Caravana da Fraternidade

Caravana da Fraternidade
Francisco Spinelli

quinta-feira, 31 de março de 2011

Àqueles que querem ver os fenômenos antes de crer no Espiritismo, Allan Kardec dá estes sábios conselhos:


Àqueles que querem ver os fenômenos antes de crer no Espiritismo, Allan Kardec dá estes sábios conselhos:
R. E. 1861, p. 130: “Seria, de resto, bastante inconveniente que a propagação da Doutrina ficasse subordinada à publicidade de nossas reuniões: por mais numeroso que pudesse ser o auditório, ele seria sempre fortemente restrito, imperceptível, comparado à massa da população. Por outro lado nós sabemos, por experiência, que a verdadeira convicção não se adquire a não ser pelo estudo, pela reflexão e por uma observação sustentada, e não, assistindo a uma ou duas sessões, por mais interessantes que elas sejam, e isto é tão verdadeiro, que o número dos que crêem sem nada terem visto, mas porque eles têm estudado e compreendido, é imenso. Sem dúvida o desejo de ver é muito natural, e estamos longe de censurar, mas queremos que o fenômeno seja visto em condições de aproveitamento. Eis porque dizemos: Primeiramente estude, e em seguida veja, porque assim compreenderá melhor. Se os incrédulos refletissem sobre essa condição, eles extrairiam a melhor garantia, em primeiro lugar, de nossa boa fé, e em seguida da potência da Doutrina. Aquilo que o charlatanismo mais teme é ser compreendido; ele fascina os olhos e não é bastante tolo para se dirigir à inteligência que descobriria facilmente a sua farsa. O Espiritismo, ao contrário, não admite confiança cega; quer ver claramente em tudo; quer que se compreenda tudo, que se leve em conta tudo; então quando prescrevemos o estudo e a meditação, isto é apelar ao concurso da razão, e provar que a ciência espírita não teme o exame, pois que antes de crer nós fazemos do compreender uma obrigação.”
R. E. 1861 p. 377: “Quem tem a intenção de organizar um grupo em boas condições deve antes de tudo se assegurar do concurso de alguns adeptos sinceros, que levem a Doutrina a sério e cujo caráter conciliador e benevolente lhe seja conhecido. Com esse núcleo formado, que seja de três ou quatro pessoas, se estabelecerá regras precisas, seja para as admissões, seja para a direção das reuniões e para a ordem dos trabalhos, regras às quais os recém chegados terão de se conformar... A primeira condição a impor, se não se deseja ser a cada instante distraído por objeções ou questões ociosas, é pois o estudo preliminar. A segunda é uma profissão de fé categórica e uma adesão formal à Doutrina do Livro dos Espíritos e certas outras condições especiais que se julgar a propósito. Isto é para os membros titulares ou dirigentes; para os ouvintes, que vêm geralmente para adquirir um acréscimo de conhecimentos e de convicções, se pode ser menos rigoroso; todavia, como existem os que podem causar problemas pelas observações deslocadas, é importante se assegurar de suas disposições; é preciso sobretudo, e sem exceção, afastar os curiosos e todos os que não sejam atraídos senão por um motivo frívolo.
A ordem e a regularidade dos trabalhos são coisas igualmente essenciais. Nós consideramos como eminentemente útil abrir a reunião pela leitura de qualquer passagem de O Livro dos Médiuns e O Livro dos Espíritos; por este meio, se terá sempre presente na memória os princípios da ciência e os meios de evitar os escolhos que se encontram a cada passo na prática. A atenção se fixará assim sobre uma multidão de pontos que escapam freqüentemente numa leitura particular, e poderão dar lugar a comentários e a discussões instrutivas, às quais mesmo os Espíritos poderão tomar parte...”
R. E. 1861, p. 380: “...Tudo isso, como se vê, é de uma execução muito simples, e sem acessórios complicados; mas tudo depende do ponto de partida, isto é, da composição dos grupos primitivos. Se eles forem formados de bons elementos, serão tantas boas raízes que darão bons rebentos. Se, ao contrário, são formados de elementos heterogêneos e antipáticos, de espíritas duvidosos, se ocupando mais da forma que do fundo, considerando a moral como a parte acessória e secundária, é preciso se prever polêmicas irritantes e sem desfecho, melindres de suscetibilidades, seguido de conflitos precursores da desorganização. Entre verdadeiros espíritas, tais como os havemos definido, vendo o propósito essencial do Espiritismo na moral, que é a mesma para todos, haverá sempre abnegação da personalidade, condescendência e benevolência, e, por conseqüência, certeza e estabilidade nos relacionamentos. Eis porque insistimos tanto nas qualidades fundamentais. As sociedades numerosas têm sua razão de ser do ponto de vista da propaganda, mas, para os estudos sérios, é preferível se fazer uso dos grupos íntimos.”
R. E. 1861, p. 347: “De resto, qualquer que seja a natureza da reunião, quer seja numerosa ou não, as condições que deve preencher para atender o objetivo são as mesmas; é nisso que é preciso conduzir todos os seus cuidados e, aqueles que o preencherem, serão fortes, porque terão necessariamente o apoio dos bons Espíritos. Estas condições são comentadas no Livro dos Médiuns nº 341.
Um capricho bastante freqüente com alguns novos adeptos, é o de crer se passarem a mestres após alguns meses de estudo. O Espiritismo é uma ciência imensa, como sabem, e cuja experiência não se pode adquirir senão com o tempo, nisso como em todas as coisas. Há nessa pretensão de não ter mais necessidade dos conselhos de outrem e de se crer acima de todos, uma prova de insuficiência, pois que fracassa em um dos preceitos primeiros da Doutrina: a modéstia e a humildade. Quando os maus Espíritos encontram semelhantes disposições em alguns indivíduos, eles não falham em os superexcitar, distrair e persuadir de que somente eles possuem a verdade. É um dos escolhos que se pode encontrar, e contra o qual creio dever prevenir, acrescentando que não é suficiente se dizer Espírita para se dizer Cristão: é preciso prová-lo pela prática.”
R. E. 1865 p. 376: “O Espiritismo, tendo por objetivo a melhoria dos homens, não vem em absoluto buscar os que são perfeitos, mas aqueles que se esforçam por se transformar colocando em prática os ensinos dos Espíritos. O verdadeiro Espírita não é aquele que chegou ao objetivo, mas é aquele que quer seriamente atingi-lo. Quaisquer que sejam então seus antecedentes, ele será um bom espírita desde que reconheça suas imperfeições e que seja sincero e perseverante em seu desejo de se corrigir. O Espiritismo é para ele uma verdadeira regeneração, porque rompe com seu passado; indulgente para com os outros como queria que o fossem para com ele, não sairá de sua boca nenhuma palavra malevolente nem injuriosa para as pessoas. Aquele que em uma reunião se afastar da conveniência provará não somente uma falta de saber-viver e de urbanidade, mas uma falta de caridade; aquele que se melindra quando contrariado em suas opiniões e pretende impor sua pessoa ou suas idéias, fará prova de orgulho; ou, nem um nem o outro estará no caminho do verdadeiro Espiritismo, isto é, do Espiritismo Cristão. Aquele que crê ter uma opinião mais justa que os outros a faria mais bem aceita pela doçura e pela persuasão; o azedume seria um grande erro de sua parte.
R. E. 1865, p. 92: “O Espiritismo não está apenas na crença na manifestação dos Espíritos. O erro daqueles que o condenam é de crer que ele não consiste senão na produção de fenômenos estranhos, e isso porque, não se dando ao trabalho de estudá-lo, dele não vêem senão a superfície. Esses fenômenos não são estranhos senão para aqueles que não lhes conhecem as causas, mas qualquer um que os aprofunde, neles não vê senão os efeitos de uma lei, de uma força da natureza que não se conhecia, e que, por isso mesmo, não são nem maravilhosos, nem sobrenaturais. Esses fenômenos, provando a existência dos Espíritos, que não são outros senão as almas daqueles que viveram, provam, por conseqüência, a existência da alma, sua sobrevivência aos corpos, a vida futura com todas as suas conseqüências morais. A fé no porvir, encontrando-se apoiada sobre as provas materiais, se torna inabalável, e triunfa da incredulidade. Eis porque, quando o Espiritismo se tiver tornado a crença de todos, não haverá mais nem incrédulos, nem materialistas, nem ateus. Sua missão é de combater a incredulidade, a dúvida, a indiferença; não se dirige, pois, àqueles que têm uma fé, e a quem essa fé satisfaz, mas àqueles que não crêem em nada, ou que duvidam. Ele não diz à pessoa para abandonar a sua religião; respeita todas as crenças quando elas são sinceras. A liberdade de consciência é a seus olhos um direito sagrado; Se não a respeitasse, falharia em seu primeiro princípio que é a caridade. Neutro em todos os cultos, ele será o lugar que os reunirá sob um mesmo pavilhão, aquele da fraternidade universal; um dia todos se estenderão as mãos, em lugar de se lançarem anátemas.
Os fenômenos, longe de serem a parte essencial do Espiritismo, não são senão o acessório, um meio suscitado por Deus para vencer a incredulidade que invade a sociedade: essa parte está, sobretudo na aplicação de seus princípios morais. É aí que se reconhecem os espíritas sinceros. Os exemplos de reforma moral, provocados pelo Espiritismo, são já bastante numerosos para que se possa julgar os resultados que produzirá com o tempo. É preciso que sua potência moralizadora seja bem grande para triunfar dos hábitos inveterados pela idade, e da leviandade da juventude. O efeito moralizador do Espiritismo tem então por causa primeira o fenômeno das manifestações que têm trazido a fé; se esses fenômenos fossem uma ilusão, como o pretendem os incrédulos, seria preciso bendizer uma ilusão que dá ao homem a força de vencer seus maus pendores.”
R. E. 1864, p. 141: “A força do Espiritismo não reside na opinião de um homem nem de um Espírito; ela está na universalidade do ensinamento dado pelos últimos; o controle universal, como o sufrágio universal, decidirá no porvir as questões litigiosas; fundirá a unidade da Doutrina bem melhor do que um concílio de homens. Esse princípio, disso estamos certos, senhores, fará o seu caminho, como fez o: Fora da caridade não há salvação, porque está fundamentado sobre a mais rigorosa lógica e na abdicação da personalidade. Não poderá contrariar senão os adversários do Espiritismo, e aqueles que não têm fé senão em suas luzes pessoais.”

quarta-feira, 30 de março de 2011

Bezerra de Menezes, por Divaldo Franco Unificação paulatina, união imediata, trabalho incessante


Espíritas, meus irmãos!

Quando as clarinadas de um novo dia em luz nos anunciam os chegados tempos do Senhor;
quando uma era de paz prepara a nova humanidade, neste momento dominada pela angústia
e batida pela desesperação, façamos a viagem de volta para dentro de nós.

No instante em que os valores externos perdem a sua significação, impulsionando-nos a buscar
Deus no coração, somos, através de nossos irmãos, convidados à responsabilidade maior de
amar, de servir e de passar...

Jesus, meus amigos, é mais do que um símbolo. É uma realidade em nossa existência. Não é
apenas um ser que transitou da manjedoura à Cruz, mas o exemplo, cuja vida se transformou
num Evangelho de feitos, chamando por nós.

Necessário, em razão disso, aprofundar o pensamento na Obra de Allan Kardec para poder
viver Jesus em toda a plenitude.

Estamos convidados ao banquete da era melhor, do Evangelho imortal, e ninguém se pode
escusar, a pretexto algum.

Dias houve em que poderíamos dizer que não estávamos informados a respeito da verdade.
Hoje, porém, sabemos... Agora que a conhecemos por experiência pessoal, vivamos o Cristo
de Deus em nossas atitudes, a fim de que o sol espírita não apresente a mensagem de luz
dificultada pelas nuvens densas que caracterizam o egoísmo humano, o ressentimento,
a vaidade...

Unificação, sim. União, também.

Imprescindível que nos unifiquemos no ideal Espírita, mas que, acima de tudo, nos unamos
como irmãos.

Os nossos postulados devem ser desdobrados e vividos dentro de uma linha austera de
dignidade e nobreza. Sem embargo, que os nossos sentimentos vibrem em uníssono,
refletindo as emoções de amigos que se desejam ajudar e de irmãos que se não permitem
avançar - deixando a retaguarda juncada de cadáveres ou assinalada pelos que não tiveram
força para prosseguir...

A tarefa da unificação é paulatina; a tarefa da união é imediata, enquanto a tarefa do trabalho
é incessante, porque jamais terminaremos o serviço, desde que somos servos imperfeitos,
e fazemos apenas a parte que nos está confiada.

Amar, no entanto, é o impositivo que o Senhor nos concedeu e que a Doutrina nos restaura.

Unamo-nos, amemo-nos, realmente, e dirimamos as nossas dúvidas, retificando as nossas
opiniões, as nossas dificuldades e os nossos pontos de vista, diante da mensagem clara e
sublime da Doutrina com que Allan Kardec enriquece a nova era, compreendendo que lhe
somos simples discípulos. Como discípulos não podemos ultrapassar o mestre.

Demo-nos as mãos e ajudemo-nos; esqueçamos as opiniões contraditórias para nos
recordarmos dos conceitos de identificação, confiando no tempo, o grande enxugador de
lágrimas, que a tudo corrige.

Não vos conclamamos a inércia, ao parasitismo, à aceitação tácita, sem a discussão ou o
exame das informações.

Convidamo-vos à verdadeira dinâmica do amor.

Recordemos, na palavra de Jesus, que "a casa dividida rui", todavia ninguém pode
arrebentar um feixe de varas que se agregam numa união de forças.

É por isto, Espíritas, meus irmãos, que a Unificação deve prosseguir, mas a União deve
vigir em nossos corações.

Somos semeadores do tempo melhor. Somos os pomicultores da era nova. A colheita que
faremos em nome de Jesus caracterizar-nos-á o trabalho.

Adiante, meus irmãos, na busca da aurora dos novos tempos.

Jesus é o Mestre por excelência e Allan Kardec é o discípulo fiel.

Sejamos nós os continuadores honrados e nobres da Sua obra de amor e da Sua lição
de sabedoria...

E quando as sombras da desencarnação descerem sobre vós, e nós outros, os já desencarnados,
nos acercarmos a receber-vos, podereis dizer:

- Aqui estamos, Senhor, servos deficientes que reconhecemos ser, porque apenas fizemos o que
nos foi determinado.

Ele, porém, magnânimo, justo e bom, dir-vos-á:

"Vinde a mim, filhos de meu Pai, entrai no gozo da paz."

Muita paz, meus amigos!

Que o Senhor vos abençoe.
BEZERRA DE MENEZES

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo P. Franco, na noite de 20-4-75,
na sessão pública da Federação Espírita Brasileira, Seção - Brasília, DF.) (Reformador - Fev/76)

segunda-feira, 28 de março de 2011

Comissão Estadual 150 Anos de O Livro dos Médiuns FERGS


Participantes:
Clementina Maria Berno                          CRE 3ª Região Caxias
Dirce Lea Brambatti Nor                         UME Caxias
Eliane E. Klepker    ( Nani)                          CRE 14ª Região
Gilnei Teixeira                                        CRE 10 RegiãoTorres
Hermes José Basso                                 UME Caxias
João Braga                                             CRE 14ª Região Triunfo
Luis Roberto Sholl                                  CRE 8ª Região
Paulo M, Bittencourt                               UME Sta. Cruz do Sul
Rogério Stello                                         UDE Passo D’Areia


Justificativa:

  • Aprofundar o conhecimento de O Livro dos Médiuns, aproveitando o ensejo da comemoração dos 150 anos da sua edição.
  • Valorizar a Obra perante os Espíritas
  • Despertar para a necessidade de conhecer-se a mediunidade antes da prática mediúnica

Alvos:

  • Público das Casas: Frequentadores e Estudantes/Trabalhadores
  • Público em Geral
  • Instituições de Ensino

Ações:

  • Jornadas e Palestras – Aprovietar o Projeto FERGS site FERGS Blog: helenadedo.blogspot.com
- Revista Reformador Janeiro 2011
  • Grupos de Estudo: Dedicar pelo menos um Dia no ano, individual ou reunindo os Grupos, para estudo específico da Obra.
  • Incentivar a participação no Encontro Estadual Comemorativo aos 150 ano de O Livro dos Médios, no dia 11/06 em Porto Alegre. Com Marta Antunes
Organizar, para os que não puderem participar, grupos para acompanhar o Evento via TV FERGS

Execução: UME’s e CREs, DEDOs das UMEs e das Casas, indicar uma ou mais pessoas habilitadas para realizar o trabalho.


  • Mídia:
    • Jornais em geral e Jornais do Movimento, Programas de Rádio, Internet, Sites, Blogs, etc
    • Aproveitar Selo FEB para padronizar visual.
    • Sessões Comemorativas nas Câmaras de Vereadores
    • Faixas em locais apropriados e devidamente autorizados

Execução: DECOMs UMEs e Casas.

As manifestações de efeitos físicos

Damos o nome de manifestações físicas às que se traduzem por efeitos sensíveis, tais como barulhos, movimento e deslocamento de corpos sólidos.
As manifestações físicas têm por propósito chamar nossa atenção sobre alguma coisa, e de nos convencer da presença de uma potência superior ao homem. Os Espíritos elevados não se ocupam dessas espécies de manifestações; eles se servem dos Espíritos inferiores para as produzir, como nós nos servimos de servidores para o trabalho grosseiro, e isso dentro do propósito que acabamos de indicar. Uma vez atingido esse propósito, as manifestações cessam, porque não são mais necessárias.

Mesas Girantes

A mesa levanta e saltita, sem intervenção humanaO efeito mais simples, e um dos primeiros que foi observado, consiste no movimento circular imprimido a uma mesa. Este efeito se produz sobre todos os objetos igualmente; mas sendo sobre a mesa que mais se o exerce, por ser mais cômodo, o nome de mesas girantes prevaleceu para a designação desta espécie de fenômeno.
Quando o efeito começa a se manifestar, escuta-se, geralmente, um pequeno estalido na mesa; sente-se como um frêmito que é o prelúdio do movimento; ela parece fazer um esforço para se desatracar, depois o movimento de rotação se pronuncia; ele se acelera ao ponto de adquirir uma rapidez tal que os assistentes fazem todo o esforço do mundo para o seguir. Uma vez estabelecido o movimento, pode-se mesmo se afastar da mesa que continua a mover-se em diversos sentidos sem contato.
A mesa levanta e saltita, sem intervenção humanaEm outras circunstâncias, a mesa se eleva e se endireita, tanto sobre um só pé, quanto sobre um outro, depois retoma docemente a posição natural. D’outras vezes, se balança imitando o movimento de arfagem e de balanço. D’outras vezes, enfim, mas para isso necessita uma potência medianímica considerável, ela se descola inteiramente do solo, e se mantém em equilíbrio no espaço, sem ponto de apoio, elevando-se por vezes mesmo até o teto, de maneira que se possa passar por debaixo; depois ela desce lentamente balançando-se como faria uma folha de papel, ou tomba violentamente e se quebra, o que prova de maneira patente que não é uma ilusão de ótica. Na foto abaixo uma mesa levitando, com a médium Eusápia Paladino. À esquerda da médium, Camille Flammarion. (De «Les Apparitions Materialisées», Gabriel Delanne, Paris, 1911)

Pancadas

De todas as manifestações espíritas, as mais simples e as mais freqüentes são os ruídos e as pancadas; é aqui sobretudo que é preciso temer a ilusão, porque uma multidão de causas naturais podem produzi-las: o vento que assobia ou que agita um objeto, um corpo que se mexe por si mesmo sem que disso nos apercebamos, um efeito acústico, um animal escondido, um inseto, etc., até mesmo as travessuras de brincalhões. Os ruídos espíritas têm por outro lado um caráter específico, dotados de uma intensidade toda particular e um timbre muito variado, que os faz reconhecíveis e não permitindo confundi-los com estalos da madeira, a crepitação do fogo ou o tique-taque monótono de um pêndulo; eles são golpes secos, algumas vezes surdos, fracos e ligeiros, algumas vezes claros, distintos, às vezes ruidosos, que mudam de lugar e se repetem sem ter uma regularidade mecânica. De todos os meios de controle, o mais eficaz, o que não pode deixar dúvida sobre sua origem, é a obediência à vontade. Se os golpes se fazem ouvir no lugar designado, se respondem ao pensamento por seu número e intensidade, não se pode desconhecer neles uma causa inteligente; mas a falta de obediência não é sempre uma prova contrária.
Deve-se colocar em guarda não somente contra narrações que podem ser manchadas de exagero, mas contra as próprias impressões, e não atribuir uma origem oculta a tudo o que não se compreende. Uma infinidade de causas muito simples e muito naturais pode produzir efeitos estranhos à primeira vista, e seria uma verdadeira superstição ver por toda parte Espíritos ocupados em derrubar os móveis, quebrar a louça, suscitar enfim mil e um tormentos com a mobília quando seria mais racional por-se a culpa sobre a falta de jeito.

Transporte

Este fenômeno consiste no transporte espontâneo de objetos que não existiam no lugar onde estão; são freqüentemente flores, algumas frutas, bombons, jóias, etc..
Diremos primeiramente que esse fenômeno é um dos que mais se prestam à imitação, e que, por conseqüência, é preciso se colocar em guarda contra a fraude. Sabe-se até onde pode ir a arte da prestidigitação em matéria de experiências desse gênero; mas, sem ter ajuda de um especialista, poder-se-ia facilmente ser logrado com uma manobra hábil e interesseira. A melhor de todas as garantias está no caráter, honorabilidade notória e no desinteresse absoluto da pessoa que obtém efeitos semelhantes; em segundo lugar no exame atento de todas as circunstâncias nas quais os fatos se produzem; enfim no conhecimento esclarecido do Espiritismo, somente assim se pode fazer descobrir o que possa ser suspeito.
O Espírito que quer fazer um transporte desmaterializa o objeto sobre o qual opera, depois transporta o duplo fluídico desse objeto ao lugar que escolheu, e lá retira do fluido universal os elementos necessários à reconstrução do objeto material, por meio do fluido vital. A mesma operação é feita para as plantas. O duplo fluídico reproduz molécula por molécula todas as partes da planta, pois que isso é o plano de obra fluídico, não resta senão se incorporar as moléculas do fluido universal tornadas materiais pelo espírito, e a planta aparece com todos os seus detalhes, sua frescura, seu colorido, etc., aos olhos dos assistentes. Enfim é sempre a mesma operação que se executa quando um espírito quer se tornar visível e tangível, como nas experiências de Crookes. Não sabemos até que ponto nossa hipótese se aproxima da realidade, mas os fenômenos se produzindo, é preciso explicá-los, e esta é a teoria que até então nos parece a melhor de acordo com os ensinamentos espíritas e as descobertas modernas.

Materializações

Chamamos materialização o fenômeno pelo qual um espírito se mostra com um corpo físico tendo todas as aparências da vida normal. Contamos entre os médiuns de materialização mais conhecidos: Eusapia Palladino, Kate Fox, Florence Cook, Eglinton, Home, Sra. Da Esperança, Eva Carrere, Franek Kluski.
As seções de materialização que mais vivamente impressionaram, tiveram lugar com o sábio William Crookes que estudou as materializações do espírito de Katie King durante um período de três anos com a médium Florence Cook (então com 16 anos), e outros cientistas como o Dr. Gully, diretor dos hospitais de Londres e o engenheiro Varley, engenheiro chefe das linhas telegráficas da Inglaterra.
Abaixo foto da materialização do espírito Ana, na casa de Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo, em Dez de 1954. O médium Francisco Peixotinhio encontra-se deitado na cama, podendo-se notar o ectoplasma entre o médium e o Espírito.
Katie se materializa ao lado de FlorenceUma das principais objeções que os céticos colocam no assunto das materializações do Espírito é que elas jamais têm lugar em pleno dia, favorecendo assim a fraude. A luz tem, com efeito, um poder dissolvente sobre a matéria utilizada pelos Espíritos para se materializar; Florence Marryat, que assistiu às seções de materialização de Katie King, conta: «Acendeu-se os três bicos de gás... O efeito produzido sobre Katie King foi extraordinário. Ela não resistiu senão um instante, depois a vimos fundir sob nossos olhos, como um boneco de cêra diante de um grande fogo. Primeiramente seus traços desvaneceram, não se os distinguia mais. Os olhos se aprofundaram nas órbitas, o nariz desapareceu, a fronte pareceu entrar na cabeça. Depois os membros cederam e todo o seu corpo se abateu como um edifício que se desmorona. Não restou mais que sua cabeça sobre o tapete, depois um pouco de pano branco que desapareceu como se tivesse subitamente sido tirado de cima: ficamos alguns instantes de olhos fixos no lugar onde Katie havia cessado de aparecer: assim terminou esta seção memorável.»
O Espiritismo ensina desde muito tempo que o meio consciente ou alma é envolvido de um envelope sutil chamado perispírito. Esse perispírito é o molde fluídico no qual a matéria se incorpora durante a vida; é ele que, sob a impulsão da força vital, mantém o tipo específico e individual, porque ele é invariável em meio do fluxo incessante da matéria orgânica. Esse perispírito não se destrói após a morte, mas se conserva intacto em meio a desorganização da matéria, e é nele que se encontra gravado as aquisições da alma, que pode assim recordar o passado. O Espírito é capaz, dentro de certas condições, de acumular em seu perispírito bastante força vital para dar uma vida material momentânea ao organismo fluídico; isto, com a matéria emprestada ao médium, dá a tangibilidade de um corpo ordinário; é uma verdadeira criação, mas que apenas tem duração efêmera, porque é conseguida fora dos procedimentos normais da natureza.
Vários fatos apóiam esta teoria, a saber:
- A perda de peso do médium – Uma prova em favor desta teoria é que se tem constatado um diminuição do peso do médium durante as seções de materialização. Assim, Florence Marryat escreveu: «Tendo visto a Srta. Florende Cook colocada sobre uma balança, construída por projeto do Sr. Crookes, constatei que a médium, que antes pesava 112 libras, logo que o Espírito materializado tomava forma, o peso do seu corpo não ultrapassava mais que a metade, 56 libras.»

Katie e o Dr. Crookes- A fotografia espírita – A fotografia espírita traz a prova da realidade objetiva da aparição: Os aparelhos fotográficos não estão sujeitos a alucinações !
William Crookes tirou quarenta clichês do Espírito Katie King mostrando nitidamente as diferenças físicas entre esta e sua médium. Abaixo, foto do Espírito Katie, acompanhada de William Crookes.
- As moldagens – Esta constitui a mais flagrante prova em favor da teoria Espírita. Eis a maneira de operar comumente empregada, nas circunstâncias: Dois vasos contendo, um água fria, o outro água quente, são trazidos para a sala onde a experiência tem lugar; na superfície da água quente flutua uma camada de parafina fundida. Se queremos obter o molde de uma mão materializada, pedimos ao Espírito para mergulhar sua mão na parafina fluida e imediatamente na água fria, e de repetir várias vezes esta operação. Desta maneira se forma, na superfície da mão, uma luva de parafina de uma certa espessura, e, quando a mão do Espírito se desmaterializa, ela deixa um molde perfeito que se enche de gesso. Basta então mergulhar tudo na água fervente, e, a parafina se funde restando uma impressão exata e fiel do membro materializado. Uma tal impressão é impossível de realizar, porque é impossível retirar a mão sem destruir o molde.

Para saber mais:

  • O Livro dos médiuns Allan Kardec (2ª parte, c. II, Manifestações físicas – mesas girantes).
  • O Livro dos médiuns Allan Kardec (2ª parte, c. IV, Teoria das manifestações físicas)
  • O Livro dos médiuns Allan Kardec (2ª parte, c. V, Manifestações físicas espontâneas) Gabriel Delanne (2ª parte, c. III, Mediunidades diversas e c. IV, Espiritismo transcendental) de Gabriel Delanne (2ème partie, ch. III, Photographies et moulages de formes d’Esprits désincarnés) de Gabriel Delanne (2ème partie, ch. III, Discussion sur les phénomènes de matérialisation) Léon Denis (c. XVI, c. XVII, c. XVIII, c. XIX, c. XX) de William Crookesp.141 (Notes sur des recherches faites dans le domaine des phénomènes appelés spirites)
  • O Fenômeno Espírita
  • L’âme est immortelle
  • L’âme est immortelle
  • No Invisível
  • Recherches sur les phénomènes du Spiritualisme
- A diferença física entre a médium e o Espírito – Katie King e Florence são de estaturas e de cabeleiras diferentes. William Crookes escreveu: «Uma noite, contei as pulsações de Katie; seu pulso batia regularmente 75, enquanto que a de Srta. Cook, poucos instantes após, atingia 90, sua cifra habitual. Apoiando meu ouvido sobre o peito de Katie, podia ouvir seu coração bater no interior, e suas pulsações estando ainda mais regulares que as da Srta. Cook; após as seções elas me permitiram a mesma experiência. Experimentando da mesma maneira, os pulmões de Katie se mostravam mais sãos que os de sua médium, porque no momento em que fiz a experiência, a Stra. Cook seguia um tratamento médico contra uma forte constipação.» Por vezes adiantou-se a hipótese de que o ser materializado não seria outro que o duplo do médium. Esta teoria tem apenas base empírica porque, como podemos ver dos fatos acima, o Espírito e seu médium são duas personalidades bem distintas. Além disso, Florence Cook, despertada, conversa durante alguns minutos com Katie King e William Crookes, que vê todas as duas.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Filosofia Espírita “Compreenda em primeiro lugar, e creia em seguida se você quiser.”


Segundo disse M. de Buffon, com muita razão, “o estilo é o homem”, e assim, para melhor apreciarmos Allan Kardec, estudemo-lo em sua obra, porque, dessa forma, quanto mais julgarmos os méritos deste profundo pensador, mais crescerão nosso respeito e nossa afeição por ele. Dentro deste propósito, acreditamos dever reproduzir aqui algumas passagens extraídas dos numerosos artigos que ele publicou na Revista Espírita de 1858 a 1869; elas nos recordarão alguns dos princípios filosóficos que freqüentemente o mestre gostava de frisar. Meditando seus conselhos, suas máximas, aprenderemos a conhecer e amar melhor o fundador da Filosofia Espírita.


R. E. 1865, p. 328: “Deus me guarde de ter a presunção de me crer o único capaz, ou mais capaz do que um outro, ou o único encarregado de cumprir os desígnios da Providência; não, esse pensamento está longe de mim. Neste grande movimento renovador tenho a minha parte de atuação; não falo senão daquilo que me concerne; mas o que posso afirmar sem vã fanfarrice é que, no que me incumbe, nem a coragem, nem a perseverança, me faltarão. Nisso jamais falhei, mas hoje que vejo o caminho se aclarar de uma maravilhosa claridade, sinto minhas forças crescerem, não tenho mais dúvida e graças às novas luzes que praza a Deus me dar, estou certo, e digo a todos os meus irmãos, com toda a certeza que jamais tive: coragem e perseverança, porque um esplendoroso sucesso coroará vossos esforços.”
R. E. 1867, p. 40: “O Espiritismo é, como alguns o pensam, uma nova fé cega substituindo a uma outra fé cega ou, dito de outra forma, uma escravidão do pensamento sob uma nova forma? Para crer nisso seria preciso se ignorasse os seus primeiros elementos. Com efeito, o Espiritismo coloca, em princípio, que antes de crer é preciso compreender; ora, para compreender, é preciso usar de seu julgamento; eis porque ele procura se dar conta de tudo em vez de nada admitir, em saber o “porquê” e o “como” de cada coisa; também os espíritas são mais céticos do que muitos outros com relação aos fenômenos que saem do círculo das observações habituais. Ele não repousa sobre nenhuma teoria preconcebida ou hipotética, mas sobre a experiência e a observação dos fatos; em vez de dizer: “Creia em primeiro lugar e se puder compreenda em seguida”, ele diz: “Compreenda em primeiro lugar, e creia em seguida se você quiser.” Não se impõe a ninguém; diz a todos: “Veja, observe, compare e venha a nós livremente se tal lhe convier”. Falando assim, ele se adianta e corta as chances da concorrência. Se muitos vão a ele, é porque os satisfaz muito, mas ninguém o aceita de olhos fechados. Àqueles que não o aceitam, ele diz: “Você é livre, e não o quero; tudo que peço é que me deixe minha liberdade, como eu lhe deixo a sua. Se procura me afastar, por receio de que eu suplante você, é porque você não está bem certo de si.
O Espiritismo, procurando não descartar nenhum dos concorrentes dentro da liça aberta às idéias que devem prevalecer no mundo regenerado, está dentro das condições da verdadeira liberdade de pensamento; e não admitindo nenhuma teoria que não seja fundamentada sobre a observação, está, ao mesmo tempo, dentro daquelas de mais rigoroso positivismo; enfim, tem sobre seus adversários, de opiniões contrárias extremas, a vantagem da tolerância.”

terça-feira, 22 de março de 2011

Incorporação na visão Epírita

 
O termo incorporação de acordo com o dicionário Houaiss é o ato ou efeito de incorporar-se, significa a inclusão de um elemento em outro. Significa a encarnação, a corporação, a materialização e em algumas regiões o transe mediúnico. Incorporar vem do latim incorporatio que significa incorporação ou encarnação.
Popularmente se fala em incorporação com o sentido de um espírito entrar num corpo de outra pessoa e usa-lo para se manifestar, no filme Ghost há uma cena que demonstra claramente esta ideia, é quando a Atriz Whoopi Goldman esta no papel de médium, sentada em uma cadeira e os espíritos para se comunicarem tem que sentar ‘dentro’ do corpo dela.
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Kardec não usou o termo incorporação, porém este termo foi introduzido em três de suas obras pelos tradutores substituindo o termo em francês de médium falante:
- No O Evangelho segundo o Espiritismo:
“O Espiritismo vem revelar outra categoria de falsos cristos e de falsos profetas, bem mais perigosa, e que não se encontra entre os homens, mas entre os desencarnados. E a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudosabios, que passaram da Terra para a erraticidade, e se disfarçam com nomes veneráveis, para procurar, atrás da mascara que usam, tornar aceitáveis as suas ideias, frequentemente as mais bizarras e absurdas. Antes que as relações mediúnicas fossem conhecidas, eles exerciam a sua ação de maneira menos ostensiva pela inspiração, pela mediunidade inconsciente, auditiva ou de incorporação”.
“Le spiritisme vient révéler une autre catégorie bien plus dangereuse de faux Christs et de faux prophètes, qui se trouvent, non parmi les hommes, mais parmi les désincarnès: c'est celle des Esprits trompeurs, hypocrites, orgueilleux et faux savants qui, de la terre, sont passes dans l'erraticité, et se parent de noms vénérés pour chercher, à la faveur du masque dont ils se couvrent, à accréditer les idées souvent les plus bizarres et les plus absurdes. Avant que lês rapports médianimiques fussent connus, ils exerçaient leur action d'une manière moins ostensible, par l'inspiration, la médiumnité inconsciente, auditive ou parlante”.
- Instruções Práticas sobre as Manifestações Mediúnicas
“A transmissão do pensamente dá-se também por intermédio do Espírito do médium, eu melhor, de sua alma, visto que designamos sob este nome o Espírito encarnado. O Espírito estranho, neste caso, não atua sobre a mão para fazê-la escrever, como não atua sobre a cesta. Ele não a segura, não a guia. Atua sobre a alma com a qual se identifica. A alma, sob este impulso, dirige a mão por meio do fluído que compõe seu próprio perispírito. A mão dirige a cesta e a cesta dirige o lápis. Notamos aqui coisa importante de ser registrada, que o Espírito estranho não se substitui a alma, pois não pode desalojá-la: ele a controla à revelia dela, imprimi-lhe sua vontade. Quando dizemos a revelia dela, queremos falar da alma atuando exteriormente pelos órgãos do corpo. Entretanto a alma, como Espírito, mesmo encarnado pode, perfeitamente, ter consciência da ação exercida sobre ela por um Espírito estranho. O papel da alma, nessa circunstância, é, algumas vezes, inteiramente passivo e então o médium, se é de incorporação, não tem nenhuma consciência do que escreve ou do que diz. Ocasionalmente, entretanto, a passividade não é absoluta; então ele tem uma consciência mais ou menos vaga, embora a mão seja arrastada por um movimento maquinal, ao qual a vontade permanece alheia”.
“La transmission de la pensée a aussi lieu par l'intermédiaire de l'Esprit du médium, ou mieux de son âme, puisque nous désignons sous ce nom l'Esprit incarné. L'Esprit étranger, dans ce cas, n'agit pas sur la main pour la faire écrire, pas plus que sur la corbeille ; il ne la tient pas, il ne la guide pas ; il agit sur l'âme avec laquelle il s'identifie. L'âme, sous cette impulsion, dirige la main au moyen du fluide qui compose son proper périsprit ; la main dirige la corbeille, et la corbeille dirige le crayon. Remarquons ici, chose importante à savoir, que l'Esprit étranger ne se substitue point à l'âme, car il ne saurait la déplacer : il la domine à son insu, il lui imprime sa volonté. Quand nous disons à son insu, nous voulons parler de l'âme agissant extérieurement par les organes du corps ; mais l'âme en tant qu'Esprit, même incarné, peut parfaitement avoir conscience de l'action exercée sur elle par un Esprit étranger. Lê rôle de l'âme, en cette circonstance, est quelquefois entièrement passif, et alors le médium n'a nulle conscience de ce qu'il écrit ou de ce qu'il dit, si c'est un médium parlante ; mais quelquefois la passivité n'est pas absolue, alors il en a une conscience plus ou moins vague, quoique sa main soit entraînée par un mouvement machinal et que sa volonté y reste étrangère”.
-O Livro dos Médiuns
“166. [...] Mas nem sempre a passividade do médium falante é assim completa. Há os que têm intuição do que estão dizendo, no momento em que pronunciam as palavras. Voltaremos a tratar desta variedade quando nos referirmos aos médiuns intuitivos (10)”.
(10) Os médiuns falantes, chamados entre nós médiuns de incorporação, dividem-se assim nas duas classes conhecidas: médiuns conscientes e médiuns inconscientes. [...] (N. do T.)”.
O espírito que vai se unir a um corpo, encarnar, é sempre designado com antecedência, este escolhe a prova e pode também escolher o corpo, pois suas imperfeições são provas que o auxiliam em seu progresso espiritual, porém esta escolha nem sempre depende dele. Quando um espírito ainda não está pronto para realizar conscientemente a escolha, um corpo pode ser imposto como prova ou expiação.
A questão 345 do O Livro dos Espíritos nos traz uma informação importante: “A união entre o Espírito e o corpo é definitiva desde o momento da concepção? Durante esse período o Espírito poderia renunciar a tomar o corpo que lhe foi designado”?
Resposta: “A união é definitiva, no sentido em que outro Espírito não poderia substituir o que foi designado para o corpo, mas, como os laços que o prendem são mais frágeis, fáceis de romper, podem ser rompidos pela vontade do Espírito que recua ante a prova escolhida. Nesse caso, a criança não vinga".
Esta resposta é importante, pois demonstra claramente que um corpo biológico somente obedece a um espírito pré-determinado, se este não desejar reencarnar, mesmo antes do nascimento, outro não pode se utilizar deste corpo e com base nesta compreensão podemos entender a questão 473 do mesmo livro que fala sobre os possessos:
“473. Pode um Espírito, momentaneamente, revestir-se do invólucro de uma pessoa viva, quer dizer, introduzir-se num corpo animado e agir em substituição ao Espírito que nele se encontra encarnado?”
“- O Espírito não entra num corpo como entras numa casa; ele se assimila a um Espírito encarnado que tem os seus mesmos defeitos e as suas mesmas qualidades, para agir conjuntamente; mas é sempre o Espírito encarnado que age como quer sobre a matéria de que está revestido. Um Espírito não pode substituir ao que se acha encarnado, porque o Espírito e o corpo estão ligados até o tempo marcado para o termo da existência material”.
Se fosse possível um outro espírito substituir mesmo que parcialmente um espírito ainda encarnado estaria derrogando uma lei natural, por isso é importante compreender a ligação do espírito com o corpo. Na A Gênese podemos encontrar uma boa explicação de Kardec:
“18. Quando o Espírito deve se encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que nada mais é senão uma expansão de seu perispírito, o liga ao germe em cuja direção ele se sente atraído por uma força irresistível desde o momento da concepção. À medida que o germe se desenvolve, firma-se o laço; sob influência do princípio vital material do germe, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo que o forma; daí se pode dizer que o Espírito, por intermédio de seu perispírito, de alguma forma toma raiz no germe como uma planta na terra. Quando o germe está inteiramente desenvolvido, a união é completa, e então ele nasce para a vida exterior”.
“Por efeito contrário, esta união do perispírito e da matéria carnal, que se havia realizado sob a influência do princípio vital do germe, quando esse princípio cessa de agir em resultado da desorganização do corpo, a união, que apenas era mantida por uma força atuante, cessa quando essa força cessa de agir; então o Espírito se solta, molécula por molécula, como um dia se uniu, e o Espírito recupera sua liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo, mas a morte do corpo que causa a partida do espírito”.
È preciso também compreender como ocorre a mediunidade falante e para isto buscamos o O Livro dos Médiuns:
[...] “Ao servir-se deles, os Espíritos agem sobre os órgãos vocais, como agem sobre as mãos nos médiuns escreventes. O Espírito se serve para a comunicação dos órgãos mais flexíveis que encontra no médium. De um empresta as mãos, de outro as cordas vocais e de um terceiro os ouvidos. O médium falante em geral se exprime sem ter consciência do que diz, e quase sempre tratando de assuntos estranhos às suas preocupações habituais, fora de seus conhecimentos e mesmo do alcance de sua inteligência”.
“Embora esteja perfeitamente desperto e em condições normais, raramente se lembra do que disse. Numa palavra, a voz do médium é apenas um instrumento de que o Espírito se serve e com o qual outra pessoa pode conversar com este, como o faz no caso de médium audiente”.
Como Kardec afirma que os espíritos agem da mesma forma que na psicografia, vamos compreender como é esta ação:
“O Espírito comunicante age sobre o médium; este, assim influenciado, move maquinalmente o braço e a mão para escrever, não tendo (pelo menos no comum dos casos) a menor consciência do que escreve [...]”.
Kardec perguntou aos espíritos: “O Espírito comunicante transmite diretamente o seu pensamento ou tem como intermediário o Espírito do médium”? Eles deram a seguinte resposta:
“- O Espírito do médium é o intérprete, porque está ligado ao corpo que serve para a comunicação e porque é necessária essa cadeia entre vós e os Espíritos comunicantes, como é necessário um fio elétrico para transmitir uma notícia à distância, e na ponta do fio uma pessoa inteligente que a receba e comunique”.
Coloco a seguir um trecho de um texto dado por dois espíritos superiores, Erasto e Timóteo:
“Qualquer que seja a natureza dos médiuns escreventes, mecânicos, semimecânicos ou simplesmente intuitivos, nossos processos de comunicação por meio deles não variam na essência. Com efeito, nossas comunicações com os Espíritos encarnados, diretamente, ou com os Espíritos propriamente ditos, se realizam unicamente pela irradiação do nosso pensamento”.
“Nossos pensamentos não necessitam das vestes da palavra para que os Espíritos os compreendam. Todos os Espíritos percebem o pensamento que desejamos transmitir-lhes, pelo simples fato de o dirigirmos a eles, e isso na razão do grau de suas faculdades intelectuais. [...] o Espírito encarnado que nos serve de médium é mais apropriado para transmitir o nosso pensamento a outros encarnados, embora não o compreenda, o que um Espírito desencarnado, mas pouco adiantado não poderia fazer, se fôssemos obrigados à sua mediação. Porque o ser terreno põe o seu corpo, como instrumento, à nossa disposição, o que o Espírito errante não pode fazer”.
Se para um Espírito superior se comunicar com um espírito encarnado é necessário que um médium seja interprete por ainda estar ligado ao corpo, atuando como fio elétrico entre emissor e receptor, por que numa possessão ele pode atuar sem o fio condutor?
Não é possível para o espírito encarnado simplesmente se libertar, mesmo que parcialmente, de seu corpo, pois como Kardec colocou na A Gênese o espírito é atraído por uma força irresistível.
Numa possessão como Kardec afirma o espírito se apodera do corpo, mas isto não quer dizer que ele o controla diretamente como se nele estivesse encarnado, mas ele tem o domínio do corpo através do perispírito do encarnado, como ocorre na mediunidade. Se a possessão for de um espírito bom o encarnado lhe cede o controle voluntariamente como o faz um médium, mas se a possessão for feita por um espírito mau, ela ocorre pela ausência de força moral do possuído para resistir à dominação.
O termo incorporação pode não ser adequado à mediunidade falante nem ao processo possessivo. Ele tem como melhor significado o ato de se ligar ao corpo material, ou seja, é na verdade sinônimo de encarnação.
 
 
creditos:

segunda-feira, 14 de março de 2011

As Cinco Alternativas da Humanidade - por Kardec

 
São bem poucos os homens que vivem sem inquietação pelo dia de amanhã. 
Se, pois, inquieta-se pelo que se será depois de um dia de vinte e quatro horas, com mais forte razão é natural preocupar-se com o que será de nós depois do dia claro da vida, porque não se trata mais de alguns instantes, mas da eternidade.

Viveremos ou não viveremos mais!

Não há meio-termo; é uma questão de vida ou de morte; é a suprema alternativa!...

Interrogando-se o sentimento íntimo da quase universalidade dos homens, todos responderão: "Viveremos." 

Essa esperança é para eles uma consolação.

Entretanto, uma pequena minoria se esforça, há algum tempo sobretudo, em provar-lhes que não viverão. 

Essa escola fez prosélitos, é preciso confessar, e principalmente entre aqueles que temem a responsabilidade do futuro, acham mais cômodo gozar o presente sem constrangimento, sem serem perturbados pela perspectiva das conseqüências.

Mas não está aí senão a opinião do menor número.

Se viveremos, como viveremos? 

Estaremos em que condições?

Aqui os sistemas variam com as crenças religiosas e filosóficas.

Entretanto, todas os opiniões sobre o futuro do homem podem se reduzir a cinco alternativas principais, que vamos resumir sumariamente, a fim de que a sua comparação seja mais fácil e que cada um possa discernir, com conhecimento de causa, aquela que lhe parece mais racional e melhor responde às suas aspirações pessoais e às necessidades da sociedade.

Estas cinco alternativas são as que resultam das doutrinas do materialismo, do panteísmo, do deísmo, do dogmatismo, e do Espiritismo.


§ I. Doutrina Materialista

A inteligência do homem é uma propriedade da matéria; nasce e morre com o organismo.

O homem não é nada antes, nada depois da vida corpórea.

Conseqüências. O homem, não sendo senão matéria, não há de real e de invejável senão os gozos materiais; as afeições morais não têm futuro; os laços morais são quebrados sem retorno na morte; as misérias da vida são sem compensação; o suicídio torna-se o fim racional e lógico da existência, quando os sofrimentos são sem esperança de melhora; é inútil se impor um constrangimento para vencer os seus maus pendores; viver para si o melhor possível, enquanto estiver aqui; a estupidez de se incomodar e de sacrificar seu repouso, seu bem-estar, por outrem, quer dizer, por seres que serão aniquilados, a seu turno, e que jamais tornarão a ser vistos; deveres sociais sem base, o bem e o mal são coisas de convenção; o freio social é reduzido ao poder material da lei civil.

Nota. Talvez não será inútil lembrar aqui, aos nossos leitores, algumas passagens de um artigo que publicamos sobre o materialismo, no número da Revista de agosto de 1868.

"O materialismo, dizíamos nós, fazendo-se notar como não o fizera em nenhuma outra época, colocando-se como regulador supremo dos destinos morais da Humanidade, teve por efeito assustar as massas pelas conseqüências inevitáveis de suas doutrinas para a ordem social; por isso mesmo provocou, em favor das idéias espiritualistas, uma enérgica reação que deve provar-lhe que está longe de ter as simpatias tão gerais como supunha, e que se faz estranha ilusão esperando um dia impor as suas leis ao mundo.

"Seguramente, as crenças espiritualistas do tempo passado são insuficientes para este século; não estão no nível intelectual de nossa geração; estão, sobre muitos pontos, em contradição com os dados certos da ciência; deixam no espírito idéias incompatíveis com a necessidade do positivo que domina na sociedade moderna; têm, além disso, o erro imenso de se impor pela fé cega e proscrever o livre exame; daí, sem nenhuma dúvida, o desenvolvimento da incredulidade entre o maior número; é bem evidente que, se os homens não fossem nutridos, desde sua infância, senão com idéias a serem mais tarde confirmadas pela razão, não haveria incrédulos.

Quantas pessoas, reconduzidas à crença pelo Espiritismo, nos disseram:

"Se se tivessem sempre apresentado Deus, a alma e a vida futura de maneira racional, jamais teríamos duvidado!"

"Do fato que um princípio receba má ou falsa aplicação, segue-se que falta rejeitá-lo?

Há coisas espirituais, como da legislação e de todas as instituições sociais, que é preciso apropriá-las ao tempo sob pena de sucumbirem.

Mas, em lugar de apresentar uma coisa melhor do que o velho espiritualismo, o materialismo prefere tudo suprimir, o que o dispensa de procurar, e parece mais cômodo àqueles que a idéia de Deus e do futuro importuna.

Que se pensaria de um médico que, achando que o regime de um convalescente não está bastante substancial para o seu temperamento, lhe prescrevesse nada comer?

"O que se admira encontrar, na maioria dos materialistas da escola moderna, é o espírito de intolerância, levado aos seus últimos limites, eles que reivindicam, sem cessar, o direito de liberdade de consciência!...

"... Há, neste momento, da parte de um certo partido, uma revolta contra as idéias espiritualistas em geral, na qual o Espiritismo se encontra naturalmente envolvido.

O que procura não é um Deus melhor e mais justo, é o Deus matéria, menos incômodo porque não há contas a lhe prestar.

Ninguém contesta, a esse partido, o direito de ter a sua opinião, de discutir as opiniões contrárias; mas o que não se saberia conceder-lhe é a pretensão, ao menos singular para os homens que se colocam como apóstolos da liberdade, de impedir, aos outros, crerem à sua maneira e discutir doutrinas que não partilham.

Intolerância por intolerância. Uma não vale mais do que a outra..."


§ II. Doutrina Panteísta

O princípio inteligente ou alma, independente da matéria, no nascimento é haurido do todo universal; se individualiza em cada ser durante a vida, e, na morte, retorna à massa comum, como as gotas de chuva no Oceano.

Conseqüências. Sem individualidade, e sem consciência de si mesmo, o ser é como se não existisse; as conseqüências morais desta doutrina são exatamente as mesmas que as da doutrina materialista.

Nota. Um certo número de panteístas admite que a alma, haurida no nascimento no todo universal, conserva a sua individualidade durante um tempo indefinido, e que ela não retorna à massa senão depois de ter chegado ao último grau da perfeição.

As conseqüências desta variedade de crença são absolutamente as mesmas que as da doutrina panteísta propriamente dita, porque é perfeitamente inútil se dar ao trabalho para adquirir alguns conhecimentos, dos quais deve perder a consciência aniquilando-se depois de um tempo relativamente curto; se a alma , geralmente, se recusa a admitir semelhante concepção, quanto deveria ela estar mais penosamente afetada, pensando que, no instante em que atingisse o conhecimento e a perfeição supremas, seria aquele em que seria condenada a perder o fruto de seus labores, perdendo a sua individualidade.


§ III. Doutrina Deísta

O deísmo compreende duas categorias bem distintas de crentes: os deístas independentes e os deístas providenciais.

Os deístas independentes crêem em Deus; admitem todos os seus atributos como criador.

Deus, dizem eles, estabeleceu as leis gerais que regem o Universo, mas essas leis, uma vez criadas, funcionam sozinhas, e seu autor não se ocupa mais de nada.

As criaturas fazem o que querem ou o que podem, sem que com isso se inquietem.

Não há, providência; Deus, não se ocupando conosco, nada há a agradecer-lhe, nem a pedir-lhe.

Aqueles que negam toda intervenção da providência na vida do homem são como crianças que se crêem bastante razoáveis para se livrarem da tutela, dos conselhos e da proteção de seus pais, ou que pensariam que seus pais não devem mais se ocupar delas, desde que as colocou no mundo.

Sob o pretexto de glorificar a Deus, muito grande, dizem, para se abaixar até as suas criaturas, fazem dele um grande egoísta e o abaixam ao nível dos animais que abandonam seus progenitores aos elementos.

Esta crença é resultado do orgulho; é sempre o pensamento de estar submetido a uma força superior que melindra o amor-próprio e da qual procura libertar-se.

Ao passo que uns recusam absolutamente essa força, outros consentem em reconhecer a sua existência, mas a condenam à nulidade.

Há uma diferença essencial entre o deísta independente dos quais acabamos de falar, e o deísta providencial; este último, com efeito, crê não só na existência e no poder criador de Deus, na origem das coisas; crê ainda em sua intervenção incessante na criação e a pede, mas não admite o culto exterior e o dogmatismo atual.


§ IV. Doutrina Dogmática

A alma, independente da matéria, é criada no nascimento de cada ser; sobrevive e conserva a sua individualidade depois da morte; a sua sorte está, desde esse momento, irrevogavelmente fixada; os seus progressos ulteriores são nulos; ela será, conseqüentemente, por toda a eternidade, intelectual e moralmente, o que era durante a vida.

Sendo os maus condenados a castigos perpétuos e irremissíveis no inferno, disso ressalta, para eles, a inutilidade completa do arrependimento; Deus parece, assim, se recusar a lhes deixar a oportunidade de reparar o mal que fizeram.

Os bons são recompensados pela visão de Deus e a contemplação perpétua no céu.

Os casos que podem merecer, pela eternidade, o céu ou o inferno, são deixados para a decisão e o julgamento de homens falíveis, a quem é dado absolver ou condenar.

(Nota. Se se objetasse, a esta última proposição, que Deus julga em última instância, poder-se-ia perguntar qual é o valor da decisão pronunciada pelos homens, uma vez que pode ser revogada.)

Separação definitiva e absoluta dos condenados e dos eleitos.

Inutilidade dos auxílios morais e das consolações para os condenados.

Criação de anjos ou almas privilegiadas isentas de todo trabalho para chegar à perfeição, etc., etc.

Conseqüências. Esta doutrina deixa sem solução os graves problemas seguintes:

1º De onde vêm as disposições inatas, intelectuais e morais, que fazem com que os homens nasçam bons ou maus, inteligentes ou idiotas?

2º Qual é a sorte das crianças que morrem em tenra idade?

Por que entram elas na vida feliz sem o trabalho ao qual outras estão sujeitas durante longos anos?

Por que são recompensadas sem terem podido fazer o bem, ou privadas de uma felicidade sem terem feito o mal?

3º Qual é a sorte dos c******s e dos idiotas, que não têm consciência de seus atos?

4º Onde está a justiça da miséria e das enfermidades de nascimento, uma vez que não são resultado de nenhum ato da vida presente?

5º Qual é a sorte dos selvagens e de todos aqueles que morrem forçosamente no estado de inferioridade moral, onde se encontram colocados pela própria Natureza, se não lhes é dado progredir ulteriormente?

6º Por que Deus cria almas mais favorecidas, umas do que as outras?

7º Por que chama a si, prematuramente, aqueles que teriam podido se melhorar se tivessem vivido por mais longo tempo, desde o instante que não lhes é dado avançar depois da morte?

8º Por que Deus criou anjos, chegados à perfeição sem trabalho, ao passo que outras criaturas estão submetidas às mais rudes provas, nas quais têm mais chances de sucumbir do que de sair vitoriosas? etc., etc.


§ V. Doutrina Espírita

O princípio inteligente é independente da matéria.

A alma individual preexiste e sobrevive ao corpo. O mesmo ponto de partida para todas as almas, sem exceção; todas são criadas simples e ignorantes, e são submetidas ao progresso indefinido.
Nenhuma criatura privilegiada é mais favorecida, umas do que as outras; os anjos são seres chegados à perfeição depois de terem passado, como as outras criaturas, por todos os graus da inferioridade.

As almas, ou Espíritos, progridem mais ou menos rapidamente em virtude de seu livre arbítrio, pelo seu trabalho e sua boa vontade.

– A vida espiritual é a vida normal; a vida corpórea é uma fase temporária da vida do Espírito, durante a qual ele reveste, momentaneamente, um envoltório material de que se despoja na morte.

O Espírito progride no estado corpóreo e no estado espiritual.

O estado corpóreo é necessário ao Espírito até que ele atinja um certo grau de perfeição: nele se desenvolve pelo trabalho a que está sujeito pelas suas próprias necessidades, e adquire conhecimentos práticos especiais.

Uma única existência corpórea sendo insuficiente para fazê-lo adquirir todas as perfeições, retoma um corpo tão freqüentemente quanto isso lhe seja necessário, e, a cada vez, nele chega com o progresso que alcançou em suas existências anteriores e na vida espiritual.

Quando adquiriu no mundo tudo aquilo que pode nele adquirir, deixa-o para ir para outros mundos mais avançados, intelectual e moralmente, cada vez menos materiais, e assim continuamente até a perfeição, da qual a criatura é suscetível.

O estado feliz ou infeliz dos Espíritos é inerente ao seu adiantamento moral; sua punição é a conseqüência de seu endurecimento no mal, de sorte que, perseverando no mal, se punem eles mesmos; mas a porta do arrependimento jamais lhes é fechada, e podem, quando querem, retornar ao caminho do bem e chegar, com o tempo, a todos os progressos.

As crianças que morrem em tenra idade podem ser mais ou menos avançadas, porque já viveram em existências anteriores, onde puderam fazer o bem ou cometer más ações.

A morte não as livra das provas que devem sofrer, e recomeçam, em tempo útil, uma nova existência sobre a Terra, em mundos superiores, segundo o seu grau de elevação.

A alma dos c******s e dos idiotas é da mesma natureza que a de qualquer encarnado; freqüentemente, a sua inteligência é superior, e sofrem a insuficiência dos meios, que têm para entrar em relação com os seus companheiros de existência, como os mudos sofrem por não poderem falar.

Abusaram de sua inteligência, em suas existências anteriores, e aceitaram, voluntariamente, estar reduzidos à impossibilidade para expiarem o mal que cometeram, etc.,

segunda-feira, 7 de março de 2011

Sobre o que dizem os Espíritos.

 

Deve-se Publicar Tudo Quanto Dizem os Espíritos?


Esta pergunta nos foi dirigida por um dos nossos correspondentes, e a respondemos com a pergunta seguinte: Seria bom publicar tudo quanto dizem e pensam os homens?

Quem possua uma noção, por pouco profunda que seja do Espiritismo, sabe que o mundo invisível é composto de todos aqueles que deixaram na Terra seu envoltório visível; mas, em se despojando dele, o homem carnal, nem todos, por isso, revestiram a túnica dos anjos.

Portanto, os há de todos os graus de saber e de ignorância, de moralidade e de imoralidade; eis o que não é necessário perder de vista.

Não esqueçamos que, entre os Espíritos, como na Terra, há seres levianos, estouvados e zombeteiros; pseudo-sábios, vãos e orgulhosos de um saber incompleto; hipócritas, maus; e o que nos pareceria inexplicável, se não conhecêssemos, de alguma sorte, a fisiologia desse mundo, é que há sensuais, vis, crápulas, que se arrastam na lama.

Ao lado disso, sempre como na Terra, tendes seres bons, humanos, benevolentes, esclarecidos, sublimes de virtudes; mas como o nosso mundo não está nem na primeira, nem na última classe, embora esteja mais vizinho da última do que da primeira, disso resulta que o mundo dos Espíritos encerra seres mais avançados intelectual e moralmente do que os nossos homens mais esclarecidos, e outros que estão ainda abaixo dos homens mais inferiores.

Desde que esses seres têm um meio patente de se comunicarem com os homens, de exprimirem seus pensamentos por sinais inteligíveis, suas comunicações devem ser o reflexo de seus sentimentos, de suas qualidades ou de seus vícios; elas serão levianas, triviais, grosseiras, obscenas mesmo, sábias, prudentes ou sublimes, segundo seu caráter e sua elevação.

Eles mesmos se revelam pela sua linguagem; daí a necessidade de não aceitar cegamente tudo o que vem do mundo oculto, e de submetê-lo a um controle severo.

Com as comunicações de certos Espíritos, poder-se-ia, como com os discursos de certos homens, fazer uma coletânea pouco edificante.

Temos sob os olhos uma pequena obra inglesa, publicada na América, que disso é a prova, e da qual se pode dizer que a mãe não recomendaria a leitura à sua filha; é por isso que não a recomendamos aos nossos leitores. 
Há pessoas que acham isso engraçado, divertido; que se deliciem na intimidade com ela, seja, mas que a guardem para si.

O que concebemos ainda menos, é vangloriar-se por obterem, elas mesmas, comunicações inconvenientes; é sempre um indício de simpatia do qual não há com que se envaidecer, sobretudo quando essas comunicações são espontâneas e persistentes,como ocorre com certas pessoas.

Sem dúvida, isso nada prejulga quanto à sua moralidade atual, porque conhecemos as que se afligem com esse gênero de obsessão, à qual seu caráter, de nenhum modo, pode se prestar; entretanto, esse efeito deve ter uma causa, como todos os efeitos; não sendo encontrada na existência presente, é necessário procurá-la num estado anterior; se ela não está em nós, está fora de nós, mas nela somos sempre alguma coisa, não seria senão por fraqueza de caráter. Sendo a causa conhecida, depende de nós fazê-la cessar.

Ao lado dessas comunicações francamente más, e que chocam todo ouvido um pouco delicado, outras há que são simplesmente triviais ou ridículas; há inconveniente em publicá-las?

Se forem dadas pelo que valem, não há senão um meio mal; se são dadas como estudo do gênero, com as precauções oratórias, os comentários e os corretivos necessários, podem mesmo ser instrutivas, por fazerem conhecer o mundo Espírita sob todas as suas faces; com a prudência e a circunspecção, podem-se dizer tudo; mas o mal é dar como sérias coisas que chocam o bom senso, a razão e as conveniências; o perigo, nesse caso, é maior do que se pensa.

Primeiro essas publicações têm por inconveniente induzirem ao erro as pessoas que não estão aptas para aprofundarem e discernirem o verdadeiro do falso, sobretudo numa questão tão nova quanto o Espiritismo; em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários, que não deixam de tirar delas argumentos contra a alta moralidade do ensinamento Espírita; porque, ainda uma vez, o mal está em apresentar seriamente coisas notoriamente absurdas.

Alguns podem mesmo ver uma profanação no papel ridículo que se empresta a certos personagens justamente venerados, e aos quais se leva a uma linguagem indigna deles.

Aqueles que estudaram a fundo a ciência Espírita sabem como manter-se a esse respeito; sabem que os Espíritos zombeteiros não deixam de se ornar com nomes respeitáveis; mas sabem também que esses Espíritos não enganam senão aqueles que querem deixar se enganar, e que não sabem, ou não querem frustrar suas astúcias pelos meios de controle que conhecemos.

O público, que não sabe disso, não vê senão uma coisa: um absurdo seriamente oferecido à admiração, e dizem a si mesmos: Se todos os Espíritas são como isso, não lhes roubaram o epíteto com o qual são gratificados.

Esse julgamento, sem nenhuma dúvida, é sem consideração; vós os acusais, com razão, de leviandade, e dizei-lhes: Estudai a coisa, e não vede senão um único lado da medalha; mas há muitas pessoas que julgam a priori, e sem dar-se ao trabalho de virar a folha, sobretudo quando não o faz de boa vontade, que é necessário evitar o que pode dar-lhes muita contenda; porque, se à má vontade se junta à malevolência, ficam encantados por encontrarem do que falar mal.

Mais tarde, quando o Espiritismo estiver vulgarizado, mais conhecido, e compreendido pelas massas, essas publicações não terão mais influência do que não teria hoje uma livre compreensão das heresias científicas.

Até lá, não se poderia nisso colocar mais de circunspecção, porque há os que podem prejudicar essencialmente à causa que querem defender, muito mais do que os ataques grosseiros e as injúrias de certos adversários: alguns fariam nesse objetivo o que não conseguiriam melhor.

O erro de certos autores é o de escrever sobre um assunto antes de tê-lo aprofundado suficientemente, e, por aí, dar lugar a uma crítica fundada. Lamentam-se do julgamento temerário de seus antagonistas: não prestam atenção ao fato de que, eles mesmos, freqüentemente, mostram o ponto fraco.

De resto, apesar de todas as precauções, seriam presunçosos por se crerem ao abrigo de toda crítica: primeiro, porque é impossível contentar todo o mundo; em segundo lugar, porque há pessoas que riem de tudo, mesmo das coisas mais sérias, uns por estado, os outros por caráter.


Riem muito da religião; não é de se admirar que rissem dos Espíritos, que não conhecem.

Se ainda seus gracejos fossem espirituosos, haveria compensação; infelizmente, em geral, eles não brilham nem pela finura, nem pelo bom gosto; nem pela urbanidade e ainda menos pela lógica. 

"Segue-se que a opinião de um Espírito sobre um princípio qualquer não é considerada pelos espíritas senão como uma opinião individual, que pode ser justa ou falsa, e não tem valor senão quando é sancionada pelo ensino da maioria, dado sobre os diversos pontos do globo." (Allan Kardec)


"Segue-se que a opinião de um Espírito sobre um princípio qualquer não é considerada pelos espíritas senão como uma opinião individual, que pode ser justa ou falsa, e não tem valor senão quando é sancionada pelo ensino da maioria, dado sobre os diversos pontos do globo." (Allan Kardec)

ALLAN KARDEC
Revista Espírita, Novembro de 1859


Portanto, façamos pelo melhor, colocando, de nossa parte, a razão e as conveniências, aí também colocaremos os galhofeiros.

Essas considerações serão facilmente compreendidas por todo o mundo; mas há uma, não menos essencial, que se prende à própria natureza das comunicações Espíritas, e que não devemos omitir os Espíritos vão onde encontram simpatia e onde sabem serem escutados.

As comunicações grosseiras e inconvenientes, ou simplesmente falsas, absurdas e ridículas, não podem emanar senão de Espíritos inferiores: o simples bom senso o indica.

Esses Espíritos fazem o que fazem os homens que se vêem escutados com complacência se ligam àqueles que admiram suas tolices e, freqüentemente, deles se apoderam e os dominam ao ponto de fasciná-los e subjugá-los.

A importância que se dá às suas comunicações, pela publicidade, os atrai, os anima e os encoraja.

O único, o verdadeiro meio de afastá-los, é provar-lhes que não se é sua vítima, rejeitando implacavelmente, como apócrifo e suspeito, tudo o que não é racional, tudo o que desmente a superioridade que se atribui o Espírito que se manifesta, e o nome com o qual se veste: então, quando ele vê que perde o seu tempo, retira-se.

Cremos ter respondido suficientemente à pergunta do nosso correspondente sobre a conveniência e a oportunidade de certas publicações Espíritas.

Publicar sem exame, ou sem correção, tudo o que vem dessa fonte seria fazer prova, segundo nós, de pouco discernimento.

Tal é pelo menos a nossa opinião, que deixamos à apreciação daqueles que, estando desinteressados na questão, podem julgar com imparcialidade, pondo de lado toda consideração individual.

Temos, como todo o mundo, o direito de dizer o nosso modo de pensar sobre a ciência que é o objeto de nossos estudos, e de tratá-la à nossa maneira, sem pretender impor as nossas idéias, nem dá-las como leis.

Os que partilham da nossa maneira de ver são aqueles que crêem como nós que estão com a verdade; o futuro mostrará quem está em erro ou com razão.

terça-feira, 1 de março de 2011

Das Reuniões Espíritas



A

LLAN KARDEC • RESUMO DA LEI DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS paginas 19/20
39. Os Espíritos são atraídos pela simpatia, a semelhança dos
gostos e de caracteres, a intenção que faz desejar a sua presença. Os Espíritos superiores não vão às reuniões fúteis, do mesmo modo que um sábio da Terra não iria numa assembléia de jovens estouvados. O simples bom senso diz que não pode ser de outra forma; ou, se aí vão algumas vezes, é para dar um conselho salutar, combater os vícios, procurar conduzir para o bom caminho; se não são escutados, retiram-se.
Seria ter uma idéia completamente falsa, crer que os Espíritos sérios possam se comprazer em responder a futilidades, a perguntas ociosas que não provam nem afeição, nem respeito por eles, nem desejo real, nem instrução, e ainda menos que possam vir dar espetáculo para divertimento dos curiosos. O que não faziam quando vivos, não podem fazê-lo depois da sua morte.
40. A frivolidade das reuniões tem por resultado atrair os Espíritos levianos que não procuram senão ocasiões de enganarem e de mistificarem.
Pela mesma razão que os homens graves e sérios não vão às
assembléias levianas, os Espíritos sérios vão apenas às reuniões sérias, cujo objetivo é a instrução e não a curiosidade; é nas reuniões desse gênero que os Espíritos superiores gostam de dar seus ensinamentos.
41. Do que precede resulta que, toda reunião espírita, para ser
proveitosa, deve, como primeira condição, ser séria e recolhida; que tudo deve se passar nela respeitosamente, religiosamente e com dignidade, se se quer obter o concurso habitual dos bons Espíritos. É preciso não esquecer que, se esses mesmos Espíritos aí se fizessem presentes quando vivos, ter-se-ia por eles considerações às quais têm ainda mais direito depois da sua morte.
42. Em vão se alega a utilidade de certas experiências curiosas,
frívolas e divertidas, para convencer os incrédulos, é a um resultado muito oposto que se chega. O incrédulo, já levado a zombar das mais sagradas crenças, não pode ver uma coisa séria naquilo do qual se faz
leva sempre má impressão. O que pode, sobretudo, convencê-lo, é a prova da presença de seres cuja memória lhe é cara; diante de suas palavras graves e solenes, diante das revelações íntimas, é que se o vê emocionar-se e fraquejar. Mas, pelo fato de que há mais respeito, veneração, afeição pela pessoa cuja alma se lhe apresenta, ele fica chocado, escandalizado, de vê-la chegar a uma assembléia sem respeito, no meio de mesas que dançam e da pantomima dos Espíritos levianos; por incrédulo que seja, sua consciência repele essa mistura do sério e do frívolo,
do religioso e do profano, por isso taxa tudo isso de charlatanice, e, freqüentemente, sai menos convencido do que quando entrou.
As reuniões dessa natureza, fazem sempre mais mal do que
bem, porque afastam da Doutrina mais pessoas do que a ela conduzem, sem contar que se prestam a motivar a crítica dos detratores, que nela encontram motivos fundados de zombaria.
A
LLAN KARDEC • RESUMO DA LEI DOS FENÔMENOS ESPÍRITASpaginas 19/20
um divertimento; não pode ser levado a respeitar o que não lhe é apresentado de maneira respeitável; também das reuniões fúteis e levianas, nas quais não há nem ordem, nem gravidade, nem recolhimento, ele