Caravana da Fraternidade

Caravana da Fraternidade
Francisco Spinelli

domingo, 28 de outubro de 2012

MENSAGEM DE BEZERRA DE MENEZES . Urge, pois, que todos os dirigentes espíritas procurem desenvolver mais e mais colaboradores.



Meus amigos e meus irmãos em Jesus, paz aos vossos corações e luz às vossas consciências.

Em regra, quando aí na Terra recebemos uma réstia de luz, julgamo-nos iluminados, ou, pelo menos, mais esclarecidos do que os nossos irmãos que da mesma centelha não partilharam. E partimos contentes, a proclamar a nossa dita, julgando-nos perto da conquista definitiva da Felicidade que almejamos. Pobre do homem! Pobre filho do pecado. Isto também me sucedeu. Bafejado pela iluminação de meu Guia, eu, mísero verme, mal saído do lodo, julgava-me mais perto do Céu – do céu que eu arquitetara.

E não sabia, como agora o sei, que essa luz só me foi concedida como fruto de misericórdia, justamente, porque sem ela eu fora mais falido do que os outros que a não possuíam! Pobre vaidade, estulto orgulho humano, que da própria esmola divina faz patrimônio de presunção! Aqui, chegados entretanto, vemos melhor estas coisas e então, e só então, nos convencemos de que mais é o negativo que o positivo do nosso esforço, ou, por outra, o que fizemos não é nada em relação ao que pudéramos fazer. Irmãos, amigos, companheiros, essa desilusão é comum aqui entre os que aí se presumem obreiros da salvação e aqui aportam com a sua bagagem do preconceito, julgando terem feito mais do que os seus irmãos. Outros, descansam à sombra dos primeiros louros colhidos e pensam mais no que fizeram do que no que deixaram de fazer! Engano, cegueira, fatalidade, eis que importa combate-la, concitando o discípulo do Evangelho a não considerar jamais terminado o seu dia de trabalho.

A luz, meus caros, que se nos dá, precisa ser difundida em prismas infinitos e vivificada pelos atos para que possa refletir neste plano, em nós e por nós. Não vos julgueis jamais melhor quinhoados no quadro dos filhos de Deus. Antes, pelo contrário, julgai sempre que a luz é intensa quanto mais próximos eles se encontram do abismo. Esta é a nossa, é a vossa, é a história de todos os filhos desta Terra de provação e de misérias, mas também Terra bendita de redenção, como celeiro das graças do Nosso Senhor Jesus-Cristo. A Ele pedimos por vós e por nós.

Paz e humildade, resignação e sacrifício, eis o que se vos pede para que a luz se não extinga em vossas almas.

Encerramos este capítulo com essas palavras de Bezerra de Menezes, que nos lembra da responsabilidade que temos diante do conhecimento que já usufruímos. Esse lembrete precisa ser aplicado, com determinação e continuidade, às nossas atividades de desenvolvimento do potencial dos colaboradores, pois, com certeza, precisaremos prestar contas dos talentos que recebemos.

A preparação dos colaboradores é uma forma de estarmos multiplicando os conhecimentos recebidos, colocando-nos em serviço e, conseqüentemente, sendo úteis no processo de continuidade da tarefa.

Urge, pois, que todos os dirigentes espíritas procurem desenvolver mais e mais colaboradores, oportunizando não apenas o crescimento do grupo, mas viabilizando o seu próprio crescimento espiritual.


Extraído de Reformador, de 1.1.1926, página 10, “Ditados”.

sábado, 6 de outubro de 2012

Méhémet-Ali, antigo paxá do Egito. Comunicação mediunica recebida nas sessões dirigidas por Allan Kardec em 16 de março de 1858.

 

Méhémet-Ali, antigo paxá do Egito

Revista Espírita, abril de 1858

Comunicação mediunica recebida nas sessões dirigidas por Allan Kardec em 16 de março de 1858.

1. Que vos animou a atender o nosso apelo?

- R. Para vos instruir.

2. Estais contrariado por estar vindo entre nós, e responder às perguntas que desejamos vos endereçar?

- R. Não; as que tiverem por objetivo a vossa instrução, eu consinto.

3. Que prova podeis nos dar da vossa identidade, e como poderemos saber que não é um outro Espírito que toma vosso nome?

- R. De que isso serviria?

4. Sabemos por experiência que Espíritos inferiores, freqüentemente, ostentam nomes supostos, e foi por isso que fizemos esse pedido.

- R. Eles ostentam também as provas; mas o Espírito que toma uma máscara se revela, também ele mesmo, por suas palavras.

5. Sob qual forma e em qual lugar estais entre nós?

- R. Sob a que leva o nome de Méhémet- Ali, perto de Ermance.

6. Estaríeis satisfeito se vos cedêssemos um lugar especial?

- R. Sobre a cadeira vazia.

Nota. Havia, perto dali, uma cadeira vazia à qual não se havia prestado atenção.

7. Tendes uma lembrança precisa da vossa última existência corporal?

- R. Não a tenho ainda

precisa; a morte deixou-me a sua perturbação.

8. Sois feliz?

- R. Não; infeliz.

9. Sois errante ou reencarnado?

- R. Errante.

10. Lembrai-vos o que foste antes de vossa última existência?

- R. Era pobre na Terra; invejei as grandezas terrestres; subi para sofrer.

11. Se pudésseis renascer na Terra, que condições escolheríeis de preferência?

- R. Obscura; os deveres são menores.

12. Que pensais agora da posição que ocupastes em último lugar na Terra?

- R. Vaidade do nada! Quis conduzir homens; soubesse eu conduzir a mim mesmo!

13. Diz-se que a vossa razão esteve alterada, desde há algum tempo; isso é verdade?

- R. Não.

14. A opinião pública aprecia o que fizestes pela civilização do Egito, e vos coloca na posição dos maiores príncipes. Com isso, experimentais satisfação?

- R. Que me importa! A opinião dos homens é o vento do deserto que levanta a poeira.

15. Vedes com prazer vossos descendentes caminharem na mesma senda, e vos interessais por seus esforços?

- R. Sim, uma vez que têm por objetivo o bem comum.

16. Reprovam-se-vos, no entanto, atos de uma grande crueldade: deles vos arrependeis agora?

- R. Eu os expio.

17. Vedes aqueles que haveis feito massacrar?

- R. Sim.

18. Que sentimentos experimentam por vós?

- R. O ódio e a piedade.

19. Desde que haveis deixado esta vida, revistes o sultão Mahmoud?

- R. Sim; em vão fugimos um do outro.

20. Qual sentimento experimentais, um pelo outro, agora?

- R. A aversão.

21. Qual é a vossa posição atual sobre as penas e as recompensas que nos esperam depois da morte?

- R. A expiação é justa.

22. Qual foi o maior obstáculo que tivestes de combater para o cumprimento dos vossos objetivos progressistas?

- R. Eu reinava sobre escravos.

23. Pensais que se o povo que governastes fosse cristão, teria sido menos rebelde à civilização?

- R. Sim; a religião cristã eleva a alma; a religião muçulmana não fala senão à matéria.

24. Quando vivo, vossa fé na religião muçulmana era absoluta? -

- R. Não; eu acreditava num Deus maior.

25. Que pensais disso agora?

- R. Ela não faz os homens.

26. Maomé tinha, segundo vós, uma missão divina?

- R. Sim, mas que a prejudicou.

27. Em que a prejudicou?

- R. Quis reinar.

28. Que pensais de Jesus?

- R. Este veio de Deus.

29. Qual dos dois, Jesus ou Maomé, que, segundo vós, tem feito mais para a felicidade da Humanidade?

- R. Por que o perguntais? Que povo Maomé regenerou? A religião cristã saiu pura das mãos de Deus; a religião maometana é a obra de um homem.

30. Credes uma dessas duas religiões destinada a se apagar de sobre a Terra?

- R. O homem progride sempre; a melhor permanecerá.

31. Que pensais da poligamia, consagrada pela religião maometana?

- R. É um dos laços que retêm na barbárie os povos que a professam.

32. Credes que a submissão da mulher esteja segundo os objetivos de Deus?

- R. Não; a mulher é igual ao homem, uma vez que o Espírito não tem sexo.

33. Diz-se que o povo árabe não pode ser conduzido senão com rigor, não credes que os maus tratos o embrutecem mais do que o submetem?

- R. Sim; é o destino do homem; ele se avilta quando é escravo.

34. Poderíeis nos reportar aos tempos da antigüidade, quando o antigo Egito estava florescente, e nos dizer quais foram as causas da sua decadência moral?

- R. A corrupção dos costumes.

35. Parece que fazeis pouco caso dos monumentos históricos que cobrem o solo do Egito; não compreendemos essa indiferença da parte de um príncipe amigo do progresso.

- R. Que importa o passado! O presente não o substituiria.

36. Consentiríeis em vos explicar mais claramente?

- R. Sim; não seria preciso lembrar ao antigo Egito degradado um passado muito brilhante: não o teria compreendido. Desdenhei o

que me pareceu inútil; não poderia me enganar?

37. Os sacerdotes do antigo Egito tinham conhecimento da Doutrina Espírita? -

R. Era a deles.

38. Recebiam manifestações?

- R. Sim.

39. As manifestações que obtinham os sacerdotes egípcios tinham a mesma fonte das que Moisés obtinha?

- R. Sim, ele foi iniciado por aqueles.

40. Por que as manifestações de Moisés eram mais poderosas o que as dos sacerdotes egípcios?

- R. Moisés queria revelar; os sacerdotes egípcios não tendiam senão a ocultar.

41. Pensais que a doutrina dos sacerdotes Egípcios tinha qualquer relação com a dos Indianos?

- R. Sim; todas as religiões mães estão ligadas entre si por laços quase invisíveis; decorrem de uma mesma fonte.

42. Qual é, das duas religiões, a dos Egípcios e a dos Indianos,

que é a mãe da outra?

- R. Elas são irmãs.

43. Como ocorre que vós, em vossa vida tão pouco esclarecido sobre estas questões, possa respondê-las com tanta profundidade?

- R. Em outras existências as aprendi.

44. No estado errante, em que estais agora, tendes, pois, pleno conhecimento das vossas existências anteriores?

- R. Sim, salvo da última.

45. Haveis, pois, vivido no tempo dos Faraós?

- R. Sim; três vezes vivi sobre o solo egípcio: sacerdote, mendigo e príncipe.

46. Sob qual reinado fostes sacerdote?

- R. É tão antigo! O príncipe era vosso Sesostris.

47. Pareceria, segundo isso, que não progredistes, uma vez que

expiais, agora, os erros da vossa última existência?

- R. Sim, progredi lentamente; era eu perfeito para ser sacerdote?

48. Foi porque fostes sacerdote naquele tempo, que pudestes nos falar, com conhecimento de causa, da antiga religião dos Egípcios?

- R. Sim; mas não sou bastante perfeito para tudo saber; outros lêem no livro do passado como num livro aberto.

49. Poderíeis nos dar uma explicação sobre o motivo da construção das pirâmides?

- R. É muito tarde.

(nota - Eram quase onze horas da noite.)

50. Não vos faremos mais do que essa pergunta; consenti em respondê-la, eu vos peço.

- R. Não, é muito tarde, essa pergunta conduzirá a outras.

51. Teríeis a bondade de nos responder numa outra ocasião?

-R. Eu não me comprometo.

52. Nós vos agradecemos, nada obstante, pela complacência com a qual consentistes em responder às nossas perguntas.

- R. Bem! Eu voltarei.

Fonte: Allan Kardec, Reve Spirite,Journal D'ÉTUDES PSYCHOLOGIQUES-Tradução: SALVADOR GENTILE; Revisão: ELIAS BARBOSA; 1a edição - 1.000 exemplares – 1993 FEB