Caravana da Fraternidade

Caravana da Fraternidade
Francisco Spinelli

domingo, 20 de maio de 2012

Pensamentos e Fluidos. Por Allan Kardec. “Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável”...



“Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável” - (Allan Kardec - A Gênese, cap. XIV, item 16).

Vimos que o pensamento exerce uma poderosa influência nos fluidos espirituais, modificando suas características básicas. Os pensamentos bons impõem-lhes luminosidade e vibrações elevadas que causam conforto e sensação de bem estar às pessoas sob sua influência. Os pensamentos maus provocam alterações vibratórias contrárias às citadas acima. Os fluidos ficam escuros e sua ação provoca mal estar físico e psíquico.

Pode-se concluir assim, que em torno de uma pessoa, de uma família, de uma cidade, de uma nação ou planeta, existe uma atmosfera espiritual fluídica, que varia vibratoriamente, segundo a natureza moral dos Espíritos envolvidos.

À atmosfera fluídica associam-se seres desencarnados com tendências morais e vibratórias semelhantes. Por esta razão, os Espíritos superiores recomendam que nossa conduta, nas relações com a vida, seja a mais elevada possível. Uma criatura que vive entregue ao pessimismo e aos maus pensamentos, tem em volta de si uma atmosfera espiritual escura, da qual aproximam-se Espíritos doentios. A angústia, a tristeza e a desesperança aparecem, formando um quadro físico-psíquico deprimente, que pode ser modificado sob a orientação dos ensinos morais de Jesus.

“A ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais tem conseqüências de importância direta e capital para os encarnados. Desde o instante em que tais fluidos são o veículo do pensamento; que o pensamento lhes pode modificar as propriedades, é evidente que eles devem estar impregnados das qualidades boas ou más, dos pensamentos que os colocam em vibração, modificados pela pureza ou impureza dos sentimentos” - (Allan Kardec - A Gênese, cap. XIV, item 16).

À medida que cresce através do conhecimento, o homem percebe que suas mazelas, tanto físicas quanto espirituais, é diretamente proporcional ao seu grau evolutivo e que ele pode mudar esse estado de coisas, modificando-se moralmente. Aliando-se a boas companhias espirituais através de seus bons pensamentos, poderá estabelecer uma melhor atmosfera fluídica em torno de si e, consequentemente, do ambiente em que vive. Resumindo, todos somos responsáveis pelo estado de dificuldades morais que vive o planeta atualmente.

“Melhorando-se, a humanidade verá depurar-se a atmosfera fluídica em cujo meio vive, porque não lhe enviará senão bons fluidos, e estes oporão uma barreira à invasão dos maus. Se um dia a Terra chegar a não ser povoada senão por homens que, entre si, praticam as leis divinas do amor e da caridade, ninguém duvida que não se encontrem em condições de higiene física e moral completamente outras que as hoje existentes” - (Allan Kardec - Revista Espírita, Maio, 1867).


terça-feira, 1 de maio de 2012

ESTUDO SISTEMATIZADO DA DOUTRINA ESPÍRITA–ESDE - EADE. IMPORTÂNCIA DO ESTUDO SISTEMATIZADO DA DOUTRINA ESPÍRITA




IMPORTÂNCIA DO ESTUDO SISTEMATIZADO DA DOUTRINA ESPÍRITA.

A necessidade de sistematização do estudo do Espiritismo foi antevista por Allan Kardec, conforme se lê no Projeto 1868, inserido em “Obras Póstumas”, in verbis:
“Um curso regular de Espiritismo seria professado com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios (…) Considero esse curso como de natureza a exercer capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suas conseqüências.”

Nas palavras de Kardec, um curso regular de Espiritismo exerceria “capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suas conseqüências”. E isso porque, sendo o crivo da razão o princípio básico de aceitação das idéias espíritas, a divulgação do Espiritismo reclamava a formação de adeptos esclarecidos, que fossem capazes de manter a Doutrina isenta dos erros e dos desvios causados pela ignorância.

Com o passar do tempo, a urgência de se organizar um estudo metódico do Espiritismo foi-se impondo, notadamente no Brasil, à medida que se ia intensificando a procura do público pelas Casas Espíritas. Esse afluxo crescente de pessoas em busca da informação doutrinária, causado, em grande parte, pela ampla divulgação do Espiritismo, passou a preocupar os líderes do Movimento Espírita. Tornava-se necessário proporcionar aos freqüentadores do Centro Espírita a oportunidade de estudarem o Espiritismo de forma sistematizada, quando os conteúdos doutrinários lhes seriam apresentados ordenadamente, obedecendo a uma seqüência lógica de assuntos inter-relacionados.
Não faltou o apelo do Plano Espiritual no mesmo sentido, tanto que o Espírito Angel Aguarod, em mensagem recebida, em 1977, na Federação Espírita do Rio Grande do Sul, enfatiza:
“Cabe, pois, aos espíritas, responsáveis pelo Movimento Espírita, uma ampla tarefa de divulgação das obras básicas da Doutrina, promovendo um estudo sistemático das mesmas.”

Finalmente, em 1983, ocorre o lançamento da Campanha do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), em reunião memorável do Conselho Federativo Nacional. Na ocasião, o Espírito Bezerra de Menezes, em mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, acentuou: “Um programa de estudo sistematizado da Doutrina Espírita, sem nenhum demérito para todas as nobres tentativas que têm sido feitas ao longo dos anos (…) é o programa da atualidade sob a inspiração do Cristo.


CONCEITO E OBJETIVO

O ESDE é uma reunião privativa de grupos, a qual objetiva o estudo metódico, contínuo e sério do Espiritismo, com programação fundamentada na Codificação Espírita.
Embora seja óbvio que o seu objetivo é o de estudar o Espiritismo de forma metódica, contínua e séria, com programação fundamentada na Codificação Espírita, não é demais ressaltar esse aspecto, uma vez que, ocasionalmente, se veem tentativas de se incluírem, nos cursos de ESDE, teorias estranhas ao contido nas obras básicas do Espiritismo. Desse modo, é preciso que estejamos sempre alertas, uma vez que o ESDE visa ao estudo sistematizado do Espiritismo e nada mais.


CONSEQUÊNCIAS DO ESDE

Não obstante a definição muito clara do seu objetivo, que é o de estudar a Doutrina Espírita, o ESDE traz conseqüências bastante amplas para aqueles que o freqüentam. Essas conseqüências podem-se resumir da seguinte maneira:
1) facilita a reforma íntima;
2) garante a unidade de princípios em torno do estudo, facultando a compreensão e a assimilação corretas dos princípios doutrinários espíritas;
3) proporciona a propagação da doutrina espírita nas bases em que foi codificada;
4) desenvolve a fé raciocinada;
5) contribui para o desenvolvimento de oradores mais bem preparados;
6) possibilita o entendimento do verdadeiro sentido da palavra caridade, induzindo à sua prática;
7) favorece a participação de todos e a criação de condições favoráveis para o desenvolvimento da criatividade, da colaboração e da responsabilidade.


ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO

É imprescindível que os participantes do ESDE vejam nas demais atividades da Instituição Espírita seus espaços de trabalho.
A sua organização obedece a um esquema básico administrativo e pedagógico:
Administrativo:
a) Coordenador Geral
b) Monitor
c) Participante
d) Secretaria
e) Biblioteca


Atribuições do Coordenador Geral:

* administrar as atividades do Departamento ou do Setor;
* elaborar o plano de atividade do ano;
* apresentar o planejamento das atividades do ESDE à Diretoria;
* constituir o quadro de monitores para as diversas turmas;
* freqüentar, junto com a sua equipe, cursos de aperfeiçoamento doutrinário-pedagógico.
* Atribuições do Monitor:
* desenvolver o plano de trabalho elaborado;
* comparecer às atividades com assiduidade e pontualidade;
* comunicar, com antecedência, os seus impedimentos;
* participar de cursos de aperfeiçoamento doutrinário-pedagógico;
* manter em dia o registro de freqüência de sua turma;
* participar das reuniões doutrinário-pedagógicas organizadas pela Coordenação.

Atribuições do participante:

* frequentar as reuniões de estudos com assiduidade e pontualidade;
* justificar ao monitor as suas faltas e atrasos;
* acatar as normas de funcionamento do Curso;
* participar das atividades extraclasse;
* participar das reuniões confraternavas constantes do plano de atividades do Curso.


DIVISÃO DO PROGRAMA

Programa dos estudos para 10 anos conforme programa do ESDE e EADE da FEB, abaixo apresentado:

Programa Fundamental – Tomo I
Módulo I: Introdução ao estudo do Espiritismo
Módulo II: A codificação espírita
Módulo III: Deus
Módulo IV: Existência e sobrevivência do Espírito
Módulo V: Comunicabilidade dos Espíritos
Módulo VI: Reencarnação
Módulo VII: Pluralidade dos mundos habitados
Módulo VIII: Lei divina ou natural
Módulo IX: A lei de adoração.
OBS: São conteúdos doutrinários existentes em O Livro dos Espíritos: introdução, primeira, segunda e terceira partes.


Programa Fundamental – Tomo II
Módulo X: Lei de liberdade
Módulo XI: Lei de progresso
Módulo XII: Lei de sociedade e Lei do trabalho
Módulo XIII: Lei de destruição e Lei de conservação
Módulo XIV: Lei de igualdade
Módulo XV: Lei de reprodução
Módulo XVI: Lei de justiça, amor e caridade
Módulo XVII: A Perfeição Moral
Módulo XVIII: Esperanças e Consolações

OBS: São conteúdos doutrinários existentes em O Livro dos Espíritos: terceira e quarta partes.

Programa Complementar – Tomo Único
Módulo I: Vida no mundo espiritual
Módulo II: Fluidos e perispírito
Módulo III: O fenômeno de intercomunicação mediúnica
Módulo IV: Dos médiuns
Módulo V: Da prática mediúnica
Módulo VI: Obsessão e desobsessão
Módulo VII: Fenômenos de emancipação da alma
Módulo VIII: A evolução do pensamento religioso
Módulo IX: Movimento Espírita e Unificação

Estudo aprofundado da Doutrina Espírita
RELIGIÃO À LUZ DO ESPIRITISMO – TOMO I
Módulo I: Antecedentes do Cristianismo
Módulo II: O Cristianismo
RELIGIÃO À LUZ DO ESPIRITISMO – TOMO II – parte I
Módulo I: Metodologia para o estudo do evangelho à luz da Doutrina Espírita
Módulo II: Ensinos diretos de Jesus
Módulo III: Ensinos por parábolas
Módulo IV: Aprendendo com as curas
Módulo V: Aprendendo com fatos cotidianos
Módulo VI: Aprendendo com fatos extraordinários
SINOPSE:
O Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita, EADE, tem como finalidade aperfeiçoar o conhecimento do Espiritismo. Trata-se de um Curso destinado às pessoas que demonstram possuir entendimento básico dos postulados espíritas e que, espontaneamente, desejam prosseguir nos estudos regulares e sistematizados da Doutrina Espírita. O Curso está organizado em dois programas: Religião à Luz do Espiritismo e Ciência Espírita. O programa Religião à Luz do Espiritismo contém três tomos, assim especificados: Tomo I – Cristianismo e Espiritismo. Tomo II – Ensino e Parábolas de Jesus. Tomo III – Espiritismo, o Consolador Prometido por Jesus. O programa Ciência Espírita está desenvolvido em dois conteúdos: Tomo I – Aspectos Filosóficos da Doutrina Espírita. Tomo II – Aspectos Científicos da Doutrina Espírita.


Postado por : Gilnei Teixeira

Allan Kardec - O Libertador de Consciências

A. Merci Spada Borges
"Se me amardes, guardareis os meus mandamentos e eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador para que fique convosco para sempre, o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber porque não o vê e nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos! Voltarei para vós! Mas aquele Consolador, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito". (João, 14:15-18 e 26)
A marcha evolutiva da Humanidade prosseguiu lenta, ininterrupta... Séculos dobraram sobre séculos; lutas intermináveis, perseguições constantes contra os seguidores do Cristo; testemunhos e mortes dolorosas, guerras, violências marcaram o carreiro evolutivo do homem sobre a Terra. Todavia, dos Planos Maiores o Divino Nazareno permanece velando pelas ovelhas que o Pai lhe destinara.
Finalmente soam os clarins, desponta a alvorada do século XIX. Século em que a Filosofia, após atingir, no século anterior, o apogeu do Iluminismo, expande-se em todas as direções. A Ciência, rompidos os grilhões que a atavam ao Clero, desprende-se da Filosofia e parte para a comprovação dos fatos através das múltiplas experimentações. Prenuncia-se a liberdade de pensamento em prol da evolução intelectual.
Campo preparado! Semeadores a postos! Em pontos estratégicos, renascem os cultivadores. A sementeira do bem, fecundada lentamente durante a noite prolongada dos tempos, eclode no silêncio dos corações.
Nenhum outro país, senão a França apresenta condições tão favoráveis para a implantação do Consolador que Jesus prenunciara. E, Paris, a capital francesa, mais do que nunca, se encontra em condições de oferecer campo fértil para as conquistas culturais e expandir o desenvolvimento intelectual, não somente para a Europa, como também para uma grande parte do Planeta. Preparado o local, a Terra se engalana para acolher o Mensageiro de Jesus. É o momento de apresentar ao mundo o Consolador, descortinando a Era do Espírito Imortal.
A escolha recaíra sobre um Espírito que, em remota encarnação, fora um sacerdote druida, com o nome de Allan Kardec, ali mesmo nas Gálias de outros tempos. Por amor ao Cristo tornou-se mártir por mais de uma encarnação; cresceu em experiências relevantes e em sabedoria.
Espírito de escol, sabia que a missão exigia enfrentar os mais árduos obstáculos, as mais dolorosas vicissitudes, mas também sabia que Jesus velaria incansável: " Não vos deixarei órfãos! Eu estarei convosco!".
Assim, reencarna um plêiade de Espíritos que deveria colaborar com o Mensageiro do Cristo na divulgação dos conhecimentos não só morais e doutrinários, mas também científicos, filosóficos e artísticos em diferentes países, a fim de preparar o alicerce para a grande edificação moral que haveria de alcançar a Humanidade cansada e aflita: O Consolador.
Completa-se nos Planos Luminares a estrutura de toda a programação e, no dia 3 de outubro de 1804, na cidade francesa de Lyon, Jeanne Louise Duhamel e o esposo, Jean Baptiste Antoine Rivail, acolhem nos braços o filhinho que recebe o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail, aquele que seria o Codificador do Espiritismo: a "Religião do Amor que viria empreender a batalha da transformação moral (...) religando em perfeita união o Criador e a criatura".
Desde a primeira infância Rivail já revela desenvoltura e inteligência ímpares.
Aos dez anos inicia os seus estudos no instituto de Yverdon, na Suíça, dirigido pelo famoso pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi, que fora influenciado pelas idéias de Jean-Jacques Rousseau. O objetivo do grande educador suíço é assimilado desde cedo pelo pequeno Rivail: " Melhorar a educação e a instrução das crianças pobres".
Esse Instituto abrigou e preparou uma grande parte dos maiores vultos da intelectualidade européia.
Após os longos estudos, instala-se, o jovem Rivail, em Paris, "a capital cultural do mundo", iniciando suas atividades de professor.
Sua primeira grande preocupação é pôr em prática os ideais sedimentados na moderna educação que recebera: "(...) auxiliar os pequeninos nas difíceis (...) e aborrecidas questões de cálculos aritméticos (...)". Entregou-se ao estudo e à pesquisa dos melhores e mais avançados métodos para solucionar o problema.
De sua dedicação surge seu primeiro livro: Cours d’Arithmétique. Apenas 20 anos tem o jovem escritor!
Esse livro é o marco inicial de uma série de obras educacionais e pedagógicas que vão surgindo ao longo de sua brilhante e árdua carreira de educador. Aos 28 anos casa-se com a jovem Amélie Boudet, que haveria de tornar os seus dias mais suaves.
Pesquisador por excelência, o jovem Rivail entra em contato com a nova ciência do Magnetismo que se introduz na França pelas mãos do médico e cientista alemão, formado por Viena, Franz Anton Mesmer.
Descobrira Mesmer, através de múltiplas experimentações, que o magnetismo é uma energia produzida pelo próprio homem e que se exterioriza pelo poder da vontade. E que, direcionada para o bem, produz efeitos curativos.
Constataram os adeptos da nova ciência que extraordinárias curas se efetuam através da imposição das mãos dos magnetizadores.
Essa ciência nada mais faz do que revelar a lei, embora desconhecida dos homens, utilizada por Jesus na cura de doentes e obsidiados, durante sua peregrinação terrena. Rivail, com grande interesse, acompanha o desenvolvimento desse fenômeno ao lado de inúmeros magnetizadores que compõem o rol de seus amigos.
Mais tarde, Allan Kardec associa o fluido magnético à Doutrina Espírita, como elemento indispensável ao tratamento do corpo e da alma, bem como dos processos obsessivos, destacando sua importância na comunicabilidade dos Espíritos. Hoje, popularizado com o nome de Passe ou Bioenergia.
Atinge, o emérito professor, a madureza dos 50 anos, forjados no trabalho digno. Ouve falar, pela primeira vez, sobre um estranho fenômeno que começa a intensificar-se nos salões elegantes da época: o fenômeno das mesas girantes. No início, o experiente educador não demonstra interesse; acredita tratar-se de frivolidades passageiras, quando então, seu amigo, o Senhor Fortier, antigo magnetizador, o informa:
- "Já sabe da singular propriedade que se acaba de descobrir no magnetismo? Parece que já não são somente as pessoas que se podem magnetizar, mas também as mesas, conseguindo-se que elas girem e caminhem à vontade".
Para o grande pensador aquilo não parecia tão estranho, pois, pela lógica, o magnetismo é energia e como tal pode ser capaz de movimentar objetos. Algum tempo depois o mesmo amigo retorna:
- "Temos uma coisa muito mais extraordinária; não só se consegue que uma mesa se mova, magnetizando-a, como também que fale. Interrogada, ela responde".
"Isto agora - replica o Prof. Rivail - é outra questão. Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto para fazer-nos dormir em pé".
Os fenômenos se multiplicavam por toda parte, os amigos não se cansavam de falar-lhe sobre o fato; finalmente Rivail aceita o convite de um outro amigo, o Sr. Pâtier, para assistir às experiências que se realizavam em casa da Sra. de Plainemaison. " Foi aí - diz o Prof. Rivail - que, pela primeira vez, presenciei o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida."
Em todas as épocas, em todos os lugares sempre ocorreram os mais diferentes gêneros de comunicações dos Espíritos; contudo, o fenômeno das mesas girantes é considerado o ponto de partida do Espiritismo, termo, esse, criado por Allan Kardec.
Assim, o ilustre educador passou a observar atentamente os fatos, chegando à conclusão de que os movimentos e as comunicações eram provocados por seres inteligentes. Percebeu que a inteligência que atuava sobre a mesa era obediente às ordens dadas. Todavia, para que o fenômeno se realizasse era necessária a presença de pessoas portadoras de mediunidade. Notou-se também que o material ou o tipo de mesa não influenciava a comunicação.
A partir de então, através dos movimentos da mesa o Espírito passa a responder por um sim ou um não, segundo o número de pancadas convencionadas.
"Aperfeiçoou-se essa arte de comunicação pelo sistema alfabético de pancadas." Todavia, a lentidão levou a outros métodos. Após vários estudos concluiu-se que os diferentes meios adotados (cestas, pranchetas, mesas, etc.) poderiam ser substituídos pelas mãos dos médiuns. A esse novo método o eminente Codificador denominou psicografia direta ou manual.
Em casa da família Baudin, através da mediunidade das duas senhoritas Baudin, Hippolyte Léon Denizard Rivail entra em contato com o Espírito Zéfiro que se tornou grande auxiliar de seus trabalhos.
Diria então:
"(...) percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da Humanidade, a solução que eu procurara em toda a minha vida. Era, em suma, toda uma revolução nas idéias e nas crenças (...)".
A partir de então Rivail passou a levar "para cada sessão uma série de questões preparadas e metodicamente dispostas. Eram sempre respondidas com precisão, profundeza e lógica (...) Eu, a princípio, cuidara apenas de instruir-me; mais tarde, quando vi que aquilo constituía um todo e ganhava as proporções de uma doutrina, tive a idéia de publicar os ensinos recebidos, para instrução de toda a gente. Foram aquelas mesmas questões que, sucessivamente desenvolvidas e completadas, constituíram a base de O Livro dos Espíritos".
Estava pronto o alicerce da Doutrina que Rivail denominou Espiritismo, a Doutrina revelada pelos Espíritos. O Codificador era educador emérito, com vários livros publicados, e a doutrina dos Espíritos não poderia permanecer sob a sua sombra, haveria de crescer por si só e transformar-se numa árvore frondosa. Em sua humildade de Embaixador do Cristo apagou-se o grande professor Rivail e surgiu o desconhecido Allan Kardec, nome que tivera, havia muitos séculos, como sacerdote druida.
Assim "O Livro dos Espíritos", compêndio de Filosofia Espiritualista, foi publicado em 18 de abril de 1857. A obra alcançou êxito extraordinário, despertou a atenção de muitos. Os pedidos se sucediam e a primeira edição esgotou-se rapidamente. Em 18 de março de 1869 vem a lume a 2ª edição, inteiramente refundida e consideravelmente ampliada, com 1.019 questões elaboradas por Allan Kardec e respondidas pelos Espíritos. O alicerce da grande construção está concluído.
Logo após a publicação da primeira edição de "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec se entrega à elaboração da Revista Espírita.
As dificuldades foram enormes, o trabalho incansável, mas o grande batalhador não se deixa esmorecer e a 1º de janeiro de 1858 vem a público o primeiro número da Revista Espírita. A partir de então "(...) os números se sucediam mensalmente, sem interrupção". A Revista foi o porta-voz, o grande auxiliar na divulgação e expansão da Doutrina Espírita. Tornou-se a mensageira, o elo de ligação entre Paris e as diversas partes do Mundo. No mesmo ano, 1858, em 1º de abril, Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Instituição que, sob a sua presidência, passa a abrigar todas as reuniões do grupo espírita.
Muitas vezes, tentou afastar-se da direção, não o conseguindo por insistência dos seus colaboradores e dos Espíritos Reveladores. Consultas e orientações são solicitadas de todos os continentes para a instalação de novos núcleos. O trabalho é árduo. Entre os colaboradores fiéis se infiltram os detratores, mas o Mensageiro do Cristo não desanima, luta e prossegue na sua tarefa de reerguimento moral. Ele sabe que o tempo urge, não se detém, a obra não pode ser prejudicada.
A 15 de janeiro de 1861 publica mais uma obra da Codificação - "O Livro dos Médiuns"- que contém as bases científicas e experimentais da Doutrina.
As paredes do grande edifício educacional da Humanidade começam a erguer-se. O combate dos inimigos recrudesce. Em setembro desse mesmo ano o Sr. Lachâtre, amigo de Allan Kardec, residente, então, em Barcelona, na Espanha, encomenda-lhe 300 volumes, entre os quais "O Livros dos Espíritos", "O Livros dos Médiuns", coleções da Revista Espírita, obras e brochuras diversas sobre o assunto. Aportando no seu destina, as obras são apreendidas sob as ordens do Bispo, que ordena a queima delas em praça pública pelas mãos do carrasco, através do Auto-de-Fé.
Um abuso de poder, a mercadoria tinha dono e entrara legalmente no país. "A execução da sentença foi marcada para 9 de outubro de 1861. (...) no local onde são executados os criminosos condenados ao derradeiro suplício (...)".
Resquícios de Inquisição! Os jornais de maior circulação da Espanha noticiam o fato. Um pintor, ali mesmo no local da execução, desenhou uma aquarela representando o ato abominável e apressa-se em enviá-la ao Codificador. Outros lhe enviam porções das cinzas com fragmentos legíveis das folhas queimadas, que o Codificador teve o cuidado de conservar em uma urna de cristal.
Este foi um fato histórico de grande relevância para os anais do Espiritismo, conforme previra o Espírito de Verdade, em comunicação de 21 de setembro de 1861, quando Kardec lhe indaga se conviria prosseguir na reclamação para restituição das obras apreendidas:
"Mas, ao meu parecer, desse auto-de-fé resultará maior bem do que o que adviria da leitura de alguns volumes. A perda material nada é, a par da repercussão que semelhante fato produzirá em favor da Doutrina (...) A queima dos livros determinará uma grande expansão das idéias espíritas e uma procura febricitante das obras dessa doutrina".
Uma nova obra está em vias de se completar. Silenciosamente ele vai estruturando-a. Ele sabe que sua publicação provocará a reação do clero, pois seu conteúdo ataca "as penas eternas e outros pontos nos quais ele baseia sua influência e seu crédito".
Recorre aos Espíritos; o reconforto vem do mais Alto: "Aproxima-se a hora em que te será necessário apresentar o Espiritismo qual ele é, mostrando a todos onde se encontra a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo. (...) Ao te escolherem, os Espíritos conheciam a solidez das tuas convicções e sabiam que a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques".
"Com esta obra, o edifício começa a libertar-se dos andaimes e já se lhe pode ver a cúpula a desenhar-se no horizonte. Continua, pois, sem impaciência e sem fadiga; o monumento estará pronto na hora determinada".
O mês de abril é pródigo em realizações. Assim, mais uma vez, em abril de 1864 surge a primeira edição da obra monumental: "Imitação de O Evangelho segundo o Espiritismo". Nas edições subseqüentes o seu título é substituído por "O Evangelho segundo o Espiritismo", atendendo à insistência de seus amigos e em especial de seu editor, o Sr. Didier.
A ira do Clero explode violenta e, a 1º de maio do mesmo ano, Roma inclui as obras espíritas no Index (Catálogo de obras perigosas, portanto, proibidas pela Igreja).
Mais uma vez a atitude do Clero favoreceu a expansão da Doutrina Espírita.
A partir de então "a maioria das livrarias apressaram-se a pôr essas obras em evidência". E como normalmente acontece com as coisas proibidas, a curiosidade humana facilitou a sua divulgação. As emoções se sucedem, o trabalho é árduo, o discípulo do Cristo prossegue sem descanso, chega a pôr-lhe em risco a própria saúde.
O Espírito amigo Dr. Demeure alerta-o: " Precisas de repouso; as forcas humanas têm limites que o desejo de que o ensino progrida te leva muitas vezes a ultrapassar. Estás errado, porquanto, procedendo assim não apressarás a marcha da Doutrina, mas arruinarás a tua saúde e te colocarás na impossibilidade material de acabar a tarefa que vieste desempenhar neste mundo (...)".
Mais ponderado, o Codificador prossegue. Não importam as injustiças, a ingratidão, os ataques constantes, ele não pode parar: palestras, viagens de orientações, auxílio aos necessitados. Por toda parte florescem os seus princípios de Amor e Caridade para com os desvalidos da sorte.
Ressalta como máxima da Doutrina nascente: "Fora da Caridade não há salvação".
No ano seguinte, em 1º de agosto de 1865, segundo Henri Sausse, vem a público "O Céu e o Inferno". Em 6 de janeiro de 1868 era editado o quinto livro da Codificação: "A Gênese".
A Doutrina Espírita está Codificada: Ciência, Filosofia e Religião, os três pilares da monumental edificação - produto da aliança estabelecida entre os dois planos da vida.
O Espiritismo se expande por toda parte, levando a todos os corações O Consolador prometido por Jesus. O Mensageiro do Cristo já não tem a saúde dos primeiros tempos; o coração cansado, pelo excesso de trabalho e por fortes emoções, resolve retirar-se para local onde já tinha casa de sua propriedade. Os colaboradores estão em condições de prosseguir na tarefa de divulgação.
Último dia de março, 1869, nos escritórios da Revista Espírita Allan Kardec ultima os preparativos, ordenando tudo a fim de poder transferir-se para a Avenida e Vila Ségur, 39.
Não há tempo, "o bom-senso encarnado" ali mesmo tomba em conseqüência da ruptura de um aneurisma. E o Codificador, aos 65 anos, retorna à Pátria Espiritual com a consciência tranqüila pelo dever bem cumprido.
"Todos os jornais consagram um artigo especial à memória daquele homem" que, com saber, dignidade e renúncia erigiu, com as revelações dos Espíritos, um monumental corpo de doutrina.
Assim, o Espiritismo, nos seus aspectos filosófico, científico e religioso, vem demonstrar ao homem, de forma lógica e racional, que a dor é produto de seus próprios erros e o progresso depende do esforço encetado nas diferentes reencarnações, instrumento da justiça suprema do Eterno Pai.

  1. Novo Testamento, João, 14:15-18 e 26.
  2. WANTUIL, Zêus e THIESEN, Francisco. Allan Kardec, vol. I, 4ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990, 210p.
  3. Pequeno Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse. Ed. Larousse do Brasil.
  4. KARDEC, Allan. Obras Póstumas, 28ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, 398p.
  5. KARDEC, Allan. O Livros dos Médiuns, 63ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, 488p.
  6. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 114ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997, 437p.
  7. KARDEC, Allan. Revista Espírita, Anos 1860 e 1869. Ed. Edicel, São Paulo.
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G. T.