Caravana da Fraternidade

Caravana da Fraternidade
Francisco Spinelli

domingo, 29 de maio de 2011

Inteligência e instinto. O pensamento.

O cérebro é o órgão do corpo humano que expressa a inteligência do Espírito, daí a Ciência considerar a inteligência como um atributo do cérebro. O Espiritismo entende que a inteligência é atributo do Espírito. Entretanto, conforme o enfoque, mais ou menos materialista das ciências e das escolas filosóficas, a questão é comprexa. Alguns conceitos podem, talvez, esclarecer o assunto.
1. O que é inteligência?
Uma conceituação ampla mostra que inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair idéias, compreender idéias e linguagens e aprender. Embora pessoas leigas geralmente percebam o conceito de inteligência sob um escopo muito maior, na Psicologia, o estudo da inteligência geralmente entende que este conceito não compreende a criatividade, a personalidade, o caráter ou a sabedoria. Para a Biologia a capacidade de sobrevivência da espécie humana, adaptação ao ambiente, aprendizagem e raciocínio associativo-criativo e ou pensamento abstrato são características da inteligência do seres humanos. Todos estudiosos do assunto concordam que a inteligência se desenvolve pelo exercício. Os fatores genéticos influenciam a manifestação e aperfeiçoamento da inteligência. Da mesma forma, algumas doenças mentais e neurológicas, obsessões e traumatismos. As drogas dificultam ou impedem a expressão da inteligência. Atualmente, o conceito de inteligência está muito associado ao de "inteligência social": a pessoa inteligente bem sucedida é discutida, especialmente em seus aspectos sociais.
O relatório americano, assinado por 52 pesquisadores de inteligência, e publicado em 1994, afirma que inteligência é "uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de forma abstrata, compreender idéias complexas, aprender rápido e aprender com a experiência. Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estritamente acadêmica ou um talento para sair-se bem em provas. Ao contrário disso, o conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta - 'pegar no ar', 'pegar' o sentido das coisas ou 'perceber'
Os estudos sobre inteligência tiveram como base os testes psicométricos, sendo que o mais conhecido é o do “QI” (Quociente de Inteligência). Os testes de QI medem a inteligência cognitiva. Os psicólogos, porém, têm evitado elaborar definições de inteligência com base nesses testes, considerando-os mais um slogan do que um conceito científico, sobretudo em razão das implicações históricas: reação ao darwinismo, segregacionismo nazi-fascista e a idéia de supremacismo anglo-saxão à moderna sociobiologia. Entretanto, tais testes têm seu valor e não devem ser totalmente desprezados, sobretudo porque se faz, hoje, inúmeros cruzamentos com outros testes e análises mais precisas de fatores envolvidos na testagem. O conceito de quociente de inteligência foi adotado pelo psicólogo norte-americano Louis Terman, em 1915. O QI é calculado de acordo com a fórmula: QI = IM/IC x 100 em que IM é a «idade mental» (a idade em que uma criança média é capaz de desempenhar determinadas tarefas) e IC é a «idade cronológica». Daí o fato de uma pessoa média possuir um QI de 100.
1.1 Inteligências múltiplase Inteligência emocional
Nas propostas de alguns investigadores, a inteligência não é uma, mas consiste num conjunto de capacidades relativamente independentes. O psicólogo Howard Gardner, na Universidade de Havard-USA, desenvolveu a Teoria das múltiplas inteligências classificando, num primeiro momento, a inteligência em sete componentes diferentes: lógico-matemática, linguística, espacial, musical, cinemática, intra-pessoal e inter-pessoal. Daniel Goleman e outros investigadores desenvolveram o conceito de Inteligência emocional e afirmam que esta inteligência é pelo menos tão importante como a perspectiva mais tradicional de inteligência. Para Howard Gardnerinteligência seria : "um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura".Gardner explica também que as inteligências não são objetos que podem ser contados, e sim, potenciais que poderão ser ou não ativados, dependendo dos valores de uma cultura específica, das oportunidades disponíveis nessa cultura e das decisões pessoais tomadas por indivíduos e/ou suas famílias, seus professores e outros. Entretanto, Gardner não apresenta respostas convincentes a respeito da Inteligência Existencial ou Espiritual, analisada por outros estudiosos. Embora o autor se sinta interessado, ele conclui que “o fenômeno é suficientemente desconcertante e a distância das outras inteligências suficientemente grande para ditar prudência - pelo menos por ora”.
A Inteligência Emocional é um tipo de inteligência que envolve as habilidades para perceber, entender e influenciar as emoções. Foi introduzida e definida por John D. Mayer e Peter Salovey, mas o conceito foi popularizado pelo jornalista por Daniel Goleman (1995). Inteligência emocional, chamada também EI, é medida freqüentemente como um Quoficiente de inteligência Emocional ou um QE emocional. QE descreve uma habilidade, uma capacidade, ou uma habilidade de perceber, para avaliar, e controlar as emoções de si mesmo, de outro, e dos grupos. As principais pesquisas científicas na área da inteligência são: A relevância da inteligência psicométrica com o senso comum de inteligência
2. Há diferença entre inteligência e intelecto?
Existe sim. Inteligência é faculdade ou capacidade de conhecer, compreender e aprender. Pode também ser conceituada como a capacidade de apreender e organizar dados, fatos e acontecimentos em circunstâncias para as quais de nada servem o instinto, a aprendizagem e o hábito. A inteligência se desenvolve pelo intelecto. Intelecto/intelectualidade é capacidade pensante inerente ao ser humano que viabiliza o desenvolvimento da inteligência. No ser humano a intelectualidade se desenvolve pelo pensamento continuo.Os animais têm uma inteligência primitiva (pensamento descontínuo), mas não possuem intelecto ou intelectualidade, propriamente dita. O aprendizado se baseia no instinto e no hábito (automatismo). Sendo assim, o homem primitivo tinha inteligência (possuidor de pensamento contínuo), mas não intelectualidade (poucos conhecimentos). O gênio possui uma inteligência elevada em razão da do alto grau de intelectualidade que possui. O gênio representa forte evidência à teoria reencarnatória.
A palavra intelecto foi constantemente usado pelos filósofos com dois sentidos: a) genérico como capacidade de pensar associada à inteligência (Platão, Aristóteles) que difere dos sentidos (Tomás de Aquino); b) como capacidade técnica ou particular de pensar, considerada como algo que se fixa no intelecto (Fichte). O intelecto pode ser sinônimo de intuição (Aristóteles); de intuir os princípios do raciocínio (Tomas de Aquino); razão ou raciocínio (Kant); capacidade operante (Bergson). A inteligência, como capacidade primordial, é objeto do(ou serve de base pelo) intelecto (Aristóteles) ou “atividade pura”, segundo Kant. Dessa forma , a inteligência compreende por meio do intelecto.

O que é instinto
Instinto é uma palavra usada para descrever disposições inatas em relação a ações particulares. Instintos geralmente são padrões herdados de respostas ou reações a certos tipos de situações ou características mecanizadas de determinadas espécies. Em humanos, eles são mais facilmente observados em respostas a emoções. As ações particulares executadas podem ser influenciadas pelo aprendizado, ambientes e princípios naturais. Alguns sócio-biólogos e etólogos têm tentado compreender o comportamento social humano e animal em termos de instinto. Psicanalistas afirmaram que o instinto se refere a forças motivacionais humanas (como sexo., alimento e agressão), especificadas no sistema límbico do cérebro. Atualmente, não se refere ao instinto como ‘forças motivacionais”, mas como impulso instintivo. Para os filósofos é um guia natural da conduta animal (inclusive a humana) não adquirido, não escolhido e pouco nada modificável nas diferentes espécies animais. O instinto tem caráter biológico porquanto se destina à preservação do indivíduo e da espécie e se vincula a uma estrutura orgânica determinada. Distingue-se de impulso por seu caráter estável. O instinto, do ponto de vista da Filosofia, tem uma conceituação metafísica (é a força que assegura a concordância entre a conduta animal e a ordem do mundo) e, segundo a Ciência, é uma disposição biológica. (Nicolla Abbagnano: Dicionário de Filosofia)

3. Inteligência e instinto segundo o Espiritismo

“A inteligência e a matéria são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá-la. A inteligência é uma faculdade especial, peculiar a algumas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de atuar, a consciência de que existem e de que constituem uma individualidade cada um, assim como os meios de estabelecerem relações com o mundo exterior e de proverem às suas necessidades. Podem distinguir-se assim: lº, os seres inanimados, constituídos só de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos; 2º, os seres animados que não pensam, formados de matéria e dotados de vitalidade, porém, destituídos de inteligência; 3º, os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princípio inteligente que lhes outorga a faculdade de pensar.”( Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 71)
a fonte da inteligência, humana ou animal, é a Inteligência Universal (Op. Cit, questão 72). Todavia a inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. (Op. Cit, questão 72-a). A inteligência independe do instinto, mas este, na verdade, pode ser considerado uma “espécie de inteligência”. Pelo instinto todos os seres provêem às suas necessidades.” (Op. Cit, questão 73).Nem sempre se consegue estabelecer-se uma linha de separação entre o instinto e a inteligência, porque muitas vezes se confundem, mas é possível identificar um ato instintivo e um ato inteligente. ((Op. Cit, questão 74). O instinto pode conduzir ao bem e representar um guia mais seguro. (Op. Cit, questão 75). A rzão (intelecto) pode enganar-se, sobretudo se falseada por má educação (aprendizados incorretos), pelo orgulho e pelo egoísmo. “ O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre arbítrio. (Op. Cit, questão 75-a).
O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado. O instinto varia em suas manifestações, conforme às espécies e às suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade.” (Op. Cit, questão 75-a).
“A inteligência se manifesta pelo pensamento. Através do pensamento, sobrevêm a vontade de

agir, a consciência de si mesmo e a de sua individualidade em relação ao mundo que o cerca. É o cogito cartesiano: "Penso. Logo, existo!". Com os instrumentos do pensamento, da vontade e da consciência, agimos, incursionando, compulsoriamente, pelas vertentes das Leis Divinas, sob a tutela do livre arbítrio, na construção do próprio destino.

Quando nos referimos, pois, ao espírito, referimo-nos à inteligência e, por conseguinte, ao pensamento e à

vontade. Como a inteligência é um atributo do espírito, deduz-se que nele está sediada a mente. Para o homem encarnado, os sistemas nervosos (cérebro, medula e nervos) do perispírito e do corpo denso são requintados aparelhos de manifestação das faculdades intelectuais da alma.” (Milton Santiago – Espiritismo e Medicina, n.º]
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
Programa: Ciência Espírita.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

POR QUE LER KARDEC? Por que ler as obras fundamentais do Espiritismo?

Vinícius Lousada[1]


Por que ler as obras fundamentais do Espiritismo?
A pergunta acima, ao adepto estudioso, pode parecer dispensável por ser sua resposta uma obviedade, pois, nas obras fundamentais do Espiritismo, as de Allan Kardec, é que encontramos a Filosofia Espírita na sua totalidade, e, sem a leitura delas não seremos capazes de apreender seus postulados, nem tampouco, o seu objetivo essencial.

No entanto, do ponto de vista de quem interage junto ao movimento espírita, percebemos muita gente se esquecendo de ler Kardec – ou lendo-o de maneira fragmentada, apenas selecionando trechos ou páginas ao acaso – e saindo à cata de novidades espiritualistas ou as difundindo (e confundindo) como se fossem mesmo da alçada da Doutrina Espírita, ignorando, por sua vez, os princípios filosóficos do Espiritismo ou se detendo nos comentários, leituras e concepções de terceiros sobre o assunto sem se ocuparem da bibliografia kardequiana.

Como, de modo geral, trazemos atavismos religiosos dos quais não nos libertamos por desconhecimento de nós mesmos ou preguiça, lidamos com o Espiritismo como se fosse apenas mais uma religião, ignorando que a convicção espírita se elabora muito mais no exercício da fé raciocinada do que na simples adesão às instituições humanas.

Aliás, escreveu Kardec que “O Espiritismo é uma questão de fé e de crença, e não de associação.”[2], ao responder à reclamação do queixoso Abade Barricand acerca da análise do codificador, presente na Revista Espírita, a respeito das pretensas refutações deste sacerdote à tese espírita nos cursos que ministrava, obviamente, sem conhecimento de causa. Disso, deve ficar evidente que a convicção espírita se edifica mediante o estudo sério e com uma atitude filosofante, por parte do adepto, em relação aos saberes presentes nas obras fundamentais da Doutrina dos Espíritos.

E, no que tange à questão que dá título a este artigo, o que corrobora no sentido de termos consciência da relevância das obras de Allan Kardec consiste no fato de que, numa perspectiva antropológica do quefazer científico, o emérito professor pode ser considerado co-autor ou co-fundador dessa ciência, em especial conexão com o Espírito Verdade e sua equipe, além de notável codificador do Espiritismo – função mais destacada na primeira edição de O Livro dos Espíritos.

Confirma essa constatação o erudito Canuto Abreu, ao prefaciar a sua tradução da primeira edição de O Livro dos Espíritos, afirmando ser o mestre lionês aprendiz e secretário dos Espíritos passando, na segunda edição (1860), de discípulo a mestre, ou seja, naquela produção “Nivela-se o Aprendiz com os Instrutores”[3]. Enfim, visando valorizar efetivamente o trabalho missionário de Kardec é útil levarmos em conta a co-laboração em que se deu a dinâmica de sua pesquisa e produção teórica com os Espíritos Superiores.



Quais são as obras fundamentais?



Muito se ouve falar, da parte daqueles que se consideram versados no Espiritismo, que a pessoa que queira se iniciar no conhecimento espírita precisa ler ou estudar as obras básicas da Doutrina. Essa afirmação corrente parece óbvia, mas nem tanto, e, no meu ponto de vista, por dois motivos.

O primeiro deles se refere ao que podemos depreender de um texto do escritor italiano Ítalo Calvino, em que defende a relevância da leitura das obras consideradas clássicas na literatura e de diferentes campos do saber. Lendo esse artigo, verificamos que os clássicos são o tipo de livros com os quais todos deveriam se ocupar, todavia poucos o fazem e raras são as pessoas que admitem, ao menos publicamente, não terem feito essas leituras e, não por humildade.

É o caso de alguns adeptos, descomprometidos com a Causa, que desconhecem os textos de Kardec e afirmam ter ouvido falar ou fingem que sabem deles, atendendo a expedientes nas atividades da casa ou do movimento espírita sem se proporem a ler as tais obras (que consideram básicas!), indiscutível fonte primacial do Espiritismo.

Outro motivo que demonstra a não-obviedade da necessidade de se ler e estudar os livros de Kardec, em nosso meio, consiste na redução que se faz da produção de Allan Kardec ao denominado Pentateuco Kardequiano.

Dito isto, atenhamo-nos à pergunta: quais são as obras fundamentais do Espiritismo? A resposta está num opúsculo escrito por Allan Kardec no ano de 1869, trata-se do “Catálogo Racional: obras para se fundar uma biblioteca espírita”. Nesse pequeno livro, o co-fundador da Doutrina Espírita apresenta um conjunto de obras catalogadas que se vinculavam, de algum modo, ao objeto de estudos da ciência com que se ocupava.

Assim, encontramos citadas no referido catálogo[4] as obras fundamentais da Doutrina Espírita, obras diversas sobre Espiritismo, obras produzidas fora do Espiritismo e as que a ele se opunham.

Kardec nomeia da seguinte forma as obras fundamentais do Espiritismo: O Livro dos Espíritos (parte filosófica); O Livro dos Médiuns (parte experimental); O Evangelho segundo o Espiritismo (parte moral); O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo; A Gênese, os milagres e as predições, segundo o Espiritismo; O que é o Espiritismo? – Introdução ao conhecimento do mundo dos Espíritos; O Espiritismo em sua mais simples expressão; Resumo da lei dos fenômenos espíritas; Viagem Espírita em 1862 e a Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos.

Logo é fácil perceber que o essencial para aprender a Filosofia Espírita está nessas obras consideradas por Kardec como fundamentais, entre livros, brochuras e a Revista que produziu até a sua desencarnação em 1869.



Estudando Kardec:

“Temos dito que a melhor maneira de uma pessoa adquirir conhecimentos sobre o Espiritismo é estudar-lhe a teoria. Os fatos virão depois, naturalmente, e serão compreendidos, qualquer que seja a ordem em que os tragam as circunstâncias. Nossas publicações têm sido feitas com o propósito de favorecer esse estudo.” [5]

[1] Educador, pesquisador, palestrante e escritor espírita residente em Porto Alegre/RS.
[2] Revista Espírita de julho de 1864.
[3] ABREU, Canuto. O primeiro livro dos espíritos de Allan Kardec. Texto bilíngüe. SP: ICESP, 2007, p. XV.
[4] KARDEC, Allan. Catálogo Racional: obras para se fundar uma biblioteca espírita. Tradução de Julia Vidili. Ed. fac-similar bilíngüe histórica. SP: Madras:USE, 2004.
[5] O que é o Espiritismo? – Terceiro Diálogo – o padre.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Francisco Spinelli

Francisco Spinelli encarnou na província de Sague (Sala Consilina), Itália, no dia 31 de Dezembro de 1893. Afeiçoado ao estudo, conseguiu, com apenas nove anos de idade, terminar com distinção o curso primário, tornando-se aprendiz de alfaiate. Com dezoito anos de idade, transferiu seu domicilio para o Brasil, indo residir na cidade de Vacaria, no Estado do Rio Grande do Sul, onde continuou a trabalhar na mesma profissão.
Sua iniciação no conhecimento do Espiritismo data da época do seu casamento. Na cidade de Bom Jesus, onde passou a residir, exerceu o cargo de subdelegado, e, posteriormente, de secretário e tesoureiro da Prefeitura Municipal. Alguns anos mais tarde, dedicou-se à advocacia, como solicitador, profissão que exerceu com raro descortino, orientando-se por uma consciência reta e sincero propósito de bem servir aos seus semelhantes.
No ano de 1946, transferiu-se para a cidade de Porto Alegre, onde ainda mais se destacaram os relevantes serviços que vinha prestando à Doutrina Espírita. A partir de 1947, entregou-se incondicionalmente ao desempenho de um verdadeiro apostolado no seio da família espírita, animado por verdadeiro desejo de uni-la num elo de fraternidade e amor.
Nos primeiros dias de Novembro de 1948 tomou parte saliente nos trabalhos do 1º. Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, realizado em São Paulo, integrando a delegação do Estado do Rio Grande do Sul. No desenrolar desse conclave, que se constituiu num dos esteios para o advento do Pacto Áureo de unificação dos espíritas, Spinelli, juntamente com outros companheiros, tomou todos os cuidados no sentido de se balizarem diretrizes essenciais para a materialização do movimento de unificação, procurando ouvir opiniões de servidores que portavam belas folhas de serviço à Causa, sem, no entanto tergiversar na linha básica do dever, que não se pode acomodar às exigências de pessoas ou grupos, pois compreendia que Unificação é trabalho de entendimento que ninguém pode desdenhar na Seara Espírita.
Spinelli realizou incontáveis viagens com o objetivo de divulgar o Espiritismo, fazendo-o com inusitado idealismo. Eleito presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul desdobrou-se no objetivo de dar cumprimento à sua missão, propugnando pela difusão da Doutrina Espírita e realizando nobilitante trabalho em favor da evangelização da criança e preparo espiritual das novas gerações, bem como cooperando incondicionalmente na assistência social mantida pelas entidades espíritas daquele grande Estado.
Várias iniciativas em prol da maior difusão da doutrina kardequiana foram por ele planejadas e lavadas a efeito no âmbito estadual, tendo sempre a preocupação de que o mérito de seus empreendimentos e os naturais encômios pelo seu árduo trabalho fossem divididos com seus valorosos companheiros de ideal.
Em 5 de Outubro de 1949, tomou parte ativa nos trabalhos que culminaram com o advento do Pacto Áureo de unificação dos espíritas brasileiros, em memorável reunião levada a efeito na sede da Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro, assinando esse importante e histórico documento em nome do grande Estado sulino.
Em novembro de 1950, juntamente com o Doutor Artur Lins de Vasconcelos Lopes, Professor Leopoldo Machado, Doutor Carlos Jordão da Silva, Ary Casadio e Luiz Burgos Filho, tomou parte na Caravana da Fraternidade, percorrendo quase todos os Estados das regiões norte e nordeste do Brasil, em autêntica campanha de divulgação dos ideais unificacionistas.
Por ocasião do conclave havido no mês de Agosto de 1955, na sede da FEB, em que tomaram parte os Presidentes de quase todas as Federações e Uniões federativas do Brasil, sua voz se fez sentir para, com sua palavra persuasiva e fraterna, dirimir pontos de vista julgados de difícil solução.
A afabilidade e a doçura norteavam-lhe os passos, quer nas missões, quer nas pregações.  Sincera e devotadamente pregava o Espiritismo e muitos lhe ficaram a dever a tranqüilidade e a reforma de costumes que desfrutam. Com as virtudes que o revestiam, nunca pensou em esmorecer nem mesmo ante os sofrimentos próprios. Foi da falange dos que preconizam que o Espiritismo, sendo filosofia, ciência e religião, é obra de estudo e de observação.
Esse líder espírita era reconhecidamente humilde: seus atos, suas atitudes e decisões jamais se desviaram dos ensinamentos do Divino Mestre. Pregava o Evangelho de Jesus, tanto pela palavra, sempre calma e convincente, como pela sublime exemplificação.
Francisco Spinelli, embora nascido na Itália, radicou-se de tal forma em nosso país e tanto o amou, que se considerava filho do solo gaúcho.
Sua desencarnação ocorreu no dia 7 de Outubro de 1955, quando ele ainda exercia o cargo de Presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul. Centenas de pessoas desfilaram diante dos seus restos mortais, expostos no Instituto Espírita Dias da Cruz, a casa que ele tanto amou, e onde deu também o esforço do seu braço e a luz dos seus conhecimentos, no Departamento Espiritual. Na capital gaúcha recebeu verdadeira consagração dos espíritas e da sociedade porto-alegrense, sendo o ataúde conduzido a pé, pelos braços dos amigos.
Denodado obreiro na Seara Espírita, deixou espalhados em alguns jornais e revistas, principalmente na “Reencarnação”, órgão da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, vários artigos doutrinários, tendo legado ao Espiritismo no Brasil trabalhos magníficos, quais “Normas e Instruções”, para uso das entidades do quadro federativo da FERGS, e “Serviço da Evangelização e Orientação Educacional das Gerações Novas” (Curso Intensivo de Evangelizadores).

quinta-feira, 19 de maio de 2011

De que forma os outros integrantes de uma reunião mediúnica devem participar? Eles se tornarão um dia médiuns ou doutrinadores?

 
Por Divaldo Pereira Franco.
do Livro Qualidade na Pratica Mediunica. Projeto Manoel Philomeno de Miranda.

Assistência

74. - A função do médium e a do doutrinador, nas práticas mediúnicas, são facilmente identificadas. De que forma os outros integrantes de uma reunião mediúnica devem participar? Eles se tornarão um dia médiuns ou doutrinadores?
O capitulo XXIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo dá-nos a resposta. No estudo ali realizado, Allan Kardec refere-se à mediunidade como sendo uma certa predisposição orgânica inerente a todas as pessoas, como a faculdade de ver, de falar, de ouvir...
Numa prática mediúnica temos três elementos básicos no plano físico: o doutrinador, o médium(de psicografia, psicofonia ou de outra faculdade qualquer, como a clarividência, clariaudiência) e o assistente, que não é platéia.
A prática mediúnica sempre faz recordar uma sala cirúrgica, onde existem as equipes de cirurgiões, para-médica e de auxiliares. Todos eles em função do paciente, que é o Espírito sofredor.
O trabalho mediúnico pode ter o caráter simultâneo de educação do médium e de desobsessão. De educação, porque somos sempre principiantes; e de desobsessão, porque os Benfeitores espirituais trazem Espíritos perversos, imbuídos de sentimentos maus, perseguidores contumazes para serem doutrinados.
Todos já conhecemos as funções do doutrinador e do médium. Todavia, nem sempre isto acontece quando se trata de assistente, que não sabe como conduzir-se.
Numa sala cirúrgica o assistente é alguém sempre disposto a cooperar com o que seja necessário.
Como todo assistente é um médium em potencial, ele pode dar uma comunicação em qualquer momento, esteja à mesa ou fora dela. A tradição de que as comunicações devem apenas operar-se à mesa está superada. A mesa foi um artifício de que Allan Kardec se utilizou para dar mais comodidade, pois as pessoas apóiam os braços, têm uma postura mais confortável, mais repousante, contudo em qualquer parte onde esteja situada a pessoa na sala mediúnica, pode estar em sintonia para os labores de intercâmbio espiritual.
Anteriormente havia uma tradição equivocada que atribuía a existência de uma primeira e de segunda correntes. São superstições. O importante é o conjunto; e o assistente comum deve ser alguém que participe através da mentalização, da meditação ou mesmo cooperando emocionalmente com o doutrinador, porque nem sempre este é feliz na identificação do móvel da comunicação, no momento de definir se se trata de um Espírito sofredor ou mistificador. na linguagem da perversidade.
Não raro, o doutrinador, fica sindicando, num diálogo ainda não direcionado, para identificar o problema que traz o comunicante e assim conversar com segurança. Além disso, o doutrinador, às vezes, se equivoca, o que é natural e humano. Inicia a doutrinação de uma forma, que não corresponde à necessidade do Espírito, e os Mentores sentem dificuldade em induzi-lo para que haja uma boa recepção. No entanto, um assistente pode identificar perfeitamente o problema. Cabe-lhe, neste caso, concentrar-se, ajudando o doutrinador, enviando mentalmente a mensagem acertada para que ele encontre a diretriz segura na orientação a ser ministrada.
É muito comum, em todos os grupos, por indisciplina mental dos assistentes, quando se trata de Entidade zombeteira ou perversa, fazer-se o jogo do desencarnado, não colaborando com o doutrinador, principalmente quando se trata de discussão que, aliás, deve sempre ser evitada.
Freqüentemente o assistente fica torcendo para que o Espírito perturbado vença a querela e até sente uma certa euforia quando nota o embaraço do orientador. Não se dá conta que, nesse estado mental, entra em sintonia com o Espírito malfazejo, que exterioriza uma radiação capaz de ser absorvida por qualquer pessoa na mesma faixa mental.
Ou seja, o assistente tem um papel preponderante para o êxito do trabalho mediúnico. Se às vezes, o processo das comunicações não está correndo com sucesso, em grande parte a responsabilidade é da equipe auxiliar. São a eficiência e a qualidade do trabalho dessa equipe que sustentam o valor da obra.
Por outro lado, nos trabalhos mediúnicos, o assistente deve aproveitar o momento para meditar, acompanhando as comunicações, ao invés de se deixar envolver pelo cochilo. Realmente, fica monótono o transcorrer de uma prática mediúnica, quando a pessoa não se integra nos detalhes do que ali acontece. Somente assim procedendo consegue o assistente libertar-se do desejo de dormir ou de ser acometido por mal-estar, o que sempre ocorre quando a pessoa não se concentra para acompanhar atentamente as comunicações que estão acontecendo.
Para dinamizar a sua participação, o assistente deve manter-se em atitude oracional para auxiliar o comunicante, penetrando no seu problema, porque isso é de muita relevância. Observa-se com freqüência que alguns embaraços do terapeuta espiritual são decorrência não só do seu despreparo, como também, da falta de cooperação mental do grupo, que não estando sintonizado deixa de oferecer os meios para uma ligação mental com os Mentores e com a Entidade comunicante.
Por fim, todos os assistentes devem manter-se em atitude receptiva, porque a manifestação mediúnica pode irromper a qualquer momento, em qualquer um deles, não necessariamente com caráter obsessivo, mas também inspirativo positivo. Pode surgir uma idéia edificante, um pensamento feliz, e cabe, à pessoa, no momento do silêncio, exteriorizar essa emoção, que pode ser o começo de uma manifestação no desdobramento de faculdades embrionárias.
Desta forma, o assistente deve colaborar positivamente com as suas emissões positivas no transcorrer das comunicações, pois ele é uma espécie de auxiliar de enfermagem na cirurgia mediúnica. Da sua mente devem sair recursos energéticos para o trabalho anestésicos a benefício do paciente desencarnado. A sua participação deve ser ativa e vigilante em todas as atividades ocorridas durante os trabalhos ali desenvolvidos. Suplicando ajuda espiritual, acompanhando e observando os diálogos, ele se transforma numa peça imprescindível na cooperação para o bom êxito das tarefas de intercâmbio espiritual.
Isto posso constatar, muitas vezes, em estado de desdobramento, pois enquanto os Amigos Espirituais escrevem, ou mesmo estando incorporado, acompanho os acontecimentos e anoto o que se passa no transcorrer dos labores.
Quando a prática mediúnica termina e as pessoas fazem perguntas sobre esta ou aquela particularidade, lembro-me perfeitamente da ocorrência, dos vários detalhes, como sejam: os diálogos, as comunicações, as condições das Entidades sofredoras, os Espíritos amigos que estão presentes na reunião, etc.. É a lucidez da mediunidade.


Por Divaldo Pereira Franco.
do Livro Qualidade na Pratica Mediunica. Projeto Manoel Philomeno de Miranda.

domingo, 15 de maio de 2011

POR QUE SE RECOMENDA O ESTUDO DO ESPIRITISMO ?



Esmagadora percentagem dos habitantes do planeta, mergulhada na vida atribulada da atualidade, não está interessada nos problemas fundamentais da existência. A nossa prioridade tem sido a preocupação com os negócios, com a carreira profissional, com os prazeres, com os problemas particulares. Consideramos questões como a existência de Deus e a imortalidade da alma matéria de competência de sacerdotes, de ministros religiosos, de filósofos e teólogos.
Enquanto tudo vai bem em nossa vida, nem nos lembramos de que Deus existe e, quando lembramos, é apenas para fazer uma oração, ir ao templo, como se tais atitudes fossem simples obrigações, das quais todos temos que nos desincumbir de uma maneira ou de outra. A religião, para muitos de nós representa mera formalidade social, algo sem muito significado; no máximo, praticamos uma ¨ religião de fachada ¨, por desencargo de consciência, para estar de bem com Deus e com a sociedade.
Outros, inclusive, sequer têm firme convicção daquilo que professam, alimentando sérias dúvidas a respeito de Deus e da continuidade da vida após a morte. Quando, porém, somos surpreendidos por um grande problema, uma queda financeira desastrosa, a perda de um ente querido, uma decepção amorosa, uma doença incurável – fatos a que todos estamos sujeitos, sem exceção, - não encontramos em nós mesmos a fé necessária nem a compreensão para enfrentar o problema com coragem e resignação, caindo quase sempre, no desespero ou na apatia.
O conhecimento espírita abre-nos uma visão ampla e racional da vida, explicando-a de maneira convincente e permitindo-nos a iniciar uma transformação íntima, que nos aproxima de Deus. Esse processo de compreensão dos problemas da vida passa, invariavelmente, pelo conhecimento de nós mesmos (¨O Livro dos Espíritos¨, questão 919). Com a certeza da imortalidade, o homem trabalha, ama, espera, perdoa e se resigna; com a dúvida, impacienta-se, perde a perspectiva, por que nada espera do futuro.

Transcrito da obra ¨ ESPIRITISMO PASSA A PASSO COM KARDEC ¨ de Christiano Torchi, editada pela Federação Espírita Brasileira, 2ª edição, páginas 31 e 32.

O corpo é o envelope material que reveste temporariamente o Espírito para o cumprimento de sua missão sobre a Terra e a execução do trabalho necessário ao seu avanço.



R. E. 1865, p. 66: “As idéias do homem são em razão do que ele sabe; como em todas as descobertas importantes, a da construção dos mundos deveu dar-lhes um outro curso. Sob o império desses novos conhecimentos, as crenças devem se modificar; o céu foi transferido. A região das estrelas sendo sem limites não pode mais lhe servir. Onde ele está? Diante desta questão, todas as religiões permanecem mudas. O Espiritismo vem resolvê-la demonstrando o verdadeiro destino do homem. A natureza deste último e os atributos de Deus sendo tomados por ponto de partida, se chega à conclusão.
O homem é composto do corpo e do Espírito. O Espírito é o ser principal, o ser da razão, o ser inteligente; o corpo é o envelope material que reveste temporariamente o Espírito para o cumprimento de sua missão sobre a Terra e a execução do trabalho necessário ao seu avanço. O corpo usado se destrói e o Espírito sobrevive a essa destruição. Sem o Espírito, o corpo não é senão uma matéria inerte, como um instrumento privado do braço que o faz agir; no corpo, o Espírito é tudo: a vida e a inteligência. Deixando o corpo, ele reentra no mundo espiritual de onde tinha saído para se encarnar.
Há então o mundo corpóreo, composto dos Espíritos encarnados, e o mundo espiritual, formado dos Espíritos desencarnados. Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas com a aptidão de tudo adquirir e a progredir em virtude de seu livre-arbítrio. Pelo progresso, adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções e, em conseqüência, novos gozos desconhecidos aos Espíritos inferiores; eles vêem, ouvem, sentem e compreendem o que os Espíritos atrasados não podem nem ver, nem ouvir, nem sentir, nem compreender. A felicidade está em razão do progresso alcançado; de sorte que, de dois Espíritos, um pode não estar tão feliz quanto o outro, unicamente porque não é tão avançado intelectualmente e moralmente, sem que tenham necessidade de estar cada um num lugar distinto. Ainda que estando ao lado um do outro, um pode estar nas trevas, ao passo que tudo é resplendente ao redor do outro, absolutamente como para um cego e um vidente que se dão a mão; um percebe a luz, que não causa nenhuma impressão sobre seu vizinho. A felicidade dos Espíritos sendo inerente às qualidades que possuem, eles a haurem por toda parte onde se encontrem, na superfície da Terra, no meio dos encarnados ou no espaço.”
R. E. 1865, p. 37: “A Doutrina Espírita muda inteiramente a maneira de encarar o porvir. A vida futura não é mais uma hipótese, mas uma realidade; o estado das almas após a morte não é mais um sistema, mas um resultado da observação. O véu foi levantado; o mundo invisível nos aparece em toda sua realidade prática; não são os homens que o descobriram por esforço de uma concepção engenhosa; foram os próprios habitantes desse mundo que vieram nos descrever sua situação. Nós os vemos em todos os graus da escala espiritual, em todas as fases de felicidade ou de infelicidade; assistimos a todas as peripécias da vida de além-túmulo. Aí está para os espíritas a causa da calma com a qual eles encaram a morte, a serenidade de seus derradeiros instantes sobre a Terra. O que os sustenta não é somente a esperança, é a certeza; sabem que a vida futura não é senão a continuação da vida presente em melhores condições, e a esperam com a mesma confiança que esperam o alvorecer do Sol depois de uma noite de tempestade. Os motivos dessa confiança estão nos fatos de que são testemunhas e na concordância desses fatos com a lógica, a justiça e a bondade de Deus e as aspirações íntimas do homem.”

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Qualificações e Capacitações ( Oficinas e Cursos) feitas em ambito Regional pelo CRE10º Região


Veja na barra ao lado e confira as oficinas disponiveis, entre em contato com a sua UNIME ou UME, e agende a oficina que a Casa Espírita de sua cidade gostaria de ter, sempre em parcerias CRE/UNIME/UME.
E Logo que acertarmos os maiores detalhes estaremos nos qualificando juntos, para melhor Divulgarmos e Vivenciarmos a Doutrina Espírita, em nossas casas e consequentemente em nossas Vidas.

DEDO 10º Região Federativa.  Torres a Mostardas.

depedecima@yahoo.com.br

gilnei.teixeira@yahoo.com.br

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Livro dos Médiuns em seus 150 anos

Vinícius Lousada
    Na atualidade, não há compêndio de Espiritismo experimental mais oportuno que O Livro dos Médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores, de autoria do mestre Allan Kardec. Vindo a lume nos dias iniciais de janeiro de 1861 e editado pelo Sr. Didier, essa obra, segundo o Codificador, consistia no complemento de  O Livro dos Espíritos, com o seu cará ter científico. Mais tarde, Kardec vai considerá-la no rol das obras fundamentais do Espiritismo.
    A seu tempo, podia ser adquiri da na Livraria do Sr. Didier, tanto quanto no escritório da Revista Espírita, na passagem SaintAnne, em Paris, em grande volume in18, de 500 páginas. Em poucos meses do mesmo ano, o livro teve uma segunda edição, com nova formata ção e inteiramente revisada pelos Espíritos com numerosas observações valorosas de sua lavra, de tal forma que as palavras de Kardec manifestam que a obra era tanto deles quanto de seu autor.
    Fico a imaginar a emoção, em 1861, de médiuns e dirigentes de grupos espíritas sérios ao encontrarem na produção kardequiana orientação segura para o desenvolvimento e direcionamento feliz da mediunidade, a serviço de uma compreensão mais profunda do mundo invisível porque iluminada pelos saberes produzidos na cola boração interexistencial entre o mestre lionês e os Espíritos superiores, por sua vez, comandados pelo Espírito de Verdade.
Um guia seguro para lidar com a mediunidade

    Não se trata somente de mais um livro, é uma obra indispensável no campo de estudos e meditações em torno da mediunidade para que o seu exercício se torne serviço ao semelhante, seja pela constatação veraz da imortalidade da alma e a identificação de nossa natureza es piritual, seja pelo diálogo criativo e moralizante com os sempre vivos e, ainda, pelo esclarecimento que se pode dar aos sofredores desencar nados, cuja infelicidade a que se atre laram aguarda a terapêutica do Evan gelho de Jesus no verbo fraterno dos reencarnados, sob os auspícios dos benfeitores espirituais.
    Esse trabalho levado a bom ter mo por Allan Kardec é resultado de uma longa pesquisa experimental com Espíritos e médiuns, na qual o cientista, ao estabelecer um méto do de experimentação em conso nância com o objeto pesquisado – o mundo dos Espíritos e a filosofia ensinada pelos imortais –, considera seus informadores espirituais não como reveladores predestinados, mas como parceiros de estudos, cada qual contribuindo relativamente em seu patamar evolutivo.
    Em O Livro dos Médiuns, o Codificador exitosamente esclarece tudo que era referente às manifestações espíritas físicas e intelectuais, em seu contexto histórico, de acordo com os Espíritos superiores afim de desenvolver uma teoria espírita explicativa dos fenômenos, os mais variados, produzidos pelos habitantes do Mais Além; como também, das condições de sua reprodução e controle metodológico.
    No anúncio que faz da obra, na Revue Spirite, destaca que “sobre tudo a matéria relativa ao desenvolvimento e ao exercício da mediunidade mereceu de nossa parte uma atenção toda especial” .
    Desse modo, já nessa consideração do autor, somos convidados a levar em conta que, sobretudo os espíritas, podemos recolher em seu conteúdo um norte para o desenvolvimento seguro da mediunidade (no sentido kardequiano é um processo educativo do médium), e para o uso saudável dessa predisposição orgânica, natural e radicada no Espírito em sua capacidade comunicativa, quando manifesta de forma ostensiva.
    O leitor estudioso dessa obra nela encontra condições de compreender a fenomenologia que cerca a mediunidade, de que possa ser portador, os recursos teóricos para lidar com sucesso na vereda da convivência lúcida com os Espíritos e para o enfrentamento adequado de seus desafios e obstáculos que, ao serem encarados sem o devido conhecimento, geram decepções e tristes resultados como a obsessão ou o uso indevido da mediunidade.
    Por outro lado, na formação do dirigente e/ou do  “doutrinador” (evocador, como Kardec designava o responsável por dialogar com os Espíritos nas reuniões mediúnicas), a obra é igualmente de sumo valor para que levemos com retidão os diálogos sempre instrutivos que se pode obter com os desencarnados, sendo possível apresentarlhes ques tões em prol do esclarecimento moral e intelectual de todos nós, para o que nos orienta Kardec.
    Enfim, o espiritista convicto encontra nesse livro subsídio para entender melhor o Espiritismo, em sua complexidade,na medida em que a obra revela aspectos essenciais do caráter experimental da Doutrina dos Espíritos, não raramente desconsiderados.

Em prol da Moral e da Filosofia Espírita

    Com o advento de O Livro dos Espíritos, o Espiritismo abandonava seu período de curiosidade, caracterizado pela especulação nem sempre séria, em nível de entretenimento em que eram colocados os fenômenos espíritas por muita gente, na Europa do século XIX, e adentrava em seu período de obser vação ou filosófico no qual “o Espi ritismo é aprofundado e se depura, tendendo à unidade de doutrina e constituindose em Ciência”.
    Kardec via o Espiritismo como uma Ciência Moral 6 e, ao escre ver O Livro dos Médiuns, deixa um legado inolvidável, prevendo de antemão as críticas ciumentas ou personalistas que queriam fazer valer  sistemas particulares para a condução das lides mediúnicas, ou ainda, na explicação exclusivista destas, sem a chancela do  ensino coletivo dos Espíritos.
    Ainda, o cientista do invisível dá uma razão de ser grave à fenomenologia mediúnica para que se reco lham com os Espíritos ensinamentos sérios e úteis à nossa felicidade na vida espiritual, evitandose o desvio do fim providencial da me diunidade nas práticas espíritas.
    Respondendo aos seus críticos, que talvez supusessem desneces sária a severidade de princípios e conselhos obtidos nessa obra, sem querer  fundar escola, mas propa gar o direcionamento dado pelos Espíritos superiores à mediunida de no Espiritismo, Kardec coloca na fachada principal dessa pro posta o seu caráter moral e filosó fico, sobretudo em prol dos que se percebem necessitados das espe ranças e consolações que podem haurir na Doutrina e nos resultados da atividade mediúnica sob a orien tação maior de Jesus.
    Neste ano de comemorações do Sesquicentenário de O Livro dos Médiuns procuremos estudar com profunda gratidão, no plano individual e coletivo, este obra essencial no campo da mediunidade com Jesus e Kardec.


Estudando Kardec

“[...] Nós mesmos pudemos constatar, em nossas excursões, a influência salutar que esta obra exerceu sobre a direção dos estudos espíritas práticos; assim, as decepções e mistificações são muito menos numerosas do que outrora, porque ela ensinou os meios de frustrar as artimanhas dos Espíritos enganadores.”



Referências
1 KARDEC,Allan.O livro dos médiuns. In: Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 4, p. 22, jan. 1861. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010
2 Idem. Bibliografia – O livro dos médiuns – Segunda edição. In: Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 4, p. 517-518, nov. 1861. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. 3 KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. In: Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 4, p. 22, jan. 1861. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. 4 Idem. O livro dos médiuns. Trad. Guillon Ribeiro. 2. ed. esp. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 26. 5 KARDEC,Allan. Propagação do espiritismo. In: Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 1, p. 369, set. 1858. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009.6 LOUSADA, Vinícius. Em busca da sabedoria. Porto  Alegre: Editora Francisco Spinelli, 2010. p. 104.
7 KARDEC, Allan. Bibliografia: O livro dos médiuns – Segunda edição. In: Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 4, p. 517, nov. 1861.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2010.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Eu não aceito jamais nada sem exame e sem controle;



R. E. 1864, p. 103: “O controle universal é uma garantia para a unidade futura do Espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. É aí que, no porvir, se buscará o critério da verdade. O que fez o sucesso da Doutrina, formulada em O Livro dos Espíritos e em Livro dos Médiuns, é que, por toda parte, cada um pode receber diretamente dos Espíritos a confirmação daquilo que eles contêm. Se, de todas as partes, os Espíritos tivessem vindo contradizê-los, esses livros teriam depois de muito tempo tido a sorte de todas as concepções fantásticas. Mesmo o apoio da imprensa não os teria salvado do naufrágio, enquanto que, mesmo privados desse apoio, não deixaram de fazer um caminho rápido, porque tiveram o apoio dos bons Espíritos cuja boa vontade compensou, e ultrapassou, a má vontade dos homens. Assim o será de todas as idéias emanadas dos Espíritos e dos homens, que não puderem suportar a prova desse controle, do qual ninguém pode contestar o poder.”
R. E. 1859, p. 176: “Os Espíritos são aquilo que são, e não podemos mudar a ordem das coisas; não sendo todos perfeitos, não aceitamos suas palavras senão sob análise e não com a credulidade das crianças; julgamos, comparamos, tiramos as conseqüências de nossas observações, e mesmo seus erros são para nós ensinamentos, porque não fazemos abnegação de nosso discernimento.
Essas observações se aplicam igualmente a todas as teorias científicas que os Espíritos possam dar. Seria muito cômodo ter apenas que os interrogar para encontrar a ciência toda feita, e para possuir todos os segredos industriais: não adquirimos a ciência senão ao preço do trabalho e das pesquisas; sua missão não é de nos livrar desta obrigação. Sabemos aliás, que não somente nem todos não sabem tudo, mas que há entre eles, como entre nós, falsos sábios, que crêem saber aquilo que não sabem, e falam daquilo que ignoram com o mais imperturbável desembaraço. Um Espírito poderia então dizer que é o Sol que gira em torno da Terra e não o contrário, e sua teoria não seria mais verdadeira porque vinda de um Espírito. Que aqueles que nos supõem uma credulidade assim pueril, saibam pois que tomamos toda opinião exprimida por um Espírito por uma opinião individual; que não a aceitamos senão depois de a haver submetido ao controle da lógica e dos meios de investigação que a própria ciência Espírita nos forneceu.”

R. E. 1859, p. 180: “Direi primeiro que, segundo o seu conselho – o conselho de seus Guias – Eu não aceito jamais nada sem exame e sem controle; não adoto uma idéia a não ser que ela me pareça racional, lógica, se está de acordo com os fatos e as observações, se nada de sério a vem contradizer. Mas meu julgamento não poderia ser um critério infalível; o consentimento que tenho encontrado junto de uma multidão de gente mais esclarecida do que eu é para mim uma primeira garantia; encontro uma outra, não menos preponderante, no caráter das comunicações que me têm sido feitas desde que me ocupo com o Espiritismo; jamais, posso dizê-lo, escapou uma única dessas palavras, um só desses sinais pelos quais se traem os Espíritos inferiores, mesmo os mais astuciosos; jamais dominação; jamais conselhos equivocados ou contrários à caridade e à benevolência, jamais prescrições ridículas; longe disso, não encontrei neles senão pensamentos grandes, nobres, sublimes, isentos de pequenez e mesquinharia; em uma palavra, suas relações comigo, nas menores, como nas maiores coisas, têm sido sempre tais que, se tivesse sido um homem que me houvesse falado, eu o teria pelo melhor, o mais sábio, o mais prudente, o mais moral e o mais iluminado. Eis, senhores, os motivos de minha confiança, corroborada pela identidade de ensinamento dado a uma multidão de outras pessoas, antes e depois da publicação de minhas obras...”
R. E. 1859, p. 182: “Pode-se diferir de opinião sobre pontos da ciência sem se morder e se atirar pedras; é mesmo muito pouco digno e muito pouco científico fazê-lo. Busque de seu lado como buscamos do nosso; o porvir dará razão àquele de direito. Se nos enganamos, não tenhamos o tolo amor-próprio de nos obstinar com idéias falsas; mas há princípios sobre os quais se está certo de não se enganar: são o amor do bem, a abnegação, a abjuração de todo sentimento de inveja e ciúme; esses princípios são os nossos, e com esses princípios pode-se sempre simpatizar sem se comprometer; é o laço que deve unir todos os homens de bem, qualquer que seja a divergência de suas opiniões: somente o egoísmo coloca entre eles uma barreira intransponível.”
R. E. 1859, p. 183: “Onde quer que chegue, minha vida está consagrada à obra que empreendemos, e serei feliz se meus esforços puderem ajudar a fazê-la entrar na via séria que é sua essência, a única que poderá assegurar seu porvir. O objetivo do Espiritismo é fazer melhores aqueles que o compreendem; tratemos de dar o bom exemplo e de mostrar que para nós a Doutrina não é letra morta; em uma palavra sejamos dignos dos bons Espíritos, se queremos que os bons Espíritos nos assistam. O bem é uma couraça contra a qual virão sempre se quebrar as armas da malevolência.”

RE Allan Kardec
Por G. Teixeira