Jerri Almeida
Escritor espírita e expositor
www.jerrialmeida.blogspot.com
Esta obra (Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas) está inteiramente esgotada e não será reimpressa. Substituí-la-á novo trabalho, ora no prelo, e que será muito mais completo e obedecerá a um outro plano.
Allan Kardec – Revista Espírita – Agosto de 1860.
PREÂMBULO
Não é propósito desse artigo, definir um plano didático para O Livro dos Médiuns, abarcando a essência ou a singularidade do entendimento kardequiano, por ocasião de sua elaboração. Nossa pretensão, ao longo desse texto, será uma modesta interpretação, seguida de comentários, sobre sua estrutura que, sob vários aspectos, representou o estudo sério e criterioso de Allan Kardec sobre os fenômenos da mediunidade.
A relevância dessa obra é mencionada por Kardec em comentário na Revista Espírita de janeiro de 1861, onde assim se pronuncia: “Há muito tempo anunciada, mas com a publicação retardada por força de sua própria importância, esta obra aparecerá de 5 a 10 de janeiro (...) Ela constitui o complemento do Livro dos Espíritos e encerra a parte experimental do Espiritismo, assim como este último contém a parte filosófica.” Tratava-se de aprofundar os estudos sobre a dinâmica mediúnica, iniciados no opúsculo: Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas, publicado em 1858.
Conforme colocamos na epígrafe desse artigo, Kardec em agosto de 1860 publicava na Revista Espírita uma breve nota alertando o público para o lançamento de um “novo trabalho, que seria muito mais completo e obedeceria a outro plano.” Tratava-se, como é notório, de O Livro dos Médiuns, cuja publicação tardou pelo esmero do Codificador, vindo a lume somente em 15 de janeiro de 1861.
Em O Livro dos Médiuns, não temos simplesmente um manual dedicado aos médiuns, como ocorria com Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas, mas um verdadeiro tratado parapsicológico que anteciparia os estudos de Charles Richet (Membro da Sociedade Metapsíquica e Professor da Universidade de Paris), e os trabalhos e pesquisas de Joseph B. Rhyne, do departamento de psicologia da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. Portando, estamos diante de uma obra de fôlego, dentro de uma teoria robusta, pois fundamentada na realidade objetiva do fato mediúnico, através de sólida investigação.
1.O PLANO GERAL
No plano geral da obra, Allan Kardec escreveu uma Introdução seguida por 36 capítulos. Os capítulos foram divididos em duas partes. A primeira: Noções Preliminares, formada por quatro capítulos e a segunda: Manifestações Espíritas, por 32. Essa divisão obedece a um critério metodológico adotado por Kardec, que objetivou discutir, na primeira parte, os aspectos teóricos, demonstrando o caminho criterioso, percorrido por ele, na investigação da imortalidade da alma e de sua comunicabilidade. O Codificador procurou deixar claro que não havia elaborado uma teoria preconcebida, mas que se utilizara de um método experimental, racional, fundado numa lógica rigorosa dos fatos positivamente observados.
Na segunda parte, Kardec se detém no estudo da fenomenologia espírita, na concepção de médium à luz do Espiritismo, no exercício da mediunidade e de suas dificuldades. Justifica-se, desde logo, que seja essa a parte mais extensa da obra, justamente, pelo cuidado no detalhamento dos temas. Há uma visível preocupação em situar a mediunidade como uma faculdade humana associada à estrutura biológica do ser. Outro problema que Kardec preocupava-se, era com o exercício da mediunidade e a função dos dirigentes das reuniões práticas. Percebendo a complexidade do fenômeno mediúnico, tratou de discutir, por exemplo, a influência moral do médium, o papel dos médiuns nas comunicações, a relação entre mediunidade e obsessão, buscando, com base em seu bom senso, alertar para a necessidade do estudo aprofundado e constante, especialmente, de todos os que se propõem ao exercício dessa faculdade.
2.OBJETIVO DA OBRA
Na Introdução temos o seguinte esclarecimento: “(...) seu objetivo consiste em indicar os meios de desenvolvimento da faculdade mediúnica, tanto quanto o permitam as disposições de cada um, e, sobretudo,, dirigir-lhe o emprego de modo útil, quando ela exista. (...)” Destacando ainda que:
Além dos médiuns propriamente ditos, há uma multidão de pessoas, que aumenta todos os dias, que se ocupam das manifestações espíritas; guiá-las em suas observações, assinalar-lhes os obstáculos que podem e devem necessariamente encontrar numa nova ciência, iniciá-las na maneira de conversar com os Espíritos, indicar-lhes os meios de ter boas comunicações, é esse o campo que devemos abranger (...) (L.M. Introdução)
Allan Kardec percebendo o avanço do Espiritismo, tratou de publicar uma obra de ciência espírita capaz de instrumentalizar os indivíduos no tocante ao exercício seguro da comunicação com os espíritos. Mas, ao mesmo tempo deixou bem claro: “Nós nos dirigimos às pessoas que veem no Espiritismo um objetivo sério, que compreendem toda a sua importância e não fazem das comunicações com o mundo invisível um passatempo.” (Idem)
A rigor, sabemos que o estudo de O Livro dos Médiuns necessita, para ser bem compreendido, ser antecedido pelo estudo de O Livro dos Espíritos, para que se perceba que o Espiritismo é um todo, solidamente integrado. Com isso, a questão mediúnica não ganha, necessariamente, uma centralidade na práxis espírita. Torna-se um instrumento notável de crescimento ético-espiritual do ser (médium) que desenvolve o senso da imortalidade e enriquece seus sentimentos para o serviço de doação pessoal.
3.NOÇÕES PRELIMINARES
Essa primeira parte de O Livro dos Médiuns, havia sido também tratada de forma resumida no livro O Que é o Espiritismo, editado em 1859. O capítulo II desta obra já abordava de modo geral as “Noções Elementares de Espiritismo”. Feita essa breve observação, façamos uma análise dos capítulos que compõem essas noções preliminares.
3.1. Há Espíritos?
Nesse capítulo, cujo título é apresentado em forma de questionamento, podemos considerar que Kardec busca discutir filosoficamente três temáticas básicas:
- A natureza da alma
- A destinação do espírito após a morte
- O princípio da evolução individual
A realidade do espírito está consubstanciada na ideia de um princípio inteligente e sobrevivente à morte biológica. Essa noção acompanha o homem desde o limiar de sua caminhada evolutiva na Terra. Vejamos apenas um exemplo: A civilização do Nilo atribuía à morte uma dimensão metafísica. Em O Livro dos Mortos, provavelmente com origem na V Dinastia (2.345 a.C.) os egípcios buscavam indicações sobre a passagem do morto pelas diversas etapas em sua jornada pós-morte. Os rituais mortuários, no antigo Egito, caracterizavam a morte como uma continuação da vida. Daí a necessidade da preservação do corpo (privilégio, normalmente, da nobreza) para que o espírito a ele retornasse após sua jornada pelo mundo dos mortos. Atribuiu-se tal importância à morte que quarenta e cinco séculos antes de Cristo, na mitologia egípcia, Anúbis ou Anpu, era o deus que presidia os embalsamamentos e os sepultamentos. Acreditava-se que o corpo devia ser conservado para permitir a sobrevivência do duplo (Ka), uma espécie de matéria vaporosa e colorida que adotava a forma do corpo e do espírito. O espírito ou alma (Ba), por sua vez, era representado por uma chama ou um pássaro que voaria na direção da luz ou acompanharia o seu sepultamento.
Considerando, portanto, o amplo universo do pensamento e da cultura, Allan Kardec assim se expressa:
Seja qual for a ideia que dos Espíritos se faça, a crença neles necessariamente se funda na existência de um princípio fora da matéria. Essa crença é incompatível com a negação absoluta deste princípio. Tomamos consequentemente por ponto de partida, a existência, a sobrevivência e a individualidade da alma, (...) que tem no Espiritualismo a sua demonstração teórica e dogmática e, no Espiritismo, a demonstração positiva. [Grifos meus]
Observamos na afirmativa acima, uma verdadeira revolução gnoseológica, onde o tema do espírito deixa de ser uma abstração metafísica, uma crença religiosa, para se tornar uma “demonstração positiva”, isto é, um fato materialmente demonstrável e, por isso mesmo, situado na categoria dos objetos de investigação, observação, análise, concordância universal, tudo isso apoiado no princípio científico de que não há efeito sem causa.
Admitindo, assim, a permanência da individualidade do sujeito, e de sua consciência após a morte corporal, Kardec postula que a natureza do espírito deve ser diferente, com propriedades distintas de seu corpo físico. Ultrapassada essa primeira questão, o problema, a partir daí, está em discutir para onde irá então o espírito após a morte do corpo. Kardec colheu informações sobre a vida pós-morte seja nas reuniões mediúnicas das quais participava diretamente, ou das cartas e mensagens que outros grupos recebiam e lhe enviavam para análise.
Tudo lhe indicava uma continuidade da vida, em uma geografia muito semelhante a da Terra, tendo por base uma dinâmica evolutiva. Por sua vez, esse processo evolutivo está subordinado ao estado moral da alma, decorrente de suas construções mentais, emocionais e volitivas ao longo do tempo.
3.2. Do Maravilhoso e do Sobrenatural
A partir dos estudos e pesquisas no campo da mediunidade, evidenciando a realidade do espírito, sua natureza e sua rota evolutiva, abole-se a categoria “sobrenatural”. Tudo é natural. Os fenômenos espíritas se explicam racionalmente. Kardec apresenta argumentos e contra-argumentos buscando situar o fenômeno mediúnico dentro de uma ordem natural. O Espiritismo, então, apresenta um modelo explicativo da vida e dos múltiplos fenômenos espirituais dentro de uma organicidade que liga todas as coisas. Em O Que é o Espiritismo, Cap. I, “O maravilhoso e o sobrenatural”, diz Kardec:
O Espiritismo tende, evidentemente, a fazer reviver as crenças fundadas no maravilhoso e no sobrenatural; ora, no século positivo em que vivemos, isto me parece difícil, porque é exigir que se acredite nas superstições e nos erros populares, já condenados pela razão.
A mentalidade humana, ao longo do tempo e da cultura, havia construído um imaginário infantil sobre o “desconhecido”. Kardec, no entanto, assevera, nesse capítulo, que: “A explicação dos fatos que o Espiritismo admite, de suas causas e consequências morais forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado.”
Retirar o “véu” que encobria certos fenômenos, e inclusive a própria essência humana, dando-lhes explicação racional, com base numa rigorosa metodologia. O imperativo é compreender, o máximo possível, as leis que regem os fenômenos. Sob esse aspecto, percebemos a originalidade do trabalho desenvolvido por Allan Kardec, desvelando as leis naturais da vida.
3.3. Do Método
Comecemos por definir a palavra “método”: do latim tardio: methodus, do grego: methodos, de meta: por através de; e hodos: caminho. Método significa, portanto, um conjunto de procedimentos racionais, baseados em regras, que visam atingir um objetivo determinado. De forma mais clara: é o caminho que utilizamos para atingir um propósito.
Em seus textos Discurso do Método e Regras para a Direção do Espírito, René Descartes (1596-1650) já destacava: “O método é necessário para a procura da verdade”, isto é: “Para bem dirigir a própria razão e buscar a verdade nas ciências.” A adoção de um método evidencia o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, na verdade, é o que denominamos de “bom senso” ou “razão”. Allan Kardec foi herdeiro natural do pensamento racionalista dos séculos XVII e XVIII, e, em parte, do positivismo de sua época. É de Augusto Comte (1798-1857), o pai do Positivismo e contemporâneo de Kardec, a afirmativa: “Todos os bons espíritos, repetem, desde Bacon, que somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados.” [Grifos meus]
Ora, Kardec escreverá em A Gênese, capítulo 1, item 13 que:
(...) a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sobre os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações. [Grifos meus]
Mais importante que a própria “observação dos fatos” é a teoria explicativa que daí surge e seus efeitos éticos e morais. Nesse sentido, Kardec manifesta sua preocupação com a importância do conhecimento e do ensino espírita. Destacamos duas afirmações do Codificador, nesse capítulo, que os espíritas jamais poderão esquecer:
1º. Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem, pois, seriamente queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar. (LM. Cap. 3, item 18)
2º. (...) tais os motivos que nos forçam a não admitir, em nossas sessões experimentais, senão quem possua suficientes noções preparatórias, para compreender o que ali se faz. (LM. Cap. 3, item 34)
Ainda hoje encontramos no Movimento Espírita, certos dirigentes que negligenciam essas instruções, sobretudo, no que tange ao acesso de pessoas estranhas às reuniões mediúnicas. Graves equívocos cometem, pois, nessa área, como em outras, a superficialidade é sinal de desconhecimento da própria complexidade que se reveste o processo mediúnico em seus múltiplos matizes. Ninguém se ariscaria a entrar num laboratório que produz vacinas para determinados vírus, sem o devido preparo de conhecimento e de roupagem própria, pois é um ambiente que exige cuidados redobrados.
Uma reunião mediúnica, guardadas as proporções, é uma espécie de laboratório de elementos fluídicos, emocionais e espirituais onde múltiplas reações ocorrem. Não se trata de tornar esse, um ambiente sacralizado, mas de preparar o grupo de trabalho para as possíveis situações que ali possam ocorrer. Sendo uma reunião de assistência e esclarecimento aos desencarnados, muitos desses apresentam-se com sentimentos enrijecidos em seus próprios dramas e complexos, muitas vezes nutridos por longo tempo. Sentimentos de vingança e ódio, de desespero e amargura, misturam-se, exigindo do grupo de trabalho o acolhimento fraterno, o equilíbrio pessoal, o conhecimento doutrinário para conduzir, de modo ingente e profícuo, todo esse processo.
3.4. Dos Sistemas
Allan Kardec, nesse capítulo, preocupa-se em identificar os sistemas que, em sua época, buscavam interpretar os fenômenos espíritas. Podemos considerar, inicialmente, por sistema, um conjunto de conhecimentos interligados, formando um todo orgânico. O Espiritismo é um sistema doutrinário centrado na existência de Deus, sua justiça, na imortalidade da alma, sua comunicabilidade com o mundo físico e sua pluriexistencialidade. São eixos fundamentais que formam uma unidade orgânica, lógica e racionalmente estruturada num corpo de doutrina.
Uma questão, levantada por Kardec, que poderá passar despercebida no meio do texto é o problema da “diversidade das interpretações”. Quer se pense sobre os sistemas e suas interpretações sobre os fatos espíritas ou, o que consideramos mais grave, as interpretações que se dá no meio espírita para os textos doutrinários, distanciando-se muitas vezes do pensamento kardequiano, conclui-se que interpretar, seja um texto ou um fato, não é tarefa simplista.
O essencial, diz lucidamente Kardec, é a aplicação da mediunidade para o melhoramento moral do ser humano: “O mais não passa de curiosidade estéril e muitas vezes orgulhosa..” (LM. Cap. 4, item 51)
4. Das Manifestações Espíritas
A segunda parte de O Livro dos Médiuns, como sabemos, é a mais volumosa, formada por 32 capítulos e apresenta um valioso estudo sobre a prática da mediunidade e suas intercorrências. A equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda, em seu livro intitulado: Estudando O Livro dos Médiuns, sugeriu a divisão dessa parte em quatro núcleos. Utilizaremos essa divisão, por considerá-la didática e oportuna.
No primeiro núcleo, temos uma preocupação no que tange a explicação de múltiplos fenômenos, com preponderância para os de “efeitos físicos”. Como O Livro dos Médiuns fora escrito para ser um profundo tratado experimental da fenomenologia mediúnica, era necessário que Kardec realizasse um estudo dos fenômenos físicos, como o das “mesas girantes”, que haviam dado origem ao seu trabalho e ao Espiritismo.
O segundo núcleo apresenta o estudo conceitual sobre “o médium” e suas inúmeras classificações. Devemos ressaltar as seguintes definições:
MÉDIUM: Todo aquele que sente em grau qualquer a influência dos espíritos.
MEDIUNIDADE: Capacidade de sentir, em grau qualquer, essa influência. Não é privilégio, nem um dom, nem uma graça. É uma “faculdade inerente ao ser humano.” Allan Kardec, no entanto, postula que existe: a) no sentido geral, a grande parte da humanidade é médium, uma vez que recebe quer por meios intuitivos ou inspirativos, a influência dos espíritos sobre seus pensamentos e atos. b) os que Kardec chamou de “raros”, os que não possuem nenhum rudimento dessa faculdade. c) destacou que o termo “médium” usualmente designa aquele que contém essa faculdade num grau mais ostensivo e que, portanto, produz efeitos mais patentes e definidos. Ainda aqui, se levanta uma interessante questão: a relação entre a faculdade mediúnica e sua base fisiológica ou orgânica.
Esse estudo classifica os médiuns em duas grandes categorias: a) de efeitos físicos (objetivos), facultativos ou involuntários; b) de efeitos intelectuais (subjetivos), conscientes e inconscientes.
No terceiro núcleo temos os estudos relacionados com a vivência ou o exercício da mediunidade. Trata da formação dos médiuns, dos inconvenientes e perigos da mediunidade, do papel do médium nas comunicações e sua influência moral, a influência do meio, avançando para um estudo detalhado dos processos e graus da obsessão, a que o médium está exposto. Demonstrando, novamente, a importância – sempre fazendo conexão com o exposto na primeira parte da Obra – do estudo doutrinário e de uma vivência ético-moral saudável.
Finalmente, o quarto núcleo, irá discutir o conteúdo das manifestações mediúnicas e o papel dos dirigentes das sessões. Destacamos, no Capítulo 29, os itens 340 e 341, onde Kardec analisa o problema da influência espiritual negativa nos grupos, prescrevendo um valioso roteiro de valores para neutralizar essas investidas, o que representa, também, um valioso tratado de convivência na Casa Espírita:
Perfeita comunhão de vistas e de sentimentos;
Cordialidade recíproca entre todos os membros;
Ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã;
Um único desejo: o de se instruírem e melhorarem, por meio dos ensinos dos
espíritos e do aproveitamento de seus conselhos.
Apesar de apresentar um compêndio de ciência espírita, O Livro dos Médiuns enfatiza, sobretudo nesse último núcleo, os efeitos que a vivência mediúnica deve produzir para o melhoramento humano. Caso contrário, estaríamos somente nos debruçando sobre uma, como tantas outras fenomenologias, que geram saberes, pesquisas, mas que permanecem inócuas ao progresso dos sentimentos. Por isso, desejamos concluir esse texto com uma notável pergunta/advertência de Allan Kardec, no item 349 da referida Obra:
Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade?
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Jerri Roberto. A Convivência na Casa Espírita – Reflexões e apontamentos com base nas instruções de Allan Kardec. Porto Alegre: Francisco Spinelli, 2011.
Equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda. Estudando O Livro dos Médiuns. Salvador,BA: Leal, 2008.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 51ª. edição. Brasília-DF: Feb, 1985.
KARDEC, Allan. O Que é o Espiritismo. 32ª. edição. Brasília-DF: Feb, 1988.
KARDEC, Allan. Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos. Agosto de 1860 e Janeiro de 1861.
Revista Reformador/Feb. Janeiro 2011. O Livro dos Médiuns. Sesquicentenário de sua publicação. Pág. 03 à 05.
Revista Reformador/Feb. Fevereiro 2011. O Livro dos Médiuns – Há Espíritos?. Pág. 43 à 45.
Revista Reformador/Feb. Março 2011. O Livro dos Médiuns – Método. Pág. 83 à 85.