB - Federação Espírita Brasileira.2008
III Encontro Nacional de Coordenadores do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita -

 Em nível Nacional. FEB - Federação Espírita Brasileira.