Meus amigos e meus irmãos em Jesus, paz aos vossos corações e luz às vossas consciências.
Em regra, quando aí na Terra recebemos uma réstia de luz, julgamo-nos iluminados, ou, pelo menos, mais esclarecidos do que os nossos irmãos que da mesma centelha não partilharam. E partimos contentes, a proclamar a nossa dita, julgando-nos perto da conquista definitiva da Felicidade que almejamos. Pobre do homem! Pobre filho do pecado. Isto também me sucedeu. Bafejado pela iluminação de meu Guia, eu, mísero verme, mal saído do lodo, julgava-me mais perto do Céu – do céu que eu arquitetara.
E não sabia, como agora o sei, que essa luz só me foi concedida como fruto de misericórdia, justamente, porque sem ela eu fora mais falido do que os outros que a não possuíam! Pobre vaidade, estulto orgulho humano, que da própria esmola divina faz patrimônio de presunção! Aqui, chegados entretanto, vemos melhor estas coisas e então, e só então, nos convencemos de que mais é o negativo que o positivo do nosso esforço, ou, por outra, o que fizemos não é nada em relação ao que pudéramos fazer. Irmãos, amigos, companheiros, essa desilusão é comum aqui entre os que aí se presumem obreiros da salvação e aqui aportam com a sua bagagem do preconceito, julgando terem feito mais do que os seus irmãos. Outros, descansam à sombra dos primeiros louros colhidos e pensam mais no que fizeram do que no que deixaram de fazer! Engano, cegueira, fatalidade, eis que importa combate-la, concitando o discípulo do Evangelho a não considerar jamais terminado o seu dia de trabalho.
A luz, meus caros, que se nos dá, precisa ser difundida em prismas infinitos e vivificada pelos atos para que possa refletir neste plano, em nós e por nós. Não vos julgueis jamais melhor quinhoados no quadro dos filhos de Deus. Antes, pelo contrário, julgai sempre que a luz é intensa quanto mais próximos eles se encontram do abismo. Esta é a nossa, é a vossa, é a história de todos os filhos desta Terra de provação e de misérias, mas também Terra bendita de redenção, como celeiro das graças do Nosso Senhor Jesus-Cristo. A Ele pedimos por vós e por nós.
Paz e humildade, resignação e sacrifício, eis o que se vos pede para que a luz se não extinga em vossas almas.
Encerramos este capítulo com essas palavras de Bezerra de Menezes, que nos lembra da responsabilidade que temos diante do conhecimento que já usufruímos. Esse lembrete precisa ser aplicado, com determinação e continuidade, às nossas atividades de desenvolvimento do potencial dos colaboradores, pois, com certeza, precisaremos prestar contas dos talentos que recebemos.
A preparação dos colaboradores é uma forma de estarmos multiplicando os conhecimentos recebidos, colocando-nos em serviço e, conseqüentemente, sendo úteis no processo de continuidade da tarefa.
Urge, pois, que todos os dirigentes espíritas procurem desenvolver mais e mais colaboradores, oportunizando não apenas o crescimento do grupo, mas viabilizando o seu próprio crescimento espiritual.
Extraído de Reformador, de 1.1.1926, página 10, “Ditados”.